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Fraudes no 'MT Saúde' garantiram R$ 4 milhões para Maluf e R$ 3 milhões para ex-secretários, revela Silval

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Em seu acordo de delação premiada, o ex-governador do Estado Silval Barbosa revela um esquema de fraudes na quitação de uma dívida de R$ 40 milhões no programa MT Saúde. As operações teriam rendido R$ 4 milhões para o atual primeiro-secretário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) deputado Guilherme Maluf (PSDB). A quantia teria servido para pagar dívida de R$ 2 milhões que tinha com Valdir Piran.

Do total de dinheiro movimentado para quitar as dívidas do programa, R$ 2,5 milhões teriam enchido o bolso do ex-secretário César Zílio, R$ 500 mil teria ficado com o ex-secretário Adjaíme Ramos de Souza e outro meio milhão para o próprio delator. Acompanhe:

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A narrativa consta do quesito "Evento - Fraudes no Programa MT Saúde", na página 166 do Volume 1 da delação. Nele, Silval conta que o 'MT Saúde' era um programa administrado pela Secretaria de Estado de Administração (SAD, atual Secretaria de Estado de Gestão - SEGES) e que em determinado momento, os pagamentos dos serviços prestados começaram a atrasar, ficando uma dívida em torno de R$ 40 milhões para os hospitais que prestavam serviços ao programa.

Em 2012, o governador do Estado foi procurado pelo Secretario da SAD, à época César Roberto Zílio (hoje delator da Sodoma) e pelo deputado Estadual Guilherme Maluf (atual primeiro-secretário da Assembleia Legislativa). A proposta feita foi a seguinte: que o governador pagasse estes R$ 40 milhões, quitando a dívida, "pois se fossem efetuados os pagamentos os proprietários dos hospitais iriam passar para Guilherme Maluf um percentual de 10% dessa dívida", ou seja, R$ 4 milhões.

Frisa o delator que Guilherme Maluf é um dos proprietários do Hospital Santa Rosa, instituto médico particular de Cuiabá. Com estes R$ 4 milhões, Guilherme Maluf teria dito que enviaria metade para Valdir Piran, empresário do ramo de factoring que havia lhe emprestado R$ 2 milhões.

Depois deste diálogo, o colaborador se comprometeu a quitar as dívidas do 'MT Saúde', pagamento que foi feito em oito parcelas de R$ 5 milhões.  Na ocasião, Silval informou ”que passaria uma parte para César Zílio”, R$ 2,5 milhões.

Outra parte ficou com a empresa que administrava e controlava o programa de pagamentos para hospitais do 'MT Saúde', segundo Silval, tratava-se da 'Remanso Prestadora de Serviços e Terceirizados Ltda'.

O ex-secretário Adjaíme Ramos de Souza, que era Adjunto da Casa Civil, segundo Cesar Zílio, também teria recebido R$ 500 mil, bem como foram repassados R$ 500 mil reais também para o próprio Silval.

O outro lado:

Sobre a cobrança de R$ 4 milhões para intermediar o pagamento do MT Saúde para os hospitais privados, em 2012, Maluf considerou um descalabro. “O MT Saúde devia [para os hospitais] e não houve desvio. Se eu ganhei algum dinheiro com isso acho incoerência, porque é o Estado quem me deve [como proprietário do Hospitial Santa Rosa, o maior credor] e que me deve até hoje. Como vou ganhar dinheiro com algo que já é meu?”, ponderou o primeiro secretário. 

“Estou pronto para responder a qualquer sitaução. É uma irresponsabilidade  de quem fez tantas acusações levianas contra tantos agentes públicos, sem nenhuma prova”,  retrucou o parlamentar tucano, que acrescenta. 

"O ilustre ex-governador jogou uma série de denúncias e vai ter que provar! Falar e não apresentar provas vai acabar depondo contra a deleção dele e certamente voltará para a cadeia. Tudo já está sendo investigado pela Polícia Federal e Ministério Público Federal, com acompanhado do Poder Judiciário. A verdade virá á tona”, disse Maluf ao Olhar Direto.
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