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Testemunhas reforçam tese de que cuiabana que atropelou gari em SP pensou ser um assalto

20 Ago 2018 - 17:52

Da Reportagem Local - Vinícius Mendes / Da Redação - Isabela Mercuri

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Hivena

Hivena

Uma médica da família de Hivena Queiroz Del Pintor Vieira, cuiabana acusada de ter atropelado e matado o gari Alceu Ferraz, 61 anos, na Avenida São João, em São Paulo, em junho de 2015, foi a primeira ouvida durante oitivas de carta precatória para a instrução do processo que tramita na 24ª Vara Criminal de São Paulo, na tarde desta segunda-feira (20). Ela afirmou que na ocasião do atropelamento a acusada achou que seria um assalto e, por isso, teria ido embora correndo.

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Judith Dias Novaes de Rezende Ribeiro, a médica, disse que foi uma das primeiras a saber do ocorrido. “Eu devo ter sido a primeira que soube dos fatos em Cuiabá, porque na manhã seguinte a mãe estava comigo fazendo tratamento”, afirmou. “Disse que Hivena vinha em caráter emergencial, e se eu me importaria se ela entrasse na sala. Eu falei que não e ela entrou. Ela estava abatidíssima, arrasada, e disse que tinha sido vítima de mais uma tentativa de assalto. Tinha saído da casa de uma amiga e foi para casa. Já pelo centro da cidade percebeu que jogaram um carrinho de compras em cima do carro dela. Levou um susto e pensou que poderia ser um assalto, até por causa do horário, porque estava escuro. [Ela] pensou em parar, mas viu pelo retrovisor um movimento de aproximação, e julgando ser um assalto resolveu seguir”.

A médica afirmou, ainda, que Hivena teria parado um pouco à frente, em um local iluminado, e ligado para o pai. Respondendo ao juiz, disse que a cuiabana não foi para a delegacia porque não tinha condições de ir sozinha.

Pai reafirma tese do assalto

O segundo a ser ouvido foi o pai de Hivena, Washington Danilton Del Pintor Vieira. Ele afirmou que a filha realmente fez a ligação. "Ela ligou apavorada, chorando, gritando: 'Pai, pai, acho que sofri um atentado de assalto e sem querer, eu estava num semáforo, percebi uma aproximação, arranquei e senti que bati em alguma coisa, um carrinho, alguma coisa pesada". 

Washington afirmou que orientou a filha a ligar para o 190 e, que, depois, a polícia a orientou a ir até a delegacia. "Passou um tempo ela retornou ligação e disse: 'Me orientaram a ir numa delegacia próximo a minha residência, aí lá eles me orientaram a ir em outra delegacia'. Ela fez o BO, e como já tinha passagem comprada para manhã, pedi para perguntar se ela precisava ficar lá. O escrivão falou que ela podia ir para Cuiabá". 

Tentativa de sigilo

O advogado Paulo José Aranha, que faz a defesa de Hivena, tentou impedir a presença da imprensa na audiência, requerendo privação e sigilo do uso da imagem dele e da ré. O juiz Wladymir Perri, no entanto, afirmou que não há informações ou mesmo nenhuma decisão no sentido de que a ação penal que derivou a carta precatória corra sobre sigilo judicial. “Se a ação principal deve ser regida pelo princípio da publicidade, com muito mais razão a ação acessória, mera derivação. Sendo assim, os apontamentos levantados pelo defensor não são suficientes para impedir-nos princípio da publicidade, especialmente porque deveriam ter sido aduzidos no juiz deprecante”, sustenou o magistrado.

Sem conceder entrevistas 

Após o término da audiência, Hivena Queiroz preferiu não conceder entrevista e foi embora sem falar com a reportagem. 

Entenda o caso

Hivena Queiroz Del Pintor Vieira é acusada de atropelar e matar o gari Alceu Ferraz, 61 anos, na Avenida São João, em São Paulo, junho de 2015. Na tarde desta segunda-feira (20), são ouvidas as testemunhas de defesa e acusação do caso, na Décima Vara Criminal de Cuiabá. O rito, que se realiza no Fórum de Cuiabá, se trata de carta precatória para a instrução do processo que tramita na 24ª Vara Criminal de São Paulo, da juíza Sonia Nazaré Fernandes Fraga.

Segundo os autos, o atropelamento aconteceu durante a madrugada na Avenida São João, pouco depois do cruzamento com a Avenida Duque de Caxias. O carro, um Peugeot escuro e com o vidro quebrado, foi filmado por câmeras de monitoramento pouco depois do atropelamento, entrando na contramão na Praça da República, a cerca de 500 metros de onde o gari foi atingido. A situação se agrava pelo fato da cuiabana ter omitido o socorro, fugindo do local do acidente. Ela poderá ser condenada ainda por homicídio culposo e lesão corporal.
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