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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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CONTADOR DE HISTÓRIAS

​Cabo da “Grampolândia” é chamado de Forrest Gump e defesa compara promotor a Pinóquio

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

O promotor Allan do Ó

O promotor Allan do Ó

O promotor de Justiça, Allan Sidney do Ó, ao requerer a prisão preventiva do cabo Gerson Luiz Ferreira Correa Junior, envolvido no esquema de grampos ilegais em Mato Grosso, comparou o militar ao personagem do cinema, Forrest Gump, por causa das versões apresentadas por ele ao ser constatado que teria ido a uma casa noturna no dia 30 de agosto.

Ele ainda citou a comparação feita por Gerson de que seria como o personagem “capitão Nascimento”, ao colaborar com a Justiça. Em resposta, a defesa do cabo comparou o promotor ao personagem Pinóquio, já que teria mudado sua versão após o interrogatório do militar.
 
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O requerimento da prisão preventiva de Gerson foi feito após a constatação de que ele teria ido à casa noturna Malcom Pub na noite do dia 30 de agosto, o que descumpre a medida cautelar imposta a ele mediante Habeas Corpus.

O promotor citou que a defesa apresentou diversos argumentos, a fim de justificar um número expressivo de violações da tornozeleira eletrônica utilizada por Gerson, entre eles, o de que Gerson teve seu documento roubado há uns anos. A princípio os advogados negaram que o militar teria descumprido as medidas cautelares.

No entanto, no dia 28 de setembro, o proprietário da casa noturna espontaneamente procurou o MP e apresentou um documento denominado “Ficha cadastral de clientes portando arma de fogo”, datado de 30 de agosto de 2018, contendo a assinatura e dados de Gerson.

Gerson então mudou sua versão e confessou que teria ido à casa noturna para buscar sua esposa, que estaria com os “nervos a flor da pele” após uma discussão do casal horas antes, na residência deles.

Allan do Ó então cita que Gerson havia se comparado ao personagem do filme “Tropa de Elite 2”, capitão Nascimento, já que, assim como o personagem, estaria colaborando com a Justiça. “A exemplo de Wagner Moura (Capitão Nascimento) asseverou no filme Tropa de Elite, prefere cortar a mão para salvar o braço”, disse em trecho.

Porém, o promotor, levando em consideração as versões do militar, o comparou na realidade ao personagem do cinema Forrest Gump.  “Todavia, se fossemos realmente comparar a situação em comento, com alguma obra cinematográfica, a mais adequada seria “Forrest Gump: O Contador de Histórias”.

Em resposta ao requerimento de prisão preventiva e às comparações do promotor, a defesa do cabo Gerson afirmou que a prisão é desnecessária já que todas as provas já foram colhidas e o militar colaborou com a Justiça. Além disso, ainda compararam o promotor ao personagem Pinóquio, já que teria mudado sua versão após o segundo interrogatório.

“A defesa do Cabo Gerson, utilizando dos mesmos ‘trocadilhos’ do digno promotor de Justiça, afirma que a Grampolândia é real e o Cabo Gerson não é um contador de historias; e mais, não irá se admitir, que assim como ‘Gepeto’ criou seu boneco vulgarmente conhecido na literatura infantil como Pinóquio, o Digno Promotor também mudou sua versão após o segundo interrogatório quando o cabo  ao utilizar documentos e provar algumas irregularidades de dois promotores do GAECO. MUDOU SUA VERSÃO QUANDO GERSON, NO PRIMEIRO INTERROGATORIO, MERECIA PERDÃO JUDICIAL, mudou de ideia, quem então Gepeto criou?”, dizem na nota.

O promotor, anteriormente, nas alegações finais apresentadas pelo Ministério Público sobre o esquema de interceptações ilegais de telefone, comparou a “Grampolândia Pantaneira” aos seriados da Netflix, “House of Cards” e “O Mecanismo”.

