O delegado da Polícia Civil Flávio Stringueta deixou as investigações quanto ao esquema de escutas ilