Durante mais de três horas, o atual secretário de Estado de Trabalho e Assistência Social, Jean Estevan Campos Oliveira, respondeu a 39 perguntas, na tarde desta segunda-feira (24), formuladas pelos promotores do Grupo de Ação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Mato Grosso. Ele inocentou a primeira-dama Roseli Barbosa, esposa do governador Silval Barbosa (PMDB) e titular da pasta na época das licitações que culminaram com os convênios para cursos profissionalizantes, investigada pela Operação Arqueiro, do Gaeco.
 
O advogado Paulo Cesar Taques, responsável pela defesa de Jean Campos, lembrou que o processo corre em “segredo de justiça” e que não pode divulgar o conteúdo do depoimento. Ele citou apenas que seu cliente esclareceu as dúvidas do Ministério Público Estadual.
 
As declarações de Jean Estevan para os promotores Arnaldo Justino e Arnaldo Nascimento, do Gaeco, versaram  sobre o formato das contratações de cursos para formação profissional, nos municípios de Mato Grosso. Desde a semana passada, a ‘tropa de choque’ de Silval Barbosa para livrar dona Roseli de qualquer acusação. A reportagem do Olhar Jurídico apurou que a central de inteligência do Palácio Paiaguás trabalha para   a primeira-dama não ser investigada e aparecer no processo como simples testemunha no caso investigado pelo Gaeco.
 
Na última sexta-feira (21), Roseli Barbosa prestou depoimento ao Gaeco, para prestar esclarecimentos sobre a investigação de possíveis fraudes na Setas, onde comandou até fevereiro. Tanto a defesa de Estevan Campos quanto os promotores evitaram dar detalhes sobre o depoimento.
 
Em depoimento, Jean Campos teria pontuado que as contratações foram formalizadas pelo secretário adjunto Benjamin Franklin Lira de Araújo, de Assuntos Comunitários da Setas, Benjamin Franklin Lira de Araújo. Ele também executava os contratos para os cursos profissionalizantes.
 
Porém, os contratos investigados pelos promotores são referentes à  gestão de Roseli Barbosa, na Setas, iniciada em abril de 2010. 

 
Entenda o caso

A Operação Arqueiro foi deflagrada no dia 29 de abril pelo Gaeco. Na ocasião, os agentes do órgão fizeram uma devassa nos documentos referentes a contratos firmados pela secretaria. As investigações teriam como foco central  alguns contratos considerados  suspeitos de superfaturamento.
 
Desde a deflagração da operação, era esperado o depoimento da primeira-dama Roseli Barbosa, que  comandou a Setas de 2010 a fevereiro de 2014. O atual secretário Jean Estevan, que era adjunto de Roseli, também operacionalizava os contratos.