“Sempre comparando nosso cliente a titulo de filmes, alusão à Netflix, agora também temos direito de resposta comparando essa premissa que ainda resta duvidas”, afirmaram os advogados Eurolino Reis e Neyman Monteiro
 
Leia a nota da defesa de Gerson na íntegra:
 
Diante da manifestação do MPE, quanto a prisão do cabo Gerson, a sua defesa esclarece que:
 
1 - Causa espécie a manifestação do digno promotor que, como é de conhecimento de todos os meios de comunicação, após o primeiro depoimento do cabo Gerson, afirmou que o mesmo colaborou e disse a verdade, desvendando o "esquema dos grampos", e agora, só porque o cabe trouxe mais detalhes do ocorrido, resolve "virar sua espada de dâmo" para o cabo Gerson;
 
2 - Reitera que a prisão é desnecessária, porquanto (a) o cabo se apresentou e esclareceu os fato e (b) a instrução processual já acabou, razão pela qual os motivos para um decreto preventivo estão ausentes já que todas as provas foram colhidas e o feito irá concluso para sentença no mês vindouro;
 
3 - Por fim, a defesa do Cabo Gerson, utilizando dos mesmos ‘trocadilhos’ do digno promotor de Justiça, afirma que a Grampolândia é real e o Cabo Gerson não é um contador de historias; e mais, não irá se admitir, que assim como ‘Gepeto’ criou seu boneco vulgarmente conhecido na literatura infantil como Pinóquio, o Digno Promotor também mudou sua versão após o segundo interrogatório quando o cabo  ao utilizar documentos e provou algumas irregularidades de dois promotores do GAECO. MUDOU SUA VERSÃO QUANDO GERSON, NO PRIMEIRO INTERROGATÓRIO, MERECIA PERDÃO JUDICIAL, mudou de ideia, quem então Gepeto criou? O contador de histórias da Grampolândia seria o cabo Gerson ou o membro do MP? 

4 - Reiteramos que a verdade está posta nos autos e a sociedade sabe bem quem é o "dono da grampolândia" e seus "discípulos". Ministerio Público fez parecer mas quem decide são os julgadores a defesa aguarda o deslinde final dos autos.


O caso
 
A operação responsável por revelar o esquema de interceptações ilegais na PM chama-se "Esdras" e foi desencadeada em 27 de setembro de 2017, com base no depoimento prestado pelo tenente coronel da Policia Militar José Henrique Costa Soares, revelou um verdadeiro esquema criminoso para frear as investigações sobre interceptações ilegais e afastar o desembargador.
 
Conforme os autos, em depoimentos prestados por Soares, “descortinou-se um sórdido e inescrupuloso plano” no intuito de interferir nas investigações policiais e macular a reputação do desembargador Orlando Perri em todos os inquéritos instaurados.
 
Segundo o processo, Costa Soares foi convocado para atuar como escrivão no inquérito do caso grampos. Logo da convocação, a suposta organização criminosa teria buscado sua cooptação.
 
Seria tarefa do tenente coronel a juntada de informações sobre Perri para provocar a suspeição do magistrado.
 
Reportagem do programa "Fantástico", da Rede Globo, revelou na noite de 14 de maio que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crime.
 
Segundo a denúncia do MPE, foi Gerson quem fez à Justiça os pedidos de autorização para interceptação de números de telefones de políticos, advogados e jornalistas, grampeados no esquema.  A prática de gravação telefônica clandestina, de pessoas que não são acusadas de crime, é conhecida como “barriga de aluguel”. Acusado de ser o operador do esquema, o cabo Gerson, também ficou encarcerado por nove meses.
 
Em fevereiro deste ano a defesa de Gerson entrou com pedido liminar de habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). No requerimento foi pedida a revogação da prisão preventiva em desfavor do paciente "ou, assim não entendendo, assinalar as medidas cautelares que entender pertinentes, com recolhimento noturno e aos finais de semana (afastada a prisão domiciliar)".
 
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