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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Esquema no Detran

Gaeco afirma que ex-secretário recebeu R$ 2,6 milhões em propina e obstruiu Justiça

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Gaeco afirma que ex-secretário recebeu R$ 2,6 milhões em propina e obstruiu Justiça
As investigações do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) apontaram que o ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, teria recebido R$ 2,6 milhões em propina, do esquema instalado no Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Além disto, a decisão também explica que o advogado e seus aliados estariam obstruindo a Justiça. Paulo Taques foi preso nesta quarta-feira (09), quando foi deflagrada a ‘Operação Bônus’, que é a segunda fase da ‘Bereré’. O deputado estadual, Mauro Savi (DEM) e outras quatro pessoas também são alvos.

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O primeiro pagamento teria ocorrido em dezembro de 2014, quando teriam sido pagos R$ 1,4 milhão ao ex-secretário da Casa Civil. Este fato, conforme o documento, consta registrado no Relatório Técnico de análise bancária elaborado pela Polícia Judiciária Civil (PJC).
 
Um dos investigados contou, em seu interrogatório, que Valter José Kobori (também preso nesta quarta-feira) teria solicitado, em 2015, propina de R$ 1,2 milhão em nome e para Paulo Taques. Este montante foi pago através da EIG Mercados LTDA, em dez parcelas, no ano de 2016. A análise bancária teria, inclusive, constatado estas movimentações.
 
Kobori teria como função arrecadar verbas e distribuir entre os integrantes do esquema e também do Governo do Estado, para garantir a continuidade do serviço prestado pela empresa no Detran. “Valter José Kobori se dispôs a ser o atravessador-dissimulador da propina, recebendo a pessoalmente, a título de bônus”, relata trecho do depoimento.
 
O documento mostra ainda que Paulo Taques, seu irmão Pedro Jorge Zamar Taques e o empresário Valter Kobori, valeram-se de seu conhecimento jurídico para criar engenhosas artimanhas para maquiar o recebimento de propina. Os dois últimos também atuavam com o objetivo de esconder a suposta participação do ex-secretário no esquema.
 
O grupo teria forjado documentos, “seja pelo substalecimento que justificaria serviços advocatícios que não seriam prestados ou seriam faturados, seja pela criação de verba trabalhista pautada em fato gerador inexistente, tudo com finalidade de impedir a descoberta da verdade sobre os fatos, ou seja, prejudicarem a investigação criminal e a instrução processual penal”.
 
Por fim, o desembargador entende que os fatos e provas demonstram que Paulo Taques, Pedro Taques e Valter Kobori “trabalham no sentido de dificultar a produção de provas a respeito dos crimes por eles praticados, de modo que suas prisões se fazem necessárias para a garantia da investigação criminal e da futura instrução processual penal”.

O ex-secretário da Casa Civil Paulo Zamar Taques se defendeu das acusações de que teria feito parte de esquema no Departamento Estadual de Trânsito (Detran), denunciado pelo ex-presidente da autarquia, Teodoro Lopes, o Dóia, em delação premiada. Rapidamente, o advogado afirmou que usaram seu nome para pedir dinheiro: “Parece que alguém falou para alguém, que um terceiro alguém pediu dinheiro para outra pessoa usando meu nome”.

Operação Bônus
 
O ex-secretário da Casa Civil Paulo Taques e o deputado estadual Mauro Savi (DEM) foram presos em ação conjunta do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) e do Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco), na segunda fase da 'Operação Bereré', deflagrada na manhã desta quarta-feira (09). Além deles, outras quatro pessoas também tiveram mandados de prisão.
 
A segunda fase da 'Operação Bereré' foi batizada de 'Bônus'. Foram expedidos pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso seis mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão em Cuiabá, São Paulo (SP) e Brasília (DF). As ordens partiram do desembargador José Zuquim Nogueira.
 
A 'Operação Bônus' é resultado da análise dos documentos apreendidos na primeira fase da Bereré, dos depoimentos prestados no inquérito policial e colaborações premiadas. Tem como objetivo desmantelar organização criminosa instalada dentro do Detran para desvio de recursos públicos.
 
Bereré

A ‘Bereré’ é desdobramento da colaboração premiada do ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT), Teodoro Lopes, o “Doia". Dentre as informações prestadas por Doia, consta suposto esquema de cobrança de propina com uma empresa que prestava serviços de gravame - um registro do Detran.
 
Na primeira fase, os mandados foram cumpridos na Assembleia Legislativa de Mato Grosso e na casa de Savi e Eduardo Botelho (DEM). O ex-deputado federal Pedro Henry também foi alvo na ocasião.
 
O governador Pedro Taques (PSDB) decretou a intervenção do Estado no contrato que o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) havia firmado com a EIG Mercados para registro dos contratos de financiamento de veículos com cláusula de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil, de compra e venda com reserva de domínio ou de penhor no Estado. A empresa foi alvo da ‘Operação Bereré’ e é apontada como pivô do esquema que teria desviado R$ 27,7 milhões.
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