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Delegados se frustram com depoimento de coronel Lesco: confessou apenas para livrar personal da prisão

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

“Estratégia não convenceu”, concluiu o delegado da Polícia Civil Flávio Stringueta após cerca de 4h ouvindo o Coronel da Polícia Militar Evandro Lesco e sua esposa, a personal trainer Helen Cristy Dias Lesco, na tarde desta terça-feira (10). O casal decidiu confessar, confirmou os fatos levantados nas investigações, mas nada de novo trouxe. Resultado: o militar seguirá preso e as investigações sobre o esquema criminoso de interceptações ilegais no Estado prosseguem, agora com quatro supostos membros confessando suas participações.

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“Ele confessou todos os fatos a ele atribuídos na ‘Operação Esdras’ em uma tentativa de livrar da cadeia sua mulher, Helen Cristy Lesco. Não acrescentou nada. Portanto, sua estratégia não convenceu. O que ele confessou já está plenamente confirmado nos autos”, avaliou o delegado Flávio Stringueta, que ao lado da colega Ana Cristina Feldner acompanhou o depoimento do casal.

Os fatos "confirmados nos autos", à que o delegado se refere, seria a tentativa de obstrução das investigações da PJC à 'grampolândia', por parte do Coronel da PM Evandro Lesco. “Coronel Lesco confessou sim a prática do crime de obstrução apurado na ‘Operação Esdras’”, reforçou ao Olhar Jurídico a delegada Ana Cristina Feldner.  

Em dado momento do interrogatório, por volta das 16h de ontem, Stringueta deixou o edifício do Complexo Ana Miranda Reis para cumprir diligências. Retornou com colegas após cerca de 30 minutos portando pastas, documentos e um computador lacrado. Segundo a PJC, trata-se de material que estava submetido à perícia técnica pela Politec, órgão responsável. A ação levantou a suspeita da imprensa de uma possível segunda fase da “Esdras”, tendo em vista o longo depoimento do Coronel da PM.

Possibilidade descartada pelo delegado. Ao Olhar Jurídico, Stringueta negou perspectiva de nova fase da operação para o futuro próximo.

Os depoimentos se iniciaram às 14h30 e foram encerrados por volta das 18h30. Evandro Lesco foi o primeiro a sair do prédio do Tribunal de Justiça (TJ), sendo conduzido para um veículo da PM que o levou para prisão. Já Helen Lesco, deixou o edifício pela garagem, em um veículo da Polícia Civil, coberta por um lençol branco para proteger o rosto. Imagens exclusivas do fotógrafo Rogério Florentino, de Olhar Direto, revelam a aliança que ela usava no dedo, o que não é permitido a presos da Penitenciária Ana Maria Couto.

A “Operação Esdras” foi desencadeada no dia 27 de setembro após o depoimento prestado pelo tenente coronel da Policia Militar José Henrique Costa Soares, revelou um verdadeiro esquema criminoso para frear as investigações sobre interceptações ilegais e afastar o desembargador Orlando Perri do caso.
 
Conforme os autos, em depoimentos prestados por Soares “descortinou-se um sórdido e inescrupuloso plano” no intuito de interferir nas investigações policiais e macular a reputação do desembargador Orlando Perri em todos os inquéritos instaurados.

Segundo o processo, Costa Soares foi convocado para atuar como escrivão no inquérito do caso grampos. Logo da convocação, a suposta organização criminosa teria buscado sua cooptação.
 
Seria tarefa do tenente coronel a juntada de informações sobre Perri para provocar a suspeição do magistrado.
 
Na Operação Esdras foram cumpridas medidas contra Paulo Taques, coronel Airton Benedito de Siqueira Júnior, o ex-secretário de Estado Rogers Eizandro Jarbas, o corornel Evandro Aexandre Ferraz Lesco, o sargento João Ricardo Soler, o major pm Michel Ferronato, Helen Christy Carvalho Dias Lesco (esposa de Lesco), o empresario José Marilson da Silva e o advogado Marciano Xavier das Neves.
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