O ex-secretário de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT), Fábio Galindo, confirmou que o ex-governador Pedro Taques foi informado em 2015 sobre o esquema de grampos ilegais operados por policiais militares no Estado. A informação já havia sido repassada pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, em depoimento ao Ministério Público de Mato Grosso. Galindo foi ouvido em Brasília, a pedido da defesa do cabo Gerson Corrêa Júnior, um dos réus do processo.
 
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O advogado de Gerson, Neyman Monteiro, disse que teve acesso ao depoimento ainda em dezembro de 2018. Fábio Galindo foi ouvido, por meio de Carta Precatória, pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) em 30 de outubro de 2018, após pedido da defesa do cabo.
 
Os arquivos chegaram à Justiça de Mato Grosso no último dia 9 de janeiro. Neyman afirmou que o depoimento de Galindo foi longo e que o ex-secretário apenas confirmou o que já havia sido dito pelo promotor Mauro Zaque.
 
“É aquilo que o Mauro Zaque falou, ele disse a mesma coisa, que eles informaram o governador dos grampos, entregaram o envelope e o governador falou que iria tomar providências disso. O Mauro Zaque entregou, ele estava junto, protocolou a denúncia”.
 
Fábio Galindo assumiu a Secretaria de Segurança Pública (Sesp) quando o promotor Mauro Zaque deixou o cargo. O membro do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) foi quem descobriu o esquema e – conforme ele - solicitou providências do governador que não teria atendido às reivindicações.
 
Por conta disto, Zaque teria pedido a exoneração do cargo. Após um ano, o esquema dos grampos foi denunciado à Procuradoria Geral da República (PGR). Fábio Galindo foi arrolado como testemunha pelo cabo Gerson, que insistiu em sua oitiva.

O caso
 
A operação responsável por revelar o esquema de interceptações ilegais na PM chama-se "Esdras" e foi desencadeada em 27 de setembro de 2017, com base no depoimento prestado pelo tenente coronel da Policia Militar José Henrique Costa Soares, revelou um verdadeiro esquema criminoso para frear as investigações sobre interceptações ilegais e afastar o desembargador.
 
Conforme os autos, em depoimentos prestados por Soares, “descortinou-se um sórdido e inescrupuloso plano” no intuito de interferir nas investigações policiais e macular a reputação do desembargador Orlando Perri em todos os inquéritos instaurados.
 
Segundo o processo, Costa Soares foi convocado para atuar como escrivão no inquérito do caso grampos. Logo da convocação, a suposta organização criminosa teria buscado sua cooptação. Seria tarefa do tenente coronel a juntada de informações sobre Perri para provocar a suspeição do magistrado.
 
Reportagem do programa "Fantástico", da Rede Globo, revelou na noite de 14 de maio de 2018 que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crimes.
 
A prática de gravação telefônica clandestina, de pessoas que não são acusadas de crime, é conhecida como “barriga de aluguel”. Acusado de ser o operador do esquema, o cabo Gerson, também ficou encarcerado por nove meses. O julgamento do caso 'Grampolândia' está agendado para os dias 20, 21 e 22 de março de 2019. Lá serão definidas as sentenças de todos os réus.