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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Brasileiros fazem o seu primeiro "nanopoema"

Foto: www.rel-uita.org

Brasileiros fazem o seu primeiro
Da união entre dois institutos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e o LNLS (Laboratório Nacional de Luz Síncrotron) surgiu esse que os pesquisadores acreditam ser o primeiro "nanopoema" brasileiro. Ou o primeiro poema grafado com tecnologia especial numa estrutura na escala de nanômetros. Um nanômetro vale 10-9 metro, igual a um milionésimo de milímetro.


O experimento foi realizado em março no Centro de Nanociência e Nanotecnologia César Lattes do LNLS a partir de uma ideia do poeta e músico Juli Manzi, nome artístico do doutorando do Instituto de Artes da Unicamp Giuliano Tosin, que, desde 2006, desenvolve pesquisa para a tese "Transcriações: reinventando poemas em meios eletrônicos".

"Em uma conversa com meu irmão Giancarlo Tosin, físico do LNLS, fizemos uma avaliação das tecnologias recentes que estariam ao alcance para uma transcriação poética. O critério era de que a tecnologia deveria veicular conteúdo verbal de forma perceptível. A nanotecnologia parecia ser a que melhor se encaixava em nosso propósito", explica Manzi.

Em seguida, ele procurou o professor Daniel Ugarte, do Instituto de Física. Ambos definiram que a melhor alternativa era realizar furos em um nanofio de fosfeto de índio, um material semicondutor, com um feixe de elétrons gerado no microscópio eletrônico de transmissão em varredura inaugurado neste ano no LNLS. O aparelho foi financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Luiz Henrique Tizei, doutorando no Instituto de Física, realizou o procedimento de escrita no nanofio desenvolvido pelas pesquisadoras Thalita Chiaramonte e Mônica Cotta.

A palavra-poema foi escrita de trás para diante, a partir da extremidade livre do nanofio, com o microscópio modelo JEOL2100F-URP. As medidas são da ordem de 35 nanômetros por 440 nanômetros --um milésimo de um fio de cabelo.

Elétrons escultores

"Tudo consiste em escavar o nanofio com um feixe de elétrons. Poderíamos dizer que fomos esculpindo furos no nanofio. Tudo levou cerca de cinco horas", explica o físico Tizei.

"Quando o Giuliano falou que o poema consistia em uma palavra, ficou bem mais fácil", brinca Ugarte, que pesquisa a nanotecnolgia há 20 anos. Juli Manzi diz crer que o resultado seja inédito no Brasil.

"Experiências similares com poesia já foram realizadas em outros países, como na Universidade de Cardiff, no Reino Unido, em 2007. As imagens do "nanopoema" serão expostas inicialmente em banners impressos, como um poema-cartaz", conta.

"Vi o trabalho [o poema de Arnaldo Antunes] na 2ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, em Porto Alegre, em 1999. Há a semelhança entre o conteúdo do poema e o novo ambiente gerado para a transcriação, pelas relações entre o diminutivo e o muito pequeno. As propriedades semânticas pareciam caber perfeitamente no contexto da nanoescritura."

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