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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Transferidos para o CCC

Justiça mantém prisão de delegado e dois investigadores acusados de tortura

Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

Justiça mantém prisão de delegado e dois investigadores acusados de tortura
O juiz Ricardo Frazon Menegucci decidiu manter a prisão do delegado Edison Pick e dos investigadores Woshington Kester Vieira e Ricardo Sanches, presos nesta terça-feira (16), acusados de tortura. A decisão foi proferida em audiência de custódia, no início da tarde. Além disto, foi determinada a transferência deles para o Centro de Custódia da Capital (CCC).

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O magistrado entendeu que "a decisão que decretou a prisão preventiva foi devidamente fundamentada, amparada nos elementos constantes dos autos, não havendo o que se falar em constrangimento ilegal". 

Além disto, o juiz acrescenta que "o simples fato de os custodiados ostentaram passado sem mácula, de per si, não autoriza a concessão de liberdade provisória quando outros elemntos de convicção dos autos indicarem necessidade de prisão cautelar".

Por fim, o magistrado manteve as prisões preventivas e determinou a transferência do delegado e dos investigadores para o Centro de Custódia da Capital (CCC). Alertou ainda para que o diretor da unidade tome as medidas necessárias para garantir a segurança deles. 

Denúncia

O documento, obtido pelo Olhar Jurídico, relata que durante audiência de custódia, o preso Marcelo Wypychovosky relatou que foi vítima de agressões, o que teria sido confirmado pela sua esposa, que também foi detida em flagrante na ocasião. O preso conta que o investigador Kester lhe agrediu com socos, o que teria sido presenciado pelo delegado Edison Pick.
 
“Me colocou na cadeira e começou a me espancar com murros e joelhadas, causando-me intenso sofrimento físico e psicológico, pois o falava que se eu abrisse a boca, iria morrer”, diz trecho do depoimento. Além disto, o preso ainda comentou que já teria sido agredido em outubro do ano passado, dentro da sua casa e na frente da esposa.
 
Quando retornou ao presídio, o detento relatou as agressões e o diretor o encaminhou para fazer o exame de corpo de delito. O diretor da cadeia público e dois agentes penitenciários confirmaram o depoimento e também os hematomas presentes em Marcelo.
 
Conforme a denúncia, as agressões descritas no depoimento do preso e das testemunhas são compatíveis com as lesões apontadas no exame de corpo de delito.
 
Tortura a adolescente
 
O outro caso aconteceu com o adolescente V.S.O.. Ele relatou que o investigador Kester e outros policiais civis, com a participação do delegado Edison Pick, desferiram socos, tapas, chutes na costela e “seguraram o ofendido pelo cabelo, além de colocarem uma sacola na cabeça deste, com o fito de asfixiá-lo, tal como retratado no popular filme ‘Tropa de Elite’”.
 
O adolescente estaria algemado no momento das agressões. A tortura estaria sendo praticada com a finalidade de que ele informasse a existência de novas drogas e supostamente uma pistola que estaria com ele. Por fim, os policiais teriam o ameaçado e disseram que matariam todos se houvesse denúncia.
 
As agressões teriam sido confirmadas pelos tios do adolescente.
 
Pediu para morrer
 
Em outro caso, o preso Wesley Gama Oliveira contou em audiência de custódia que teria sido asfixiado com uma sacola, nos mesmos moldes do que aconteceu com o adolescente. Wesley teria sido pego nu dentro de sua casa, que teria sido invadida pelos policiais: “Foi o delegado, ele me ameaçou de morte, ele é meio baixo, meio zarolho. Colocou uma sacola sete vezes na minha cabeça e minha esposa presenciou tudo”.
 
“Um policial grandão me bateu, ele é alto, careca. (...) Eles foram em quatro. O delegado e ele quase me mataram. (...) No momento do exame de corpo de delito, tinha um policial, então não tinha como falar para o médico. (...) Os outros dois eram uma policial morena e o investigador Kester. Minha esposa presenciou tudo”, disse Wesley em depoimento.
 
Durante interrogatório, a esposa de Wesley confirmou ter presenciado as agressões. O preso teria inclusive pedido para que “os policiais o matassem logo, em razão do sofrimento que lhe era, em tese, impingindo”.
 
Por conta disto, foi pedida a prisão preventiva do delegado e dos dois investigadores. Os mandados foram cumpridos na manhã desta segunda-feira, em Colniza.

Atualizada às 12h50 e às 12h53. 
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