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Notícias / Criminal

Pressa de Éder Moraes em conseguir verba para o Mixto contribuiu para sua condenação por lavagem de dinheiro

Da Redação - Ronaldo Pacheco

A pressa e a urgência em arrecadar recursos financeiros para injetar no Mixto Esporte Clube contribuíram decisivamente para a condenação do ex-secretário de Fazenda e da Secopa, Eder de Moraes Dias, por lavagem de dinheiro, entre 2009 e 2013. No período, ele foi presidente do clube (2013-14) e também da Associação dos Amantes do Futebol Amigos do Mixto (Afam – 2009-2013), tendo feito várias operações ilegais com a Globo Fomento e a Comercial Amazônia de Petróleo, de propriedade do senhor Gercio Marcelino Mendonça Junior, o conhecido Júnior Mendonça.

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“A AFAM foi fundada com o objetivo de ajudar o Mixto Esporte Clube a enfrentar os inúmeros problemas pelos quais passava, dentre eles, sérias dificuldades financeiras”, diz o juiz federal Jeferson Schneider, titular da 5ª Vara da Justiça Federal na Seção Judiciária de Mato Grosso, responsável pela sentença de Eder Moraes, condenado a 69 anos de cadeia. A paixão pelo clube mais popular do Estado custou caro para o ex-secretário de Estado de Fazenda, Casa Civil e Copa do Pantanal Fifa (Secopa): condenação por lavagem de dinheiro – Artigo 1º, da Lei do Crime de Lavagem de Dinheiro (Lei 9.613/98 ).

“Essas dificuldades financeiras retratadas com a existência de múltiplas ações judiciais ajuizadas contra a agremiação esportiva, assim como os constantes atrasos de pagamento de salários de jogadores e fornecedores, fez com que o acusado Éder de Moraes se lançasse numa espécie de cruzada em busca da captação de recursos para fazer frente às necessidades financeiras do Clube”, recordou o magistrado, no texto final da decisão.

Na decisão, o juiz detectou tráfico de influência do então titular da Secretaria de Estado de Fazenda. “Assim, com o objetivo de ajudar a agremiação esportiva, o acusado Éder de Moraes Dias, aproveitando-se, inicialmente, da circunstância de ser Secretário de Estado de Fazenda do Estado de Mato Grosso, colocou o seu cargo público e a força de sua influência política a serviço da captação e intermediação de recursos de origem lícita e ilícita”, apontou o juiz federal.

A reportagem do Olhar Direto constatou, no despacho, que a quebra de sigilo bancário das empresas de Júnior Mendonça demonstra que somente em 2010 foram repassados mais de R$ 500 mil para a Brisa Consultoria e Assessoria supostamente financiar o Mixto. “As transferências encontrarem-se documentadas no registro de movimentação financeira das empresas e na contabilidade informal apreendida em poder do colaborador [Júnior Mendonça], importa consignar que essa contabilidade é um documento bilateral”, emendou Jeferson Schneider.

“O acusado Éder Dias afirmou em seu interrogatório, assim como sua defesa técnica nas alegações finais (fl. 6388), uma vez tendo aportado esses recursos na empresa Brisa Assessoria, os mesmos eram posteriormente destinados ao pagamento de despesas do Mixto Esporte Clube”, justificou o juiz titular da 5ª Vara da Seção Judiciária de Mato Grosso.

“Jamais as empresas Comercial Amazonia e Globo Fomento Ltda ocuparam qualquer espaço publicitário pertencente ao Mixto Esporte Clube, o que permite concluir, que essas transferências de recursos jamais se deram a título de doação ou patrocínio, mas sim como empréstimos e transferências de recursos de terceiros a pedido e sob orientação do acusado Éder Moraes Dias”, completou Jeferson Schneider, em seu despacho final, na sentença condenatória.

Numa análise contextual, fica clara que a paixão pelo Mixto fez Éder Moraes ultrapassar todos os limites da prudência na busca por recursos e a cometer tráfico de influência.
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