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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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OPERAÇÃO CRUCIATO

Justiça pede que delegado e investigadores acusados de tortura sejam transferidos

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

Justiça pede que delegado e investigadores acusados de tortura sejam transferidos
A Polícia Judiciária Civil (PJC) foi notificada pela Justiça de Mato Grosso para que o delegado Edson Ricardo Pick, de Colniza (a 1.065 km de Cuiabá), e os policiais investigadores Woshington Kester Vieira e Ricardo Sanches, sejam transferidos de unidade. Os três são investigados por crimes de tortura contra presos no município. Eles foram presos na “Operação Cruciato”, mas já tiveram as prisões revogadas.
 
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De acordo com a assessoria da Polícia Civil, a notificação da Justiça para a transferência dos investigados foi entregue à Diretoria da PJC no final da tarde da última sexta-feira (19). O delegado de Aripuanã,  Alexandre da Silva Nazareth também está respondendo por Colniza.

O novo polo de lotação do delegado e dos policiais será discutido e apreciado pelo Conselho Superior de Polícia ainda nesta semana. Dois novos investigadores também serão lotados em breve na unidade policial. Enquanto isso não ocorre, policiais do Garra da Regional de Juina estão dando suporte na delegacia de Colniza. 
 
Entenda:
 
Denúncia
 

O documento, obtido pelo Olhar Jurídico, relata que durante audiência de custódia, o preso Marcelo Wypychovosky relatou que foi vítima de agressões, o que teria sido confirmado pela sua esposa, que também foi detida em flagrante na ocasião. O preso conta que o investigador Kester lhe agrediu com socos, o que teria sido presenciado pelo delegado Edison Pick.
 
“Me colocou na cadeira e começou a me espancar com murros e joelhadas, causando-me intenso sofrimento físico e psicológico, pois o falava que se eu abrisse a boca, iria morrer”, diz trecho do depoimento. Além disto, o preso ainda comentou que já teria sido agredido em outubro do ano passado, dentro da sua casa e na frente da esposa.
 
Quando retornou ao presídio, o detento relatou as agressões e o diretor o encaminhou para fazer o exame de corpo de delito. O diretor da cadeia público e dois agentes penitenciários confirmaram o depoimento e também os hematomas presentes em Marcelo.
 
Conforme a denúncia, as agressões descritas no depoimento do preso e das testemunhas são compatíveis com as lesões apontadas no exame de corpo de delito.
 
Tortura a adolescente
 
O outro caso aconteceu com o adolescente V.S.O.. Ele relatou que o investigador Kester e outros policiais civis, com a participação do delegado Edison Pick, desferiram socos, tapas, chutes na costela e “seguraram o ofendido pelo cabelo, além de colocarem uma sacola na cabeça deste, com o fito de asfixiá-lo, tal como retratado no popular filme ‘Tropa de Elite’”.
 
O adolescente estaria algemado no momento das agressões. A tortura estaria sendo praticada com a finalidade de que ele informasse a existência de novas drogas e supostamente uma pistola que estaria com ele. Por fim, os policiais teriam o ameaçado e disseram que matariam todos se houvesse denúncia.
 
As agressões teriam sido confirmadas pelos tios do adolescente.
 
Pediu para morrer
 
Em outro caso, o preso Wesley Gama Oliveira contou em audiência de custódia que teria sido asfixiado com uma sacola, nos mesmos moldes do que aconteceu com o adolescente. Wesley teria sido pego nu dentro de sua casa, que teria sido invadida pelos policiais: “Foi o delegado, ele me ameaçou de morte, ele é meio baixo, meio zarolho. Colocou uma sacola sete vezes na minha cabeça e minha esposa presenciou tudo”.
 
“Um policial grandão me bateu, ele é alto, careca. (...) Eles foram em quatro. O delegado e ele quase me mataram. (...) No momento do exame de corpo de delito, tinha um policial, então não tinha como falar para o médico. (...) Os outros dois eram uma policial morena e o investigador Kester. Minha esposa presenciou tudo”, disse Wesley em depoimento.
 
Durante interrogatório, a esposa de Wesley confirmou ter presenciado as agressões. O preso teria inclusive pedido para que “os policiais o matassem logo, em razão do sofrimento que lhe era, em tese, impingindo”.
 
Por conta disto, foi pedida a prisão preventiva do delegado e dos dois investigadores. Os mandados foram cumpridos na manhã desta segunda-feira, em Colniza.
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