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Ex-juiz do TRE afirma que reforma política deve fortalecer fiscalização sobre “caixa dois” para tornar disputa mais igual

19 Mai 2015 - 08:06

Da Redação - Ronaldo Pacheco e Flávia Borges

Foto: Arthur Santos da Silva - Olhar Direto

Ex-juiz do TRE afirma que reforma política deve fortalecer fiscalização sobre “caixa dois” para tornar disputa mais igual
Limitação do financiamento das campanhas eleitorais, mandato de cinco anos, unificação de datas para as eleições, fim da reeleição e fim das coligações proporcionais, entre outras medidas em discussão na reforma política, no Congresso, não devem tornar as eleições mais iguais ou menos desiguais. A avaliação partiu do jurista José Luiz Blaszack, ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), diante da principal Proposta de Emenda Constitucional (PEC) em discussão na Câmara dos Deputados, com previsão de começar a votar nesta terça-feira (19), na Comissão Especial de Reforma e demais comissões, para ser aprovada antes de outubro.

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“Geralmente as eleições municipais servem de laboratório para ajustes no sistema. Os legisladores alteram leis e usam as eleições de prefeitos e vereadores como experiência. Se algo não der certo, depois há reajustes. Porém, o que se busca é um mínimo de igualdade na disputa e, pelo histórico brasileiro, pode ser a melhor lei do mundo, mas se não houver fiscalização rígida sobre o caixa dois, os malefícios continuarão sendo arrastados para o exercício do mandato”, observou Blaszack, em visita à Redação do Olhar Jurídico.

“Em mais de 80% dos casos, sem dúvida, é o caixa dois que desequilibra a eleição. Limitar as doações de empresas privadas é um passo importante. Para mim, empresa não poderia doar nada, porque o voto é prerrogativa do cidadão. E empresa não vota”, ponderou ele.

Um dos poucos temas que não suscita dúvidas é o fim das coligações proporcionais, que é quase consenso entre os maiores partidos, mas o jurista entende que há necessidade de vir junto com outra definição: voto proporcional ou distrital. Ou ainda distrital misto, num sistema híbrido, mas teria de ficar bem clara a questão da suplência.

“É necessário que a suplência seja bem definida, porque a cada dois anos muda a composição dos tribunais [eleitorais] e, de certa forma, a interpretação também é alterada conforme sua convicção”, citou ele.

O fato de as legislações serem sancionadas ou promulgadas cheias de brechas para interpretações também permite ao Poder Judiciário, de forma indireta, o exercício de legislar, em especial por jurisprudência com súmulas, na Justiça Eleitoral. “A culpa é do Poder Legislativo! O Judiciário não pode ter força legislativa, mas se a legislação não é clara e objetiva, que dê segurança ao julgador, cada caso se julga pela convicção do magistrado ou mesmo pela importância que lhe é dada [ao caso]”, citou o ex-juiz do TRE.

Blaszak afirma que é necessária uma reforma política, porém salienta que mais importante do que isso, seria a criação de uma nova Constituição. "O Brasil precisa de uma Constituição nova. A nossa é de 1988. Muita coisa mudou desde então e leis precisam ser ajustadas", defende o advogado. 

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