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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Operação Bônus

Acusado de integrar esquema, Pedro Henry tem pedido de prisão negado

Foto: Reprodução

Acusado de integrar esquema, Pedro Henry tem pedido de prisão negado
O ex-deputado federal, Pedro Henry, teve o pedido de prisão negado pelo desembargador José Zuquim Nogueira, nesta que é a segunda fase da ‘Operação Bereré’, batizada de ‘Bônus’. Ele é acusado de participação no esquema de propina instalado no Departamento Estadual de Trânsito (Detran/MT). Entre os presos estão o ex-secretário de Casa Civil, Paulo Taques e o deputado estadual, Mauro Savi (DEM).

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Durante a primeira fase, a casa de Pedro Henry foi alvo de mandados de busca e apreensão. O nome dele foi citado nas delações premiadas dos empresários José Henrique Gonçalves e José Ferreira Gonçalves Neto, donos da EIG Mercados (antiga FDL), que foram homologadas por Zuquim. Na ocasião, ele também teve um pedido de prisão negado.
 
Em sua denúncia, o MPE cita a delação premiada do irmão do ex-governador do Estado Silval da Cunha Barbosa, Antônio da Cunha Barbosa, que afirma que o então deputado Federal Pedro Henry Neto era “integrante do núcleo de liderança da Organização Criminosa” e “participou ativamente na implementação do esquema junto ao Detran, na medida em que delegou a Marcelo da Costa e Silva que procurasse Antonio Barbosa a fim de buscar apoio de Silval Barbosa, então governador do Estado”.
 
Ainda segundo o delator, Henry cedeu sua residência para realização de uma reunião para esclarecer “detalhes sobre o esquema a ser montado para que a FDL Serviços pudesse realizar o serviço de registro de contratos junto ao Detran, de modo que o lucro da empresa seria dividido entre os envolvidos no esquema”.
 
A denúncia acrescenta que nesta reunião, Henry atestou que a FDL “pagava propina para autoridades estaduais para que o contrato pudesse ser mantido sem interferências, de modo que parte da própria seria também direcionada a Silval Barbosa para que o contrato fosse mantido”.
 
Na tal reunião, o Pedro Henry ainda teria sugerido a Antonio Barbosa que providenciasse uma pessoa de confiança para figurar no quadro societário da empresa que havia sido constituída para os recebimentos das propinas oriundas da FDL, a fim de receber a parte destinada a Silval Barbosa”.
 
Ainda segundo o delator Antônio Barbosa, o esquema foi aceito e as propinas foram efetivamente entregues à Silval Barbosa, por meio do próprio irmão: R$ 200 mil, somente nos dois primeiros meses de esquema.
 
“Na reunião lhe foi explicado que uma empresa de Brasília (FDL) tinha a concessão, e repassava a propina através de uma empresa prestadora de serviços em Cuiabá, por meio de laranjas dos políticos beneficiados pelo esquema. Dentre os beneficiados, estavam os deputados estaduais Mauro Savi e Eduardo Botelho, além do ex-Deputado Federal Pedro Henry. Assim que aceitou receber os valores, após a reunião com o Deputado Federal Pedro Henry, o colaborador recebeu no primeiro mês a importância de R$ 100.000,00, que se repetiu mais uma vez no mês seguinte a mesma importância. Foi a partir daí que o colaborador indicou terceira pessoa para receber os valores em nome de Silval. A partir daí os valores passaram a girar em tomo de aproximadamente R$ 80 mil líquidos mensais, valores estes utilizados para parte do pagamento dos valores devidos pela compra da fazenda AJ, que era do então Conselheiro do TCE Antônio Joaquim. (fazenda relacionada na lista de bens e já vendida)”.
 
Desta forma, o MPE conclui que mesmo “desprovido do cargo de Deputado Federal”, Pedro Henry utiliza-se “do poder de fato que ainda detém, tem condições e motivação para atuar no sentido de turvar a investigação, impedindo a produção de provas, negociando versões de depoimentos e destruindo documentos sendo, portanto, imperiosa sua prisão”, afirmou o MPE”.
 
Operação Bônus
 
O ex-secretário da Casa Civil Paulo Taques e o deputado estadual Mauro Savi (DEM) foram presos em ação conjunta do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) e do Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco), na segunda fase da 'Operação Bereré', deflagrada na manhã desta quarta-feira (09). Além deles, outras quatro pessoas também tiveram mandados de prisão.
 
A segunda fase da 'Operação Bereré' foi batizada de 'Bônus'. Foram expedidos pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso seis mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão em Cuiabá, São Paulo (SP) e Brasília (DF). As ordens partiram do desembargador José Zuquim Nogueira.
 
A 'Operação Bônus' é resultado da análise dos documentos apreendidos na primeira fase da Bereré, dos depoimentos prestados no inquérito policial e colaborações premiadas. Tem como objetivo desmantelar organização criminosa instalada dentro do Detran para desvio de recursos públicos.
 
Bereré
 
A ‘Bereré’ é desdobramento da colaboração premiada do ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT), Teodoro Lopes, o “Doia". Dentre as informações prestadas por Doia, consta suposto esquema de cobrança de propina com uma empresa que prestava serviços de gravame - um registro do Detran.
 
Na primeira fase, os mandados foram cumpridos na Assembleia Legislativa de Mato Grosso e na casa de Savi e Eduardo Botelho (DEM). O ex-deputado federal Pedro Henry também foi alvo na ocasião.
 
O governador Pedro Taques (PSDB) decretou a intervenção do Estado no contrato que o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) havia firmado com a EIG Mercados para registro dos contratos de financiamento de veículos com cláusula de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil, de compra e venda com reserva de domínio ou de penhor no Estado. A empresa foi alvo da ‘Operação Bereré’ e é apontada como pivô do esquema que teria desviado R$ 27,7 milhões.

(Colaborou Paulo Victor Fanaia)
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