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Auditoria aponta superfaturamento de R$ 2,6 milhões em esquema liderado por ex-secretário

Da Redação - Wesley Santiago

Auditoria do Sistema Único de Saúde (SUS), realizada no Hospital Regional de Sinop (447 quilômetros de Cuiabá), apontou que a empresa Proclim, investigada na 'Operação Sangria' por conta de fraude de contratos firmados com o município e Estado, teria superfaturado R$ 2,6 milhões durante este período no local. Na segunda fase desta ação, foram expedidos oito mandados de prisão contra o ex-secretário municipal de Saúde de Cuiabá, Huark Douglas Correia (apontado com o líder do grupo), médicos e outras pessoas. 

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Welligton Randall Arantes, ex-superintendente da Fundação de Saúde Comunitária de Sinop, que era responsável por administra o hospital, disse em seu depoimento que ao reassumir o hospital, após a intervenção, encontrou o local sucateado e com diversas irregularidades que foram levadas ao conhecimento do SUS que determinou apuração em Auditoria, sendo apontado o superfaturamento de cerca de R$ 2,6 milhões.

Além disto, Welligton teria sido procurado por representantes (Dr. Fábio Liberali e Adriano Luis) de empresas que gerenciavam as UTIs (Proclim), que manifestaram a vontade de permanecer no gerenciamento de UTIs, sendo apresentada, em reunião na sede da empresa no Edifício Santa Rosa Tower, a proposta no valor de R$ 470.000,00, sendo que a fundação conseguiria manter o serviço pelo valor de R$ 300.000,00.

Os dois teriam dito que havia a necessidade de investimentos no local e que isso causaria enorme prejuízo à empresa, principalmente da UTI pediátrica. Welligton ainda comentou que os médicos citaram que nestes R$ 470 mil, haveria  uma “gordura” e que só dependeria dele, que recebeu essa proposta como uma forma da empresa corrompê-lo visando permanecer na gestão das UTI’s do Hospital Regional de Sinop, tendo em vista que o contrato estava superfaturado, e que durante a intervenção o valor auferido pela empresa era de R$ 510 mil, onde o valor adequado seria de R$ 300 mil. 

A testemunha ainda apontou que Huark possui estreito relacionamento dentro da Secretaria de Estado de Saúde (SES) e desde aquela época era considerado o braço direito do então secretário de Saúde, Fábio Liberali, que é diretor técnico do Hospital Metropolitano (Várzea Grande) e o Dr. Godoy (um dos sócios da Proclim), sendo um dos médicos do controle e avaliação da pasta. 

Sangria 2

Até agora, já foram cumpridos mandados contra: Huark Douglas Correia da Costa, Fábio Liberali Weissheimer, Adriano Luiz Sousa, Kedna Iracema Fonteneli Servo, Celita Liberali, Luciano Correa Ribeiro e Fábio Alex Taques Figueiredo. Todos foram encaminhados para a sede da Delegacia Fazendária.

Segundo a apuração, a organização mantém influência dentro da administração pública, no sentido de desclassificar concorrentes, para que ao final apenas empresas pertencente a eles (Proclin/Qualycare) possam atuar livremente no mercado, “fazendo o que bem entender, sem serem incomodados, em total prejuízo a população mais carente que depende da saúde pública para sobreviver”.

A investigação demonstra que a organização criminosa, chefiada por médicos, estão deteriorando a saúde pública de Cuiabá e do Estado de Mato Grosso. Levantamento feito pela Central de Regulação de Cuiabá, em 2017, aponta que 1.046 pessoas aguardavam por uma cirurgia cardíaca de urgência e outras 390 por um procedimento cardíaco eletivo.

A operação, oriunda de investigação da Delegacia Especializada de Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz), é desdobramento do cumprimento de onze mandados de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá, ocorridos no dia 4 de dezembro, para apurar irregularidades em licitações e contratos firmados com as empresas Proclin (Sociedade Mato-Grossense de Assistência Médica em Medicina Interna), Qualycare (Serviços de Saúde e Atendimento Domiciliar LTDA) e a Prox Participações, firmados com o município de Cuiabá e o Estado.

Nome da Operação

O nome da operação “Sangria” é alusivo a uma modalidade de tratamento médico que estabelece a retirada de sangue do paciente como tratamento de doenças, que pode ser de diversas maneiras, incluindo o corte de extremidades, o uso de sanguessugas ou a flebotomia.
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