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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Segundo Gaeco

‘Grilo’ atuava como ‘fantasma’ de Mauro Savi e era responsável por distribuir propina

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

‘Grilo’ atuava como ‘fantasma’ de Mauro Savi e era responsável por distribuir propina
Claudemir Pereira Dos Santos, conhecido como ‘Grilo’, é apontado pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) como o espectro (fantasma) do deputado estadual, Mauro Savi (DEM), no esquema instalado no Departamento Estadual de Trânsito (Detran). ‘Grilo’ seria o responsável por distribuir a propina, fazendo com que o parlamentar não tivesse vínculo com o montante.

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Conforme as investigações, a propina saiu da EIG Mercados, passava pela Santos Treinamentos e chegava a Claudemir, considerado ‘espectro de Mauro Savi, o qual, a mando deste, dá o direcionamento à propina de modo a beneficiá-lo, sem que ele se vincule diretamente com o dinheiro”.
 
“Nesta dinâmica, cabe a Claudemir Pereira Dos Santos, ao receber a propina, emitir cheques que, segundo o Ministério Público, são utilizados para pagamentos pessoais de Mauro Savi e circulam até que alguém que, sem ter conhecimento da origem do dinheiro, tenha recebido o título de crédito em decorrência de um negócio jurídico lícito, após uma longa cadeia de negócios jurídicos, faça o desconto dele, ou então Claudemir Pereira Dos Santos emite os cheques e os passa a outra pessoa de confiança de Mauro Savi, que realiza o saque no banco e efetua a devolução do valor em espécie a este ou dá a destinação por ele determinada”, diz trecho da decisão.
 
Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), todo este engenho é eficaz para evitar a produção de provas diretas do recebimento da propina por Mauro Savi, “embora sua imagem seja nítida após a montagem do quebra-cabeças das provas indireta”. Foram descobertas transações bancárias de Claudemir com pessoas ligadas ao parlamentar, dentre elas o cunhado de Savi, Valdir Daroit.
 
Claudemir é, conforme as investigações, integrante do núcleo de operações do grupo criminoso. Em sua colaboração premiada, o ex-presidente do Detran, Teodoro Lopes (Dóia), confirma que ‘Grilo’ é a pessoa encarregada de receber a propina direcionada a Mauro Savi, sendo o braço direito do parlamentar.
 
Em sua colaboração premiada, Rafael Yamada Torres revelou que foi Claudemir quem providenciou toda a documentação necessária para incluí-lo na sociedade da Santos Treinamento a fim de que, através de Rafael Yamada, Antonio da Cunha Barbosa Filho e Silval da Cunha Barbosa pudessem receber a propina paga pela FDL-EIG Mercados.
 
‘Grilo’ teria sido responsável por receber R$ 750 mil em nome de Mauro Savi, dinheiro que seria de propina paga pela FDL (EIG Mercados). “O pagamento de propina resta também demonstrado no Relatório Técnico n. 08/2018 (fls. 4.377/4.398, volume 22, do IP 38162/2013/TJMT) elaborado pela Polícia Judiciária Civil, que revela reiteradas transferências bancárias diretamente da EIG Mercados LTDA para Claudemir dos Santos Pereira, devidamente relacionada no corpo do requerimento ministerial”, aponta outro trecho da decisão.
 
Com isto, o MPE conclui que Mauro Savi e Claudemir trabalham no sentido de dificultar a produção de provas a respeito dos crimes por eles praticados.
 
Operação Bônus
 
O ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques e o deputado estadual, Mauro Savi (DEM), foram presos em uma ação conjunta do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) e do Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco), na segunda fase da 'Operação Bereré', deflagrada na manhã desta quarta-feira (09). Além deles, outras quatro pessoas também tiveram mandados de prisão.
 
A segunda fase da 'Operação Bereré' foi batizada de 'Bônus'. Foram expedidos, pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso, seis mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão em Cuiabá, São Paulo (SP) e Brasília (DF). As ordens partiram do desembargador José Zuquim Nogueira.
 
A 'Operação Bônus' é resultado da análise dos documentos apreendidos na primeira fase da Bereré, dos depoimentos prestados no inquérito policial e colaborações premiadas. Tem como objetivo desmantelar organização criminosa instalada dentro do Detran para desvio de recursos públicos.
 
Bereré
 
A ‘Bereré’ é desdobramento da colaboração premiada do ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT), Teodoro Lopes, o “Doia". Dentre as informações prestadas por Doia, consta suposto esquema de cobrança de propina com uma empresa que prestava serviços de gravame - um registro do Detran.
 
Na primeira fase, os mandados foram cumpridos na Assembleia Legislativa de Mato Grosso e na casa de Savi e Eduardo Botelho (DEM). O ex-deputado federal Pedro Henry é alvo também. O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Eduardo Botelho (DEM), é outro investigado.
 
O governador Pedro Taques (PSDB) decretou a intervenção do Estado no contrato que o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) havia firmado com a EIG Mercados para registro dos contratos de financiamento de veículos com cláusula de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil, de compra e venda com reserva de domínio ou de penhor no Estado. A empresa foi alvo da ‘Operação Bereré’ e é apontada como pivô do esquema que teria desviado R$ 27,7 milhões.
 
Confira abaixo os alvos da ‘Operação Bônus’:
 
Mauro Savi (deputado estadual)
Paulo César Zamar Taques (ex-chefe da Casa Civil)
Roque Anildo Reinheimer
Claudemir Pereira dos Santos, vulgo “Grilo”
Valter José Kobori (empresário)
Pedro Jorge Zamar Taques (advogado)
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