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OPERAÇÃO BÔNUS

Ao Gaeco, empresário nega propina via Detran na gestão Taques: 'conhece índole da família'

14 Mai 2018 - 08:29

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Reprodução

José Kobori

José Kobori

Ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), o ex-presidente da EIG Mercados, José Kobori, negou ter feito pagamentos de vantagens indevidas ao ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, e ao seu irmão, o advogado Pedro Zamar Taques. 

O depoimento, que durou mais de 7h, foi colhido pelos investigadores Samuel Frungilo e Carlos Roberto Zarour Cesar pela "Operação Bônus", na última sexta-feira (11), na sede do Ministério Público Estadual (MPE).

Último alvo dentre os seis, José Kobori foi preso em Brasília (DF) no último dia 09. 

A "Bônus" é beseado nos documentos e depoimentos da operação anterior, a "Bereré", e tem por objetivo desmantelar organização criminosa instalada no Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MT) para desvio de (até o momento) cerca de R$ 30 milhões, entre 2009 e 2015. 

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“O interrogando (José Kobori) já prestou os esclarecimentos a respeito desses fatos, reforçando que jamais houve qualquer pagamento de vantagens indevidas a pedido de Pedro Zamar Taques ou Paulo Taques”, consta do depoimento ao Gaeco obtido por MídiaNews.
 
O depoimento de José Ferreira Gonçalves Neto, sócio da EIG Mercados Ltda., que já confessou a existência do esquema de fraudes no Detran-MT, apontando supostos membros, foi apresentado à Kobori. Este contrariou a testemunha ao afirmar que não há esquema de propinas no governo Pedro Taques (PSDB).
 
“Que confirma também ter comentado com José Neto sobre essa amizade que mantinha com Pedro Zamar e Paulo Taques e que por isso comentou com Neto que não haveria mais cobrança de propina por parte do Estado de Mato Grosso, já que conhece a índole da família e tinha certeza dessa afirmação”.
 
Para dar convicção ao dito em relação à Mato Grosso, chegou a por em dúvida o contrato que a FDL/EIG Mercados mantém com Detran de outros Estados.   

“Que ressalta que não teria essa mesma certeza em relação aos outros contratos da FDL/EIG com outros Detran’s, do Estado de Maranhão, Alagoas e Piauí; Que acredita que os contratos dos Detran’s desses Estados não tinham sido renovados, pelo simples fato de ter implementado compliance e não ter recebido os representantes desses Estados”, finalizou.
 
Valter José Kobori, que também é sócio da empresa JK Desenvolvimento Humano e Treinamento Gerencial, é suspeito de receber mais de R$ 6 milhões do esquema criminoso que estava instalado no Detran-MT.

O investigado teria participado da construção do esquema desde o seu início, “contribuindo para a atuação dissimulada de vários dos investigados, dando suporte para a ocultação deles e para apagar os rastros dos supostos crimes perpetrados”.
 
Do inquérito do Gaeco consta que “após cessar os pagamentos das propinas com a Santos, Kobori alegava que estava sendo ameaçado por Roque Anildo Reinheimer, tendo Kobori pedido para a empresa comprar uma Mercedes (E 250) blindada, alegação confirmada por José Henrique Ferreira Gonçalves, que afirmou que Valter Kobori lhe relatava sofrer ameaças do grupo que representava a empresa Santos Treinamentos”, diz trecho da decisão.
 
Kobori exigiu a compra do carro, pois tinha “medo de sua integridade física”. A afirmação feita em depoimento está respaldada na nota fiscal da compra do veículo mencionado, que foi juntada no inquérito.
 
Roque Anildo Reinheimer, segundo as investigações, integra o núcleo de operações da organização criminosa e têm a incumbência de fazer acontecer as tramas ilícitas por ela engendradas. Ele é apontado como uma das peças centrais da trama ilícita operada no Departamento Estadual de Trânsito (Detran/MT).
  
Operação Bereré:
 
A ‘Bereré’, que agora chega à sua segunda fase, iniciou com a colaboração premiada do ex-presidente do Detran-MT, Teodoro Lopes, o “Doia". Dentre as informações prestadas por Doia, consta suposto esquema de cobrança de propina com uma empresa que prestava serviços de gravame - um registro do Detran.
 
Na primeira fase, os mandados foram cumpridos na Assembleia Legislativa de Mato Grosso e na casa de Savi e Eduardo Botelho (DEM). O ex-deputado federal Pedro Henry é alvo também. O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Eduardo Botelho (DEM), é outro investigado.
 
O governador Pedro Taques (PSDB) decretou a intervenção do Estado no contrato que o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) havia firmado com a EIG Mercados para registro dos contratos de financiamento de veículos com cláusula de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil, de compra e venda com reserva de domínio ou de penhor no Estado. A empresa foi alvo da ‘Operação Bereré’ e é apontada como pivô do esquema que teria desviado R$ 27,7 milhões.
 
Confira abaixo os alvos da ‘Operação Bônus’:
 
Mauro Savi (deputado estadual)
Paulo César Zamar Taques (ex-chefe da Casa Civil)
Roque Anildo Reinheimer
Claudemir Pereira dos Santos, vulgo “Grilo”
Valter José Kobori (empresário)
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