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Notícias / Criminal

Coronel Cordeiro nega ameaças a Silval no CCC e diz que confissão confirmará inocência

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

A defesa do ex-secretário adjunto de Administração José de Jesus Nunes Cordeiro negou que tenha sido ele o responsável por realizar ameaças ao ex-governador Silval da Cunha Barbosa, enquanto este negociava uma confissão, ainda no Centro de Custódia da Capital (CCC). Vinícius Marinho, quem promove sua defesa nas ações penais da “Operação Sodoma”, garante que seu cliente é inocente de tais suspeitas e que as confissões de Silval apenas corroboram com a tese de que o Coronel aposentado da PM não compôs a organização criminosa.

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Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), o Coronel da Polícia Militar da Reserva comandava e controlava os desenvolvimentos dos trabalhos do grupo criminoso, determinando e ordenando o que deveria ser executado.

O ex-governador passou a contar os crimes cometidos quando ele ainda estava à frente do Executivo Estadual e, além disso, se comprometeu a devolver cerca de R$ 46 milhões em bens. Segundo Silval, as falsas notícias de delação fizeram com que não só ele, mas também muitos de seus familiares sofressem represálias e ameaças que teriam sido feitas por antigos companheiros de corrupção.

Questionado se fora Coronel Cordeiro o responsável pelas ameaças à Silval Barbosa, sua defesa de indigna. “É óbvio que não. O Coronel responde por uma ameaça supostamente feita um ano e meio antes de sua prisão, por essa razão. Que ameaça dura um ano e meio?”, questionou Vinícius Marinho, que acrescenta. “O Coronel está preso, sem acesso à comunicação, da mesma maneira como imagino tenha ocorrido com o Silval. Como seria possível ameaçá-lo? Enfim, essa teoria, de quem quer que seja, é infundada”.  

A defesa aproveita para adiantar que as confissões do ex-governador apenas provarão a inocência do Coronel da PM. “Silval apenas confirmou a nossa tese, de que o Cordeiro não tem nada a ver com as acusações que lhe são imputadas. Apenas porque era o secretário adjunto do setor de licitações o MP supôs que ele estava envolvido e o jogou dentro dessa salada”, criticou.

O ex-governador se comprometeu a identificar "futuramente" as pessoas que o ameaçaram.

As ameaças teriam sido determinantes para que Barbosa realizasse a confissão e, posteriormente, entrasse com pedido pelo direito de cumprir prisão domiciliar. Segundo ele, existe um clima de ‘insegurança’ no Centro de Custódia da Capital (CCC), onde estava preso.

“O réu explica que em razão de sua nova postura defensiva e de boatos de que estaria negociando colaboração premiada tem se sentido inseguro no interior do cárcere, já que tem sido pressionado por pessoas as quais compromete-se a identificar futuramente, que temem ser citados em eventual celebração de acordo de colaboração premiada”, diz relatório da juíza Selma Arruda. 

Coronel Cordeiro:

Sobre o réu, no âmbito da “Operação Sodoma 5”, o MPE dispara: “O coronel José De Jesus Nunes Cordeiro era o responsável pela elaboração e retificações dos termos de referências, realização dos procedimentos licitatórios e da gestão dos contratos na SAD e, assim procedia, para que tudo convergisse a atender aos interesses criminosos do grupo que integrava”.

Em outro momento, acrescenta. “Na verdade, as investigações comprovaram que em nenhum momento a ingerência de José Cordeiro foi voltada a preservar o interesse da Administração Pública, ao contrário, sempre visaram preservar os interesses da organização criminosa da qual integrava".

Ameaças na Sodoma 3:

Com fama de “braço armado de Silval”, Coronel Cordeiro foi alvo de denúncias por ameaça feitas por delatores no âmbito da “Operação Sodoma 3”. O empresário Willians Paulo Mischur, suposta vítima de extorsão praticada em obediência ao ex-governador Silval Barbosa, mandou blindar os carros de uso da sua família.

Conforme os autos, em um dos encontros que assentavam o processo de extorsão, o empresário teria recebido ameaças de Cordeiro. “Nunca se sabe, às vezes um caminhão passa por cima dos seus filhos, acidentes acontecem...”, teria dito o policial. 

"Em razão de tal ameaca, a testemunha declarou que ficou com medo e chegou a mandar blindar os carros de uso da sua família", afirma os autos.

Tais intimidações, supostamente a mando de Silval Barbosa, poderiam atrapalhar os andamentos processuais pertinentes às investigações da Operação Sodoma. Júlio Minoru Tsujii, dono da empresa Webtech - Softwares e Serviços, também relatou momentos de perigo ao sofrer extorsão do mesmo grupo.
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