O empresário Éder Augusto Pinheiro, proprietário da Verde Transportes e alvo da ‘Operação Rota Final’, deflagrada pela Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz), no dia 25 de abril, teria ameaçado bater no proprietário da Novo Horizonte, Edgar Abreu Magalhães, conhecido como ‘Baiano’. O esquema tentava fraudar uma licitação de R$ 11,25 bilhões na concessão do transporte público intermunicipal de passageiros.

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Na conversa interceptada pelas autoridades, entre Eder e o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Mato Grosso (Setromat), Júlio César Sales Lima, os dois discutem sobre uma faixa colocada em frente à sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT), em Cuiabá, com críticas ao ex-presidente da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados (Ager), Eduardo Moura.
 
Durante a conversa, os dois comentam que ela teria sido colocada a mando de Edgar Abreu Magalhães. O objetivo seria atacar Eduardo Moura e também o diretor regulador de Transporte e Rodovias da Ager, Luís Arnaldo Faria de Mello (afastado no fim da última semana pelo governador Pedro Taques).
 
“Você vai mostrar pra ele [Eduardo Moura] e falar: Eduardo, esse é o tipo de gente que eles estão querendo trazer para cá? Pior gente é impossível. Ele não tem amigo no Brasil inteiro, ele é brigado né?”, comentou Eder. Depois, os dois concluem que Moura estaria bravo com a situação.
 
Eder ainda afirma que já repassou a situação ao deputado estadual Dilmar Dal Bosco (DEM): “Eu passei pro Dal Bosco isso dai, mas o Dr. Grossi tá trabalhando isso dai, nos vamos arrumar alguma coisa”. A tentativa seria travar a permissão para rodar da empresa Novo Horizonte.
 
Logo depois, Eder faz as ameaças ao empresário: “Esse cara aí é moleque. Deixa eu encontrar com ele da próxima vez que ele vai ver. O rapaz tá achando que aqui é diferente. Tá querendo, tá pedindo, né. Vai apanhar. Vou dar um cacete nele, mandar dar um cacete nesse cara, que ele vai ver. Eu tô falando sério, viu Júlio. Mandar dar um cacete nesse cara que ele vai ver”.
 
Rota Final
 
Conforme o Ministério Público Estadual (MPE), a investigação partiu de denúncia anônima feita em Ouvidoria dando conta de que servidores públicos e empresários do ramo de transportes intermunicipais estariam planejando fraudar a Concorrência Pública 001/2017, lançada pela secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra), com o objetivo de conceder 13 lotes de linhas de ônibus para o “Sistema de Transporte Coletivo Rodoviário Intermunicipal de Passageiros do Estado de Mato Grosso”.
 
A suposta organização criminosa seria formada por servidores da Sinfra e da Ager, além dos próprios empresários. O conjunto, que "há anos pratica crimes contra a administração pública", atuaria com estrutura hierarquizada e divisão de funções.
 
Segundo o MPE, compõem o grupo criminoso: "Éder Augusto Pinheiro, Júlio César Sales Lima, Max Willian de Barros Lima, Wagner Ávila do Nascimento, contando com a participação de Eduardo Alves de Moura e o envolvimento de Luis Arnaldo Faria de Mello e Marcelo Duarte Monteiro".
 
A operação trará à luz dados sobre a “composição da organização criminosa, a dimensão de sua influência política e econômica, sua estrutura hierárquica e, especialmente apurar a identidade de todos os servidores públicos que foram cooptados e ainda, materializar as condutas criminosas engendradas e já executadas, com o propósito de neutralizar a ação isenta, regular e legal da administração pública, fraudar processo licitatório e consolidar o transporte rodoviário intermunicipal precário”, conclui o documento.