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OPERAÇÃO SODOMA

Filho de Silval teria arrombado apartamento e furtado documentos para destruir provas

28 Abr 2016 - 12:00

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

Rodrigo Barbosa é filho do ex-governador Silval Barbosa

Rodrigo Barbosa é filho do ex-governador Silval Barbosa

A juíza da Sétima Vara Criminal, Sema Arruda, levanta a suspeita de que Rodrigo da Cunha Barbosa, réu na “Operação Sodoma 3” e filho do ex-governador Silval Barbosa, tenha invadido o apartamento do tio do ex-secretário de Administração Pedro Elias Domingos e furtado documentos importantes para as investigações. Segundo a magistrada, a suspeita forçou a decretação de sua prisão preventiva.

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Rodrigo Barbosa foi preso em continuidade da “Operação Sodoma”, da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz), na manhã da última segunda-feira (25). Ele foi encontrado em um escritório de comunicação, no Centro Empresarial Paiaguás, na Avenida Rubens de Mendonça (CPA), em Cuiabá. O local também foi alvo de busca e apreensão, assim como a casa dele.

O furto em questão teria ocorrido no dia 06 deste mês, no apartamento que fica localizado no edifício Rio Siena, no bairro Popular, e que estava desocupado na ocasião. Às autoridades policiais, Pedro Elias explicou que o apartamento não foi arrombado, mas o armário estava com as portas quebradas e sem os documentos. O edifício é o mesmo onde mora Rodrigo Barbosa, o que aumenta as suspeitas contra ele.

Segundo a magistrada, Rodrigo Barbosa já estaria “acostumado a agir nas sombras”, o que aumenta a possibilidade da confirmação da suspeita, tornando a prisão a “solução mais viável neste momento”.

“Não se pode olvidar que os autos noticiam a ocorrência de fato gravíssimo, que tem como suspeito o representado Rodrigo: o sumiço de documentos pertencentes a Pedro Elias, que podem reforçar a acusação. Ora, se a acusação contra a organização criminosa for robustecida, certamente o prejuízo será muito grande, daí a possibilidade de que Rodrigo, como um dos seus principais articuladores, já acostumado a agir nas sombras e de modo simulado, tenha sido mesmo o autor do furto dos documentos já noticiado. Ora, se o delito da organização criminosa é permanente e, portanto, pode ainda estar ocorrendo e se há séria suspeita de que Rodrigo possa ter invadido o apartamento do comparsa, em busca de documentos que o incriminem, é certo que a sua prisão preventiva é a solução mais viável neste momento”, consta da decisão.

Rodrigo Barbosa está preso há três dias, no Centro de Custódia de Cuiabá, junto ao seu pai. Seu pedido de HC foi protolizado no mesmo dia e já se encontra concluso para decisão.

Contexto:

Rodrigo foi preso depois da delação premiada do ex-secretário de Administração Pedro Elias, para Delegacia Fazendária. As investigações da terceira fase da operação Sodoma revelam que Rodrigo Barbosa, filho do ex-governador Silval Barbosa, recebeu propina de 85% do montante de R$ 510 mil pago pelo empresário Júlio Minori Tisuji, dono da empresa Web Tech Softwares e Serviços Ltda, que tinha contrato com o Estado.

A informação consta no depoimento do ex-secretário de administração, Pedro Elias Domingos de Mello, preso na terceira fase da Sodoma. O ex-secretário contou, em seu interrogatório, que recebeu propina do empresário em três oportunidades durante os anos de 2013 e 2014. Os valores foram pagos em parcelas, a primeira de R$ 180 mil, a segunda de R$ 170 mil, e a terceira de R$ 160 mil.

O ex-secretário disse que ficou com 15% do valor e 85% foram entregues pessoalmente ao investigado, Rodrigo Barbosa, em espécie, no apartamento dele, na região da Praça Popular, na capital. “Por isso teve a prisão decretada, por associação com a organização criminosa e participação na corrupção. Dinheiro que possivelmente seria repassado a Silval”, declarou o delegado da Defaz, Lindomar Tofoli.

O outro lado

A defesa de Rodrigo Barbosa se manifestou da seguinte forma:

Acerca das notícias veiculadas na mídia sobre um suposto sumiço de documentos do Sr. Pedro Elias Domingos, a defesa de Rodrigo da Cunha Barbosa tem a esclarecer o seguinte:
1 - A defesa teve conhecimento de que o Sr. Pedro Elias Domingos celebrou acordo de colaboração premiada através da imprensa, tendo em vista que, até o presente momento, o acesso aos termos da delação não foi franqueado a defesa.
2 - Nessa esteira, o Sr. Pedro Elias Domingos estaria obrigado a apresentar provas de corroboração as suas declarações, sob pena de inviabilização da colaboração premiada e, por conseguinte, de sua liberdade.
3 - Ocorre que o possível delator ao prestar depoimento e ser solto no dia 01/04/2016, se comprometeu em trazer documentos que comprovasse suas alegações.
4 - Nao obstante, retornou no dia 07/04/2016 alegando que não poderia apresentar tais documentos uma vez que os mesmos se encontravam no apartamento de um tio, cujo nome sequer foi mencionado, e desapareceram de dentro do armário onde estavam guardados.
5 - Com base nessa situação, a autoridade policial representou pela prisão preventiva de Rodrigo da Cunha Barbosa, que veio a ser decretada, presumindo que pelo fato do mesmo residir no mesmo prédio onde houve o suposto desaparecimento dos documentos, seria ele o responsável por tal fato.
6 - Com efeito, a historicidade dos fatos não deixa dúvidas de que o Intitulado colaborador por não ter como comprovar suas alegações, criou referida história como modo de garantir sua liberdade e induzir um argumento para a prisão de Rodrigo da Cunha Barbosa.
7 - Este fato está sendo discutido em sede de habeas corpus impetrado em favor de Rodrigo da Cunha Barbosa, cujo pedido liminar ainda não foi apreciado.
8 - Por fim, é preocupante a forma como vem sendo conduzidas as delações em completo desvirtuamento do espírito da lei e servindo como único sustentáculo para decretações de prisões preventivas no Estado de Mato Grosso, sem qualquer elemento indiciário que comprove as palavras vazias dos delatores. Nesse sentido, o MIN. ROGÉRIO SCHIETTI CRUZ, vem condenando tal pratica que somente enfraquece as investigações e viola os mais basilares direitos e garantias fundamentais.

Defesa de Rodrigo da Cunha Barbosa
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