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Em delação, Cerveró aponta Collor como controlador da BR Distribuidora de Rondonópolis em esquema corrupto

Da Redação - Paulo Victor Fanaia

Em delação premiada, firmada para contribuir com as investigações oriundas da “Operação Lava Jato”, ao MPF (Ministério Público Federal), o ex-diretor da Área Internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, afirma que o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) detinha controle político sobre a base de distribuição do município de Rondonópolis (212 Km ao Sul de Cuiabá) do grupo BR Distribuidora, subsidiária da Petrobrás. A iniciativa de garantir a presidência e as diretorias do grupo à Collor atenderia a um acordo firmado em setembro de 2013 envolvendo o senador, ex-diretores da Petrobrás, dirigentes do PT e diretamente a presidente Dilma Rousseff.

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“Fernando Collor de Mello disse que havia falado com a presidente da República, Dilma Rousseff, a qual teria dito que estavam à disposição de Fernando Collor de Mello a presidência e todas as diretorias da BR Distribuidora. Collor de Mello disse que não tinha interesse em mexer na presidência, e nas diretorias da BR Distribuidora de indicação do PT”, relata em sua delação, Nestor Cerveró, que afirma ainda perceber, após o encontro entre o ex-ministro do governo Collor e operador financeiro do senador, Pedro Paulo Leoni Ramos e o ex-diretor da Petrobras na Casa da Dinda, que "Fernando Collor de Mello realmente tinha o controle de toda a BR Distribuidora" e que foi mantido na empresa "para que não atrapalhasse os negócios". O esquema envolvia, segundo Cerveró, a "base de distribuição de combustíveis de Rondonópolis, em Mato Grosso e o armazém de produtos químicos de Macaé, no Rio de Janeiro".

Em depoimento aos investigadores, Cerveró informa ainda que o PT nutria "sentimento de gratidão" para com ele. "Em razão de o declarante (Cerveró) ter viabilizado a contratação da Schahin como operadora da sonda Vitória 10.000, quando ainda era Diretoria Internacional da Petrobras. "Como reconhecimento da ajuda do declarante nessa situação, o Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva decidiu indicar o declarante para uma diretoria da BR Distribuidora", consta nos autos. 

Outro lado:

A defesa de Collor refutou as acusações e considerou “falsas” as alegações de que ele “tenha usado de influência política para obter favores ou exercer qualquer outro tipo de pressão sobre diretores ou funcionários da BR Distribuidora a fim de satisfazer interesses próprios ou de terceiros”.

O Instituto Lula afirma que o Cerveró produz ilações ao citar o ex-presidente, que garante não ter relação pessoal com o delator, muito menos o sentimento de “gratidão” subjetivamente atribuído a ele. No depoimento à PF, Lula negou ter tratado com qualquer pessoa sobre supostos empréstimos ao PT ou sobre a contratação de sondas pela Petrobras, que são objetos de investigação. “Lula não responde a nenhuma ação judicial, porque sempre atuou dentro da lei, antes, durante e depois de ser presidente do Brasil”, assina o instituto.

O Palácio do Planalto não irá comentar a menção a presidente Dilma Rousseff.

O Olhar Jurídico está em busca da BR Distribuidora em Rondonópolis para prestar esclarecimentos. 

* Com informações de VEJA e Estadão.

Anexo: Integra da Delação de Nestor Cerveró:



Anexo: Parte das Declarações Feitas em Juízo pelo Ex-Presidente Lula:


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