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Terça-feira, 23 de abril de 2024

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Bereré

Wilson recebeu R$ 12 mil de esquema no Detran e foi autor intelectual de lavagem de dinheiro, aponta MP

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Wilson recebeu R$ 12 mil de esquema no Detran e foi autor intelectual de lavagem de dinheiro, aponta MP
O deputado estadual Wilson Santos (PSDB) é apontado como integrante do núcleo subalterno da organização criminosa que se instalou no Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Segundo a denúncia do Ministério Público Estadual (MP), apresentada na última quarta-feira (16), ele teria recebido – através de seu irmão, Elias Pereira dos Santos – R$ 12 mil da quadrilha. Além disto, teria sido o autor intelectual da lavagem de dinheiro. Em sua defesa, o parlamentar afirmou que nunca recebeu nenhum valor indevido e que as acusações são ridículas e surreais: “Não deixo de fazer o meu protesto, porque eu entendo que esta denúncia à minha pessoa é descabida”.

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Conforme a denúncia do MP, Wilson Santos fazia parte do núcleo subalterno, sendo que os integrantes deste, ocupantes de mandato de deputado estadual “recebem parcela das vantagens ilícitas angariadas pelo organismo criminoso para deixarem de exercer sua função parlamentar de fiscalização dos contratos fraudulentos oriundos dos esquemas ilícitos operados dentro do Detran”.
 
Wilson Santos foi denunciado pelo crime de corrupção passiva. Isso porque o ex-secretário de Cidades (Secid) teria recebido, por quatro vezes, para si ou outrem, vantagem indevida de José Henrique Ferreira Gonçalves e José Ferreira Gonçalves Neto, paga pela empresa EIG Mercados LTDA.
 
Para que seu nome não aparecesse no esquema, ainda conforme o MP, o deputado teria utilizado o seu irmão, Elias Pereira do Santos, que foi quem recebeu os valores e depois os repassou.

Consta do relatório técnico de análise bancária que nas datas de 22 de maio, 01 de junho, 03 de julho e 06 de agosto de 2015, Elias – supostamente a mando de Wilson Santos - trocou no caixa do banco, bem como descontou em sua conta bancária quatro cheques emitidos pelo presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Eduardo Botelho, outro alvo do Ministério Público.
 
Ao todo, os valores somados chegam a R$ 12.600,00. O objetivo seria que Wilson Santos, “tendo conhecimento da existência do esquema de pagamento de propina relacionado ao contrato administrativo que a EIG MERCADOS LTDA. detinha com o DETRAN/MT, deixasse de exercer prerrogativas jurídicas do mandato de Deputado Estadual relativas à função constitucional de controle externo exercido pelo Poder Legislativo sobre o Poder Executivo, a fim de manter a vigência do ajuste, tudo com a finalidade de ocultar a propriedade e o destino do dinheiro”.
 
Neste mesmo quadro, a denúncia aponta que Wilson seria autor intelectual, o mandante dos crimes de lavagem de capitais, aquele que, através de pessoas interpostas, pratica a conduta de "ocultar a propriedade e o destino de valores provenientes de infração penal".
 
Outro lado
 
Em sua defesa, Wilson Santos se mostrou surpreso com a denúncia: “Não tenho absolutamente nada a ver com esta história de ‘Operação Bereré’. Tudo isso aconteceu na gestão Silval Barbosa, eu fui adversário dele, tenho nada a ver com isso. Todos os delatores dessa operação, sem exceção, donos das empresas, o ex-governador Silval, o próprio Dóia, todos em suas delações, em nenhum momento citam o meu nome. O meu sigilo bancário está à disposição. É uma surpresa me acusar de ter lavado isso. Quem lava geralmente fica com 10%, quer dizer que eu fiz uma operação dessas para ficar com menos de R$ 2 mil? Isso é ridículo, surreal. Eu encaro esta denúncia como uma denúncia política, não uma denúncia judicial”.
 
O deputado ainda acrescenta que irá acompanhar os fatos até o fim e que não há prova alguma contra ele. Também diz que nunca teve relação comercial com Eduardo Botelho, Kobori, Paulo Taques, Silval Barbosa ou qualquer outro apontado pela denúncia. Disparou ainda que o órgão atirou todos em uma vala comum, pois deveria ter investigado mais a fundo.
 
“Fui convidado, convocado para estar no Ministério Público, fui lá no Gaeco, depus, depoimento muito rápido, me chamou a atenção, entre 10 e 15 minutos apenas e não esperava esta denúncia. Sei que denúncia não é acusação, que não é condenação, há um longo caminho, vou me defender, mas não deixo de fazer o meu protesto, porque eu entendo que esta denúncia à minha pessoa é descabida, não tem nada a ver, é algo leviano e que eu vou acompanhar até o final”, finalizou.

Denúncia
 
Sete deputados, um ex-governador e seu chefe de gabinete, um ex-deputado federal, um ex-secretário de Estado e um ex-chefe de autarquia foram denunciados pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso na tarde de quarta-feira (16). O grupo inclui, ainda, parentes dos gestores denunciados e empresários.
 
Da Assembleia Legislativa, foram denunciados: o presidente do Parlamento Estadual, José Eduardo Botelho e os deputados Mauro Luiz Savi, José Domingos Fraga Filho, Wilson Pereira dos Santos, José Joaquim de Souza Filho [Baiano Filho], Ondanir Bortolini [Nininho] e Romoaldo Aloisio Boraczynski Júnior.
 
Também figuram como réus o ex-governador Silval da Cunha Barbosa; o ex-deputado federal Pedro Henry; o ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques; o ex-presidente do Detran, Teodoro Moreira Lopes; o ex-chefe de gabinete do Poder Executivo, Sílvio Cézar Correia de Araújo

Operação Bônus
 
O ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques e o deputado estadual, Mauro Savi (DEM), foram presos em uma ação conjunta do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) e do Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco), na segunda fase da 'Operação Bereré', deflagrada na manhã desta quarta-feira (09). Além deles, outras quatro pessoas também tiveram mandados de prisão.
 
A segunda fase da 'Operação Bereré' foi batizada de 'Bônus'. Foram expedidos, pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso, seis mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão em Cuiabá, São Paulo (SP) e Brasília (DF). As ordens partiram do desembargador José Zuquim Nogueira.
 
A 'Operação Bônus' é resultado da análise dos documentos apreendidos na primeira fase da Bereré, dos depoimentos prestados no inquérito policial e colaborações premiadas. Tem como objetivo desmantelar organização criminosa instalada dentro do Detran para desvio de recursos públicos.
 
Bereré
 
A ‘Bereré’ é desdobramento da colaboração premiada do ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT), Teodoro Lopes, o “Doia". Dentre as informações prestadas por Doia, consta suposto esquema de cobrança de propina com uma empresa que prestava serviços de gravame - um registro do Detran.
 
Na primeira fase, os mandados foram cumpridos na Assembleia Legislativa de Mato Grosso e na casa de Savi e Eduardo Botelho (DEM). O ex-deputado federal Pedro Henry é alvo também. O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Eduardo Botelho (DEM), é outro investigado.
 
O governador Pedro Taques (PSDB) decretou a intervenção do Estado no contrato que o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) havia firmado com a EIG Mercados para registro dos contratos de financiamento de veículos com cláusula de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil, de compra e venda com reserva de domínio ou de penhor no Estado. A empresa foi alvo da ‘Operação Bereré’ e é apontada como pivô do esquema que teria desviado R$ 27,7 milhões.
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