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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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‘Recuperação não é golpe jurídico’, afirma administrador da Central da Moda

Foto: Reprodução

‘Recuperação não é golpe jurídico’, afirma administrador da Central da Moda
O administrador do Grupo Central da Moda, Júlio Cesar Pereira, ainda trabalha para reerguer a empresa. A Central da Moda passa por Recuperação Judicial e o administrador afirmou que o processo não é um “golpe jurídico”, mas sim uma ferramenta para que as empresas consigam se reerguer, dentro da legalidade, se possuírem o conhecimento necessário.
 
A loja ficou 87 dias de portas fechadas após ter seus produtos levados em cumprimento a um Mandado de Penhora e Remoção. Em janeiro de 2019, a Central da Moda reabriu, com novos produtos, e com apoio de clientes e fornecedores, que também são os credores da Recuperação Judicial.

 
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O grupo está em processo de Recuperação Judicial por dívidas que giram em torno de R$ 1 milhão. A empresa chegou a esta situação em decorrência da crise que o Brasil enfrentou há pouco anos. Júlio Cesar explicou que seus fornecedores foram os primeiros a sentir o impacto.
 
“A crise de 2016, que atingiu todo o país, veio a prejudicar primeiro o setor das indústrias, as fábricas. E nós tínhamos vários parceiros, que eram as principais fábricas do momento, então foi um efeito dominó. Como nós trabalhamos com projeção de quantidades de peças mensais, semanais, em um segundo momento fomos impactados junto com eles, então foi uma situação adversa ao que tínhamos programado, de adimplente passamos a inadimplentes, juntamente com os parceiros, e aí não vimos outro caminho senão a Recuperação Judicial”, disse.
 
Júlio Cesar tem uma longa história com o comércio. Ele contou que desde os 11 anos de idade já está inserido neste meio. Seu pai, que também foi comerciante, era o proprietário da loja Doidão dos Tecidos, e foi daí que veio seu conhecimento. Ele afirma que o principal para o sucesso de uma Recuperação Judicial é o conhecimento.
 
“A recuperação é saudável, tem empresas que desistem, mas o problema não é a recuperação, o problema é a falta de conhecimento de pessoas que assistem você na recuperação, e com relação a isto nós estamos muito bem amparados. Além do Judiciário de Mato Grosso que tem muito conhecimento sobre a tese de Recuperação Judicial, o nosso administrador da recuperação, do escritório Case, é muito competente. Isso sem falar no nosso corpo jurídico também, que tem muito conhecimento”.
 
Júlio considera o escritório de recuperação judicial Case, de Bruno Castro, como um parceiro. O administrador da recuperação foi quem sugeriu que uma empresa de consultoria e planejamento fosse acionada para trazer soluções para o Grupo Central da Moda.
 
“Nós temos aqui em Mato Grosso escritórios de Recuperação Judicial muito competentes, como o que faz a nossa, o Case, do dr. Bruno Castro, eles são grandes parceiros. Eles nos fiscalizam, como exige o processo de recuperação judicial, e a dra. Aline e a dra. Emília que sempre vão à loja, elas nos proporcionam segurança, por causa do conhecimento que têm, e nos dá motivação para a continuação da recuperação”, disse Júlio.
 
A Central da Moda, como Júlio reforçou, é uma empresa familiar. Ele, sua esposa, sua sobrinha e muitos outros colaboradores se esforçam para reerguer a loja. Júlio garante que tem o apoio dos clientes, mas acima de tudo também dos fornecedores, que também são os credores. Este é um dos motivos pelo qual ele afirma que o processo de Recuperação Judicial pelo que passam não é um golpe, mas sim uma ferramenta para que consigam sair da inadimplência.
 
“Quando você fala em recuperação, todo mundo se assusta, mas a recuperação é uma aliada, é um processo que você pode passar com tranquilidade, até dando mais segurança aos fornecedores. Tanto não é golpe que eu decidi reabrir a loja, eu não precisaria, nós ficamos 87 dias de portas fechadas, fomos saqueados por causa do mau trabalho dos oficiais de justiça, não tínhamos produtos, mas então decidi abrir, com apoio dos nossos clientes e fornecedores”.
 
No dia 23 de outubro de 2018 foi efetuado arresto de bens da Central da Moda por débito no valor de R$ 266.754, em cumprimento ao Mandado de Penhora e Remoção, oriundo de Ação de Execução movida contra o grupo pela empresa Zuah Textil Ltda-ME.
 
Por causa disso grande parte da mercadoria foi levada, resultando no fechamento das portas, causando sérios prejuízos ao prosseguimento da recuperação judicial. A empresa chegou a perder a melhor época do ano para o comércio, o Natal.
 
A juíza Anglizey Solivan de Oliveira, da 1ª Vara Cível de Cuiabá, em dezembro do ano passado, determinou que os produtos fossem recolhidos, mas segundo Júlio Cesar eles acabaram sendo vendidos, em descumprimento à ordem judicial.
 
“Eu ainda vou buscar meus direitos, porque nós não recuperamos os produtos que foram levados de dentro da nossa empresa. A juíza determinou que os produtos fossem recuperados e uma colaboradora nossa foi até Jaraguá do Sul (SC), onde eles estavam. Nós conseguimos uma ordem judicial e fomos ao galpão onde deveriam estar as roupas, mas os produtos foram vendidos, então não houve o cumprimento da Justiça”, relatou o administrador do grupo.
 
Júlio afirma que só conseguiram reabrir a loja graças às parcerias que têm. O foco do grupo, segundo ele, é o futuro da empresa. A expectativa que têm é positiva.
 
“Nós recebemos muito apoio, não só dos nossos colaboradores, mas também dos nossos clientes e até dos nossos fornecedores, que são credores. Os credores não nos vêem como inimigos, pelo contrário, estão junto conosco nessa reerguida, porque a recuperação judicial não é um ‘golpe jurídico’. Então eu não quero ficar olhando para o que o Grupo Central da Moda perdeu, eu quero enxergar o que o Grupo Central da Moda pode conquistar”.
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