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Arquiteto usado por Zilio como “laranja” para desvio de R$ 13 mi projetou mansão de ex-secretário com dinheiro de empresas

Da Redação - Arthur Santos da Silva

O arquiteto José Costa Marques, usado, segundo o Ministério Público, como "laranja" pelo ex-secretário de Administração César Zílio no desvio de R$ 13 milhões na compra de um terreno para fins comerciais em Cuiabá foi também o responsável pela construção da mansão do ex-gestor, no Condomínio Florais do Lago, no ano de 2011. Para terminar a obra em sua residência, Zilio contou ainda com aporte financeiro da empresa Consignum, que segundo consta das investigações, ajudou na compra dos materiais de construção.

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Além da participação financeira na obra da casa do ex-secretário, a empresa Consignum também teria participação na compra do terreno avaliado em R$ R$ 13 milhões, feita por Zilio para fins comerciais, onde pretendia abrir um shopping popular. Segundo o MP, a área foi adquirida com propina da Consignum e das empresas Editora de Liz LTDA ME, EGP da Silva ME, Webtech Softwares e Serviços LTDA EPP. Ainda segundo o Ministério Público, foi possível constatar que os pagamentos realizados por meio de cheques de terceiros eram de pessoas físicas ou jurídicas que mantinham contratos de prestação de serviços firmados com o Estado de Mato Grosso.

Apesar de a construção da atual residência de Zílio, localizada no Condomínio Florais dos Lagos, ter sido feita com vários cheques emitidos pela Consignum para saldar a aquisição de materiais de construção utilizados, a obra da residência não se tornou objeto central da corrente investigação, mas pode vir a ser depurada em próximos desdobramentos.

A operação Sodoma foi deflagrada em 15 de setembro de 2015 e levou à cadeia o ex-governador Silval Brabosa e os ex-secretários Pedro Nadaf e Marcel de Cursi, respectivamente Casa Civil e Fazenda, todos por um esquema de extorsão e cobrança de propina contra um empresário. Já na segunda Fase da Sodoma, Zílio é apontado como o grande líder de um combinado corrupto para ocultar a origem ilícita de valores desviados do Estado. Conforme o MPE, o arquiteto José Costa Marques foi procurado pelo ex-secretário, que lhe disse interessado em investir em corporações imobiliárias. Assim, buscando sigilo comercial, Zílio propôs que o arquiteto figurasse como comprador de uma área, requerimento prontamente atendido.

Segundo o órgão ministerial, após a lavratura do contrato entre José da Costa Marques e os vendedores do terreno, foi elaborado um contrato de gaveta com Antelmo Zílio, pai de César Zílio, tudo visando garantir o direito do imóvel.

A aquisição do terreno se deu no dia 18 de junho de 2012. O pagamento ajustado em quatro parcelas: R$ 3.000.000,00 pagos em dinheiro, no ato da assinatura do contrato, R$ 1.134.400,24 com vencimento em 02/07/2012, R$ 4.344.399,00 com vencimento em 180 dias após a primeira parcela e R$4.344.399,00 com vencimento em até 360 dias após o vencimento da 2ª. Parcela.

As informações constam no documento que decretou a prisão preventiva de César Zílio. Na primeira fase da Operação Sodoma foram presos os ex-governador Silval Barbosa, e os ex-secretários Marcel de Cursi e Pedro Nadaf. Inicialmente investigou-se um esquema para desvio de dinheiro no programa de incentivos fiscais. Os documentos recolhidos levaram ao novo desdobramento do caso.

“[...] a organização criminosa não se limitou a praticar crimes ligados à concessão do benefício PRODEIC e que os fatos apurados na Operação Sodoma ainda não haviam revelado a existência de toda a organização, a qual demonstra ter tentáculos em diversas Secretarias do Estado, no caso, além das já referidas na ação penal anterior, a SAD”, afirma trecho do decreto de prisão.

*As fotos da galeria são de divulgação do arquiteto em seu site oficial.
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