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Com bens bloqueados na justiça, Maggi diz ter consciência tranquila e afirma que vai recorrer da decisão

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Com as contas bloqueadas por determinação do magistrado da Vara Especializada de Ação Civil Pública e Ação Popular, Luís Aparecido Bertolucci Júnior, o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, disse estar com “a consciência tranquila”. Seu nome está envolvido na “Operação Ararath”, que fundamentou a decisão proferida pelo juiz mato-grossense nesta terça-feira (10) e que versa sobre esquema de lavagem de dinheiro mediante “bancos fantasmas” e compras de posições no Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT).

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“Com a consciência tranquila, estou pronto para prestar todos os esclarecimentos à Justiça e, recorrer da medida, por entender não ter sido justa a decisão proferida, ainda que liminarmente”, disse Maggi, hoje considerado braço forte do presidente Michel Temer (PMDB).

A decisão polêmica foi proferida pelo juiz Luís Aparecido Bertolucci Júnior, da Vara Especializada de Ação Civil Pública e Ação Popular, nesta segunda-feira (09). Ele determinou o afastamento imediato do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT), Sérgio Ricardo de Almeida. Ainda, bloqueou bens e contas no valor de R$ 4 milhões do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, do ex-conselheiro do TCE, Humberto Bosaipo, de Alencar Soares e seu filho Leandro Valoes Soares; do ex-secretário de Estado, Éder de Moraes Dias; do empresário Gércio Marcelino Mendonça Júnior; do ex-deputado estadual, José Geraldo Riva e do ex-governador do Estado, Silval da Cunha Barbosa, além do próprio Sérgio Ricardo.

O nome do então senador Blairo Maggi (PMDB) aparece durante as investigações sobre a suposta compra da cadeira no Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT) do conselheiro Alencar Soares pelo então deputado Estadual, Sérgio Ricardo, no ano de 2009.

Os elementos juntados pela investigação até então não foram, de acordo com o entendimento de Dias Toffoli, suficientes para que a PF realizasse busca e apreensão na casa e no escritório de Maggi, com sede na empresa Amaggi.

Em suas declarações à PF, o empresário e delator, Júnior Mendonça, responsável pelos supostos depósitos de Sérgio Ricardo em favor do ex-conselheiro, revelou que, em 2009, o então governador do Estado, Blairo Maggi, obteve do “banco” de Mendonça, por intermédio de Eder Moraes, R$ 4 milhões para favorecer Alencar Soares, conselheiro que já teria vendido sua vaga a Sérgio Ricardo pelo mesmo valor.

Soares, na ocasião, já teria gasto o dinheiro e queria “anular a transação” e por isso recorreu ao banco pirata. O delator diz que entregou um cheque de R$ 2.500.00,00 para Alencar poder devolver a Sérgio Ricardo. Maggi teria “avalizado” o empréstimo.

“No dia 26 de abril do ano passado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou o arquivamento de todas as acusações que pesavam contra mim na chamada Operação Ararath. Entendeu o procurador-geral "que não haviam nos autos indícios suficientes de crimes praticados pelo senador Blairo Maggi”, argumenta o próprio, hoje ministro da Agricultura de Michel Temer (PMDB).

“Por isso, me surpreendeu a decisão” – prossegue Maggi - “ainda que provisória, do juiz da Vara Especializada em Ação Civil Pública e Ação Popular, de receber a denúncia contra mim, no processo cível que deriva da mesma Operação”, declara.

Maggi por fim desconsidera a robustez da decisão, que teria sido tomada “sem que absolutamente nada de novo (tivesse) sido acrescido ao processo, o juiz veio na contramão do entendimento do Procurador-Geral da República, a quem coube apurar com rigor as denúncias que geraram o presente feito”.
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