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Escutas ilegais

Zaqueu diz ter "um suspeito" na 'Grampolândia' e defende conduta de corréus: "confiaria a vida"

27 Jul 2018 - 14:11

Da Redação - Wesley Santiago/Da Reportagem Local - Paulo Victor Fanaia

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

Zaqueu diz ter
O juiz da 11ª Vara Criminal Militar, Murilo Mesquita, negou o pedido do coronel Zaqueu Barbosa, ex-comandante geral da Polícia Militar, para que deixasse de prestar depoimento na tarde de hoje, 27,  na ação penal que apura a participação de militares em um esquema de interceptações ilegais intitulado "Grampolândia Pantaneira". 

A "Grampolândia Pantaneira" investiga e julga a participação de cinco policiais militares no esquema de grampos clandestinos ocorrido durante o atual governo. 

Em maio de 2017 o esquema dos grampos veio à tona com reportagem publicada pelo Fantástico. O esquema foi concebido na modalidade “barriga de aluguel”, quando investigadores solicitam à Justiça acesso aos telefonemas de determinadas pessoas envolvidas em crimes e no meio dos nomes inserem contatos de não investigados.

Acompanhe os principais pontos da audiência:

18h30 -  Afirma que no início de 2015 emprestou dinheiro ao cabo Gerson, para custear um projeto de Tecnologia da informação que estaria desenvolvendo.

A acusação do MPE afirma que se trata de dinheiro para custear aluguel de espaço para guardar o equipamento usado nos grampos.

18h28 - Lesco afirma desconhecer o grupo de WhatsApp Sentinela formado pelos militares envolvidos nas interceptações. Lesco nega conhecer sobre a placa usada no maquinario que permitiu a realização das escutas.

Lesco confirma que Sargento Soler possuía vínculo funcional com ele, mas não teriam sugerido apresentá-lo ao chamado Núcleo de Inteligência.

18h24 - Lesco é o segundo Coronel interrogado nesta sexta-feira. Ele nega as acusações feitas contra ele. Ele nega ter dado comando para que suas tropas atuassem ilicitamente. Nega ser atribuição sua cuidar das interceptações. À ele teria cabido apenas a função de apresentar à Zaqueu o Cabo Gerson Júnior. Ele nega saber como funcionavam as interceptações.

17h54 - Zaqueu chora e lamenta as imputações que estão sendo feitas à ele. Diz que sua casa é seu único bem e ela está sendo vendida para pagar suas despesas. A advogada que o defende, não está cobrando pelo serviço: "Vão-se os anéis mas ficam os dedos. A minha honra vale mais que o bem material", dispara o réu.

17h35 - A reunião teria causado mal estar entre Zaqueu e Mauro Zaque. "Um de nós saiu como mentiroso".

17h33 - Zaque ainda disse que certa feita teria recebido ordens para nomear determinada pessoa para o cargo de chefia no interior. Teriam sido ordens do governador, afirmaria Mauro Zaque. 

O Coronel pediu para ter audiência direta com Pedro Taques. Mauro Zaque teria prometido marcar um dia. Na ocasião, reuniu-se com Taques e Paulo Taques, então chefe da Casa Civil.

Lá, pediu que não fosse aceito o nome do referido comandante ao cargo no interior, visto que ele não seria competente. Momento em que o governador teria interrompido para dizer que não deu ordens, mas que apenas pediu que Mauro Zaque lhe consultasse sobre aquele nome.

17h32 - "Eu nunca fui inimigo do Mauro Zaque. Desejo tudo de bom para ele", diz Zaqueu.

17h14 - Questionado se suspeita de Mauro Zaque, Zaqueu afirma que: "Eu tenho um suspeito. O sr. sabe de quem eu suspeito. O sr. Também suspeita, mas vou declinar de citar nome", disse respondendo ao advogado Neyman Monteiro, que patrocina a defesa do cabo Gerson.

17h13 - "Todos estes aqui que figuram como réus são figuras Ilibadas e com serviços prestados. Eu confiaria minha vida a eles", declara Zaqueu. Questionado se suspeita de alguém, o réu diz: "Ah... suspeitar eu suspeito. Mas hoje em dia tenho suspeitado até da minha cueca". 

16h37 - Zaqueu crê que tenha assumido posto na PM por indicação de Mauro Zaque à Taques, mas nega que tenha cunho político ou viés ideológico para ascenção em sua carreira. Afirmou que foi convidado por Silval Barbosa para ser Comandante Geral, mas rejeitou.

16h36 - Coronel Zaqueu chora ao se lembrar da morte de seu pai, por câncer, e da falta de condições psicológicas para continuar na subchefia na PM, época que precedeu sua saída.

