Dinheiro, cheque, depósito, cartas promissórias, cartas de crédito... São diversas as formas de se desviar dinheiro público reveladas pela delação de Silval Barbosa. Mas uma delas surpreende: segundo o ex-governador, a Votorantim pagou propina entregando sacos de cimento e concreto ao ex-secretário Pedro Nadaf.
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A propina foi paga porque o grupo Votorantim pediu em 2013 a ampliação de benefícios ficais concedidos a uma fábrica instalado em Mato Grosso.
A concessão da isenção foi condicionada ao pagamento de propina pelo ex-secretário Pedro Nadaf.
“Pedro Nadaf, Secretário da Casa Civil, informou ao colaborador que pediu vantagem indevida para os representantes da empresa para a ampliação do beneficio, em valores que não se recorda, mas sabe que foi através da concessão de cimento e concreto.”, diz trecho do relatório da delação.
O material entregue foi negociado por Nadaf com a empresa Concremax.
Silval disse não saber se o proprietário da construtora, Jorge Pires, tinha ou não conhecimento de que o material foi obtido ilegalmente.
Leia abaixo a íntegra da nota do grupo Votorantim:
"A Votorantim Cimentos não paga nem nunca pagou propina ou ofereceu qualquer tipo de vantagem indevida – tampouco autorizou que alguém o fizesse em seu nome.
A Concremax é um dos clientes da Votorantim Cimentos no Estado do Mato Grosso, para quem a empresa vende seus produtos. Todas essas transações são comerciais e legítimas.
Os benefícios fiscais obtidos pela Votorantim Cimentos no Estado referem-se à construção da fábrica em Cuiabá e à ampliação e modernização da fábrica em Nobres. Estes benefícios foram ratificados, após profunda análise e investigação de todas as autoridades estaduais – por meio do Ministério Público, da Controladoria Geral do Estado, da Procuradoria Geral, das Secretarias da Fazenda (SEFAZ) e de Desenvolvimento Econômico (SEDEC).
Isso se fez por meio de acordo (TAC) firmado com o Ministério Público e com o Estado do Mato Grosso, que buscou corrigir divergências de interpretação das disposições legais que disciplinam o Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Prodeic), garantindo segurança jurídica para ambas as partes e prorrogando os benefícios fiscais até 2024.
O Ministério Público reconheceu que não houve má-fé por parte da Votorantim Cimentos."