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Responsável por investigação da Rêmora elogia Pedro Taques: "Homem de coragem e de fibra"

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Prestes a deixar o posto de Coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Marco Aurélio Castro, em entrevista concedida ao programa “O Livre”, da TV Bandeirantes, no último dia 20, não poupou elogios ao atual governador do Estado, Pedro Taques (PSDB), citado na “Operação Rêmora”. Eles atuaram juntos no Ministério Público Estadual (MPE) antes de Taques lançar-se na política. 

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“Eu sempre tive o governador Pedro Taques, meu ex-colega de MPE, como uma referência no combate ao crime organizado e um homem de coragem, e de fibra”, declarou Marco Aurélio durante mesa de debate sobre o crime organizado em Mato Grosso.

Questionado sobre a ocasião de uma investigação criminosa, a gestão de um político que tem como bandeira o combate à criminalidade e a defesa da honestidade no poder público, Marco Aurélio se revela cético. “Quando o governo se instalou, não tive dúvidas de que algo surgiria, afinal são 04 anos de mandato e a corrupção não é do governo, ela é do homem. Minha admiração continua. A Operação Rêmora é um caso isolado que ganha certa conotação por ser o primeiro caso de combate ao crime organizado dentro do governo Pedro Taques, mas muito setorizado”, afirmou.

Ele atribui a corrupção no atual governo (caso confirmado) ao método de escolha da equipe de governo usado por quase todos os políticos no país. “Temos provas de que alguns cargos deste grupo criminoso foram escolhidos por políticos. Isso para mim é um erro. Sé é do conhecimento ou não, não cabe a mim dizer, até porque não é crime este tipo de situação. Mas, para mim, é um erro. Toda vez que nós entregamos a alguém o comando daquela situação, nós delegamos. E nós podemos delegar a uma pessoa de bem ou que pretende fazer o mal”, avaliou quando questionado.

O coordenador do Gaeco ainda lembra que as investigações não pararam e deverão ainda surpreender a população mato-grossense em 2017. “Quem nós tínhamos como chefe do esquema, no início da operação, já não é mais. Estamos subindo de hierarquia e ele já está no segundo grau. Este trabalho vai longe”, disse. Questionado se as suspeitas envolvem figuras com foro privilegiado, garante. Ele ainda lança suspeitas sobre uma figura maior que Permínio Pinto (ex-secretário da Seduc) e Alan Malouf. “Esse algo maior é em termos de prerrogativa de foro e de poder político, principalmente”.

Operação Rêmora 3 - Grão Vizir: 

Nos autos da ação penal oriunda da "Operação Rêmora", o proprietário da Dínamo Construtora, Giovani Guizardi, firmou acordo de delação premiada com o MPE e envolveu o nome do empresário Alan Malouf, que teria doado R$ 10 milhões para a campanha de Pedro Taques ao governo. Em contrapartida, o proprietário do Buffet deveria recuperar esse dinheiro por meio de propinas.

Giovani declarou que no ano de 2015 foi criado informalmente uma organização criminosa a qual o fez parte e o intuito era arrecadar fundos ilícitos para fins de saldar pagamentos não declarados em campanhas eleitorais de 2014. O empresário afirma ainda que não fez parte da “criação” do esquema e entrou nele quando as fraudes já estavam acontecendo, sendo operadas pelo então secretário de Educação, Permínio Pinto (PSDB), Fábio Frigeri, Leonardo Guimarães e Ricardo Sguarezi.

Giovani relata que conhece o empresário Alan Malouf desde a infância e foi ele quem o ajudou a entrar para o esquema. Guizardi procurou Malouf em março de 2015 e solicitou que sua empresa, Dinamo Construtora, pudesse trabalhar em obras na Seduc , pois nunca tinha atuado nesta secretaria, que é a terceira em maior volumes de obras no Estado. A primeira reunião teria acontecido no buffet Leila Malouf, ocasião em que o delator soube que o deputado estadual Guilherme Maluf era o responsável por indicar o superintendente da Seduc , Wander Luiz.

Giovani então reuniu-se com Wander na própria Secretaria de Educação e ouviu que o interlocutor estava com dificuldades e que as pessoas que investiram na campanha de Taques teriam que receber o dinheiro investido e essa pessoa seria Alan Malouf. Ficou combinado o pagamento 5% do valor das obras cobradas por Wander.

O declarante conta que o critério utilizado para a divisão da propina foi dar a maior porcentagem, de 25%, para para as figuras formalmente responsáveis pela pasta, como, Alan Malouf, Permínio Pinto e o deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB), que, de acordo com o delator, era quem detinha o real o real poder político na Secretaria. Por meio de nota, Maluf também negou qualquer participação em irregularidades. Fábio Frigeri e Wander ficariam com 5% e o delator 10%.
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