16h18 - Um juiz militar cita que já foi responsável por estruturar grupos de inteligência em MT e que em nenhum momento um responsável na categoria do Gerson Júnior teria ficado à cargo de sacar R$ 1.500 para pagar aluguel de espaço para o núcleo.

"Nunca!", insiste com dedo em riste.

16h17 - O GIS não seria vinculado à PM, mas um órgão da Agência Regional de Inteligência (ARI), segundo Zaqueu. "À quem o GIS seria subordinado?", questionam os juízes militares.

Zaqueu responde que coube a ele escolher os militares responsáveis pelas investigações. Entretanto, afirma que barriga de aluguel não é crime militar e sim crime civil, portanto, não há que se discutir isso nesta Vara.

Acrescenta que os números grampeados também transitaram para além da PM, como na Operação Forti.

15h55 - Conclui um juiz militar que o programa Sentinela e o Núcleo de Inteligência era na verdade o GIS (Grupo de Interceptações de Sinais).

15h43 - Os juízes militares passam a fazer perguntas. Zaqueu explica que por toda sua vida prendeu policiais militares em desvio de conduta.

15h40 - Zaqueu nega ter ouvido qualquer áudio de interceptação telefônica, diz que não tinha tempo para isso.

Sobre a frase: "Assumo o que fiz. Pode marcar para semana que vem a passagem de comando. Mas tem um detalhe: tudo o que fiz foi a mando do governador, e desde a campanha eleitoral", Zaqueu diz que está distorcido. Ele diz que apenas gostaria de expressar que entrou e sairia de cabeça erguida.

Zaqueu nega ter mencionado o governador a Mauro Zaque. Apenas disse que o governador seria o comandante máximo, que caberia a ele qualquer decisão.

15h30 - O juízo questiona se no fim das contas, dada a falta de atuação dele nas interceptações, teria sido mero entregador de documentos à Justiça. Zaqueu esquiva falando de responsabilidade sobre operações.

Questionado sobre a razão de Gerson ter usado o e-mail de Zaqueu para envio de relatórios, este diz que ofereceu, pois não usava e não faria diferença. O juiz insiste que hoje qualquer um cria um e-mail em menos de cinco minutos, não precisava ter sido o dele. O coronel se esquiva.

15h29 - O coronel Zaqueu afirma como sendo verdade a aquisição de um equipamento isralense por um órgão do governo. Porém, não sabe informar qual seria.

15h17 - Zaqueu declara ter ouvido falar da palavra 'Sentinela' somente pela imprensa. Acrescenta que nunca ouviu falar e também não faz parte do grupo de WhatsApp denomidado 'Sentinela'. Ele nega ter ajudado a desenvolver a ferramenta.

Sobre o aprimoramento do sistema, Zaqueu nega saber quem seria o responsável.

15h12 - Sobre a barriga de aluguel, Zaqueu crê que devam ter acontecido alguns erros materiais, pois quem ouve os áudios é quem escreve o enredo dos pedidos. Quem fazia a escuta era cabo Gerson, lembra Mesquita. 

O juiz conclui: "Então está dizendo que o responsável pela barriga de aluguel era o cabo Gerson?". Zaqueu nega: "Tem que perguntar à ele".

"Quem pode explicar a origem dos números e os nomes usados é o analista que subscreve os pedidos", sustenta Zaqueu.

15h08 - Sobre o uso de apelidos como Tatu, para Tatiane Sangali e Mumu, para o jornalista Muvuca, o interrogado explica. Mesmo se tivesse passado (pelas mãos dele tais pedidos), teria que verificar o cadastro do número junto à operadora. Não seria atribuição do interrogado cuidar disto.

Mesquita insiste na acusação de barriga de aluguel. Zaqueu diz que não tinha como identificar se existia a prática, somente com base nos documentos.

15h06 - Sobre quem definia quais telefones seriam interceptados, o Coronel diz que as escutas geravam outros pedidos. Zaqueu nega ter pedido escuta. "Nunca pedi nada a nem um agente da inteligência, nem um número em nenhuma investigação. As coisas na PM são muito às claras, assombração sabe para quem aparece.
 
Zaqueu diz que, da mesma forma, nunca recebeu pedido dessa natureza. O juízo insiste: "de ninguém? De nenhuma autoridade do executivo?".

O coronel responde que "não. Se tivesse, saberiam que iria receber um não, pois não faço isso".

14h57 - O interrogado confirma que as escutas telefônicas feitas pelo grupo passavam por ele. Zaqueu afirma que nunca trabalhou em escritório de interceptação. No Gaeco, era coordenador militar, cuja incumbência era cumprir ordens de serviço. Ele não teria a expertise necessária para realizar interceptações.

