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ARREPENDIDO

Servidor do TJ admite desvio de recursos 'por necessidade' e pede perdão a Geraldo Fidélis

27 Abr 2018 - 11:39

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira/Wesley Santiago

Foto: Rogério Florentino/OlharDireto

Geraldo Fidelis

Geraldo Fidelis

O servidor do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) Pitágoras Pinto de Arruda confessou ter cometido peculato, quanto aos fatos levantados pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) na "Operação Regresus", da última quarta-feira (25). O suspeito, que admitiu culpa e prometeu devolver o dinheiro desviado, entretanto, negou compor quadrilha.

Pitágoras atuou por sete anos no Núcleo de Execuções Penais de Cuiabá, dos magistrados Geraldo Fidélis. A denúncia foi feita pelo próprio magistrado Fidélis, ao tomar ciência dos fatos.

A operação de quarta-feira (25) contou com a cooperação da Subsecretaria de Inteligência do Estado do Rio de Janeiro e a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh). Também foi alvo da operação Márcio da Silva Batista, traficante de drogas com atuação no Rio de Janeiro conhecido como "Porquinho" e Marcelo Rocha, conhecido nacionalmente como “Marcelo Vip".

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Segundo a defesa de Pitágoras, patrocinada por Valdir Caldas, o objeto de sua prisão foi o desvio de uma conta única do Núcleo de Execuções Penais para uma conta particular, criada por Pitágoras. Segundo o investigado, o fato já foi confessado à Polícia Civil e ao juízo, nesta quarta-feira (25), pediu desculpas à Geraldo Fidélis, por ter traído sua confiança, com quem trabalhou há sete anos.

Acrescenta o investigado que agiu sozinhom, pois teve necessidade de dinheiro, inclusive para sua mãe. "No momento de desespero acabou cometendo o delito. Na própria audiência solicitou uma maneira de fazer o ressarcimento do valor desviado", acrescenta a defesa.

O suspeito permanece preso, pois não houve decisão em audiência. O Ministério Público Estadual (MPE) pediu vistas do caso. 

A defesa de Pitágoras pede liberdade, alegando incapacidade do suspeito de manter-se no delito, uma vez que não assume mais a função que exercia na ocasião do crime.

“Uma outra maneira de se justificar a manutenção da prisão para garantia da ordem pública, é quando uma reconhecida sofisticação no modus operandi do acusado. Ou seja, ele tem um ardio, artifício inusitado de muita engenhosidade para poder praticar o crime. Quando isto acontece, é justificada a manutenção. No caso do Pitágoras, isso não aconteceu. Para praticar o peculato, só precisava conhecer a senha de acesso a conta, a qual ele tinha e não tem mais”, avaliou Valdir Caldas.

Fidélis sobre o servidor corrupto:

“O Pitágoras trabalhou comigo durante sete anos, o conheci como estagiário. No fim do ano passado, teve várias faltas e problemas. Fiquei sabendo de um detalhe que ele entregou documentos para um bacharel em direito. Achei muito estranho, o chamei e disse para ele que perdi a confiança, pedi sua saída. Ele afirmou que a mãe estava doente e pediu para ficar até janeiro. Eu disse para que ele ficasse, mas não pisasse mais na 2ª vara”, comentou Geraldo Fidelis durante entrevista coletiva.


Regressus
 
A operação policial comandada pela GCCO cumpriu mandados contra o promotor de eventos Marcelo Rocha, conhecido nacionalmente como “Marcelo Vip”, e contra Márcio da Silva Batista, traficante de drogas com atuação no Rio de Janeiro conhecido como "Porquinho". Ambos teriam fraudado informações com o auxílio de Pitágoras Pinto de Arruda, servidor público da Vara de Execuções Penais, para conseguir remissão de pena. Marcelo é morador de Cuiabá e conhecido por realizar shows de rock na capital.
 
De acordo com as informações levantadas na investigações, o traficante e o promotor de eventos teriam conseguido diminuir pelo menos um ano de pena com informações falsas. Os mandados também são cumpridos em empresas, que teriam passado informações falsas ao Poder Judiciário.
 
A investigação é sedimentada em três inquéritos instaurados na Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), que apuram fraudes processuais para obtenção de progressão de regime, peculato e também lavagem de capitais de reeducandos que progrediram usando documentos falsos.
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