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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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OPERAÇÃO RÊMORA

"Você não vai vir trazer o combinado?", cobrou suposto articulador de esquema na Seduc

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

Giovanni Guizzardi

Giovanni Guizzardi

“Você não vai vir trazer o combinado?”. Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), esta foi a frase com que o suposto articulador do esquema de pagamento de propinas na Secretaria de Educação (Seduc), Giovanni Guizzardi, teria cobrado um dos empresários beneficiados pelo cartel formado por mais de 23 empresas que ganhavam contratos e licitações fraudadas junto a Secretaria.

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Na denúncia, o MPE se baseia nas declarações do empresário José Carlos Pena da Silva. O empresário é dono da BRP Construtora e foi procurado por servidores da Seduc na primeira quinzena do mês de abril. Na ocasião, o servidor Fábio Frigeri cobrou propina para agilizar a liberação de um débito que o empresário possuía junto a secretaria e indicou o nome de Giovani Bellato Guizardi para “mediar” o pagamento das dívidas.

O primeiro encontro entre os dois ocorreu na sede da Dínamo Construtora, empresa pertencente a Giovanni Guizardi.  Durante a reunião Giovanni argumentou que sabia dos valores das dívidas e que agilizaria os pagamentos caso José Carlos pagasse a ele 5% do valor a ser recebido.

De acordo com o MPE, José Carlos negou a proposta porque sabia que o pagamento já estava em andamento na Seduc. Observou, no entanto, que poderia participar de operações futuras.

Após receber os pagamentos decorrentes de contratos entre a BRP e a Seduc, José Carlos passou a receber ligações de Giovanni Guizardi efetuadas por diferentes números de telefones. Nas chamadas, o suposto articulador do esquema buscava convidar José Carlos para uma próxima reunião e em uma das ligações foi feita a cobrança. “Você não vai vir trazer o combinado?” teria dito Guizardi.

Operação Rêmora

Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), a organização criminosa era composta pelo núcleo de agentes públicos, o núcleo de operação e o núcleo de empresários. O primeiro formado pelos servidores Wander Luiz dos Reis, Fábio Frigeri e Moisés Dias da Silva que estariam encarregados de viabilizar as fraudes nas licitações da Seduc mediante recebimento de propina.

Integrava o núcleo de operação Giovanni Bellato Guizzardi, Luiz Fernando da Costa Rondon e Leonardo Guimarães Rodrigues. São eles os mandatários dos servidores públicos e os encarregados de fazer os contatos diretos com os empresários que faziam parte do terceiro núcleo.

Entre os empresários do ramo da construção civil envolvidos no esquema destaca-se o ex-deputado estadual e governador de Mato Grosso, Moisés Feltrin que foi detido durante a Operação Rêmora. Feltrin é empresário do setor de construção e por determinação judicial seria conduzido coercitivamente para prestar esclarecimentos, mas como em sua casa foram encontradas armas de fogo, o mesmo foi detido em flagrante.

No total, o núcleo de empresários possui 23 empresários e pelo o menos 20 obras foram fraudadas durante a ação do cartel. O esquema de propina envolvia pagamentos de percentuais em obras que variavam entre R$ 400 mil e R$ 3 milhões.

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