À época que Zaqueu atuou no Gaeco, Cabo Gerson já atuava lá: "É um menino que goza de grande credibilidade no MPE", diz. "Pessoa muito ilibada, pode olhar a ficha dele". O réu acredita que o processo será esclarecido.

14h54 - Zaqueu insiste que enviou inúmeros relatórios de interceptações, legais e legítimos. O juiz insiste em questionar sobre o cabeçalho e o carimbo de um Núcleo de Inteligência que não existia oficialmente.

14h53 - O documento 33 foi apresentado na audiência e possui a assinatura de Zaqueu. O réu admite que assinou e mandou enviar à Comarca de Sinop. "É um documento legítimo".

14h50 - O juiz Murilo Mesquita cita a acusação de falsificação de documentos, inclusive com rubricas falsas. Zaqueu não sabe dizer se determinado relatório, citado na audiência, é falso ou não, mas reafirma que possui sua assinatura. O juiz rebate: "Isso é óbvio, estou vendo".



Sobre outro relatório, Zaqueu diz causar estranheza reconhecer ou não determinado documento, uma vez que seria algo amplo demais. Sobre cabeçalho e carimbo do Núcleo de Inteligência usado nos documentos, o réu diz que sua razão de existir é uma questão à ser feita para os que confeccionam os documentos, e não a ele. "Eu não me atento para cabeçalho e carimbo".

14h48 - Cabo Gerson usava o e-mail pessoal de Zaqueu para passar o relatório de algumas das escutas telefônicas. Gerson tinha a senha do coronel para tal. O réu admite que alguns dos relatórios foram lidos por ele.

A orientação era que usasse o e-mail pessoa de Zaqueu para envio dos relatórios para a Comarca de Cáceres.

14h47 - A PM sempre foi a maior fomentadora e viabilizadora de serviços de inteligência, defende Zaqueu. Isso por conta de seu material humano e capacidade. O cornel conversou à época com os comandantes Siqueira Junior e Januário para que viavilizassem a manutenção das interceptações. Fornecendo militares para as investigações, que seriam feitas em um ambiente secreto.

14h44 - O relatório era feito pelo cabo da PM Gerson Corrêa Júnior, por conta de sua expertise. Os relatórios eram feitos "em algum lugar!", ironiza ao responder que não sabia onde. Alguns encaminhamentos de escuta telefônica eram, sim, feitos por Zaqueu, admite o próprio.

A placa de computador que permitia a realização da escuta estaria aos cuidados de Cabo Gerson, que segundo Zaqueu, teria guardado-a em um escritório.

14h43 - A Assessoria Jurídica da PM foi consultada à respeito da possibilidade do monitoramento de PM feito pelos próprios pares. A consulta foi feita verbalmente. A investigação era legal, teria ouvido Zaqueu.

O juízo de Cáceres tornou à ser consultado e avaliou que seria caso de crime comum, não militar. O juiz de Cáceres sentou-se com MPE e definiu como seriam feitas as investigações e como seriam protocolizadas. "O grupo sempre existiu, o que foi feito foi a estruturação com escuta telefônica".

14h42 - Sobre a estruturação, narra Zaqueu que ela se deu em 2013, com recebimento de doação de placas (de computador). Acrescenta que apenas dois policiais sabiam do recebimento deste material. Já em 2014, atuava o Coronel Lesco, corréu de Zaqueu. A estrutura preliminar, naquela época, permitia seu funcionamento, mas de modo precário.

14h40 - Sobre a operacionalização do Núcleo de Inteligência, Zaqueu diz achar graça, pois a estrutura sempre existiu. Nada foi criado, mas apenas estruturado, considerando o que já existia.

Sobre o crime de prevaricação, Zaqueu é acusado de criar o Núcleo de Inteligência sem conhecimento de superiores. Zaqueu explica: "Se eu não tivesse recebido a designação com as atribuições para tratar do assunto...", mas teria recebido ordens de superiores para estruturar um núcleo que já existia. Repete: nada criou.

14h30 - Zaqueu também relatou que existe desvio de conduta em qualquer instituição e que na PM eles também ocorreriam e careceriam de uma solução. Uma amiga de Zaqueu de Cáceres já havia tido conversa prévia com magistrado da cidade a respeito do caso. À época Zaqueu era subchefe do Comando Geral. 

14h12 - O interrogatório de Zaqueu teve início com o réu declarando inocência e sustentando saber que tudo o que fez foi respaldado pelo ordenamento jurídico: "Não devo nada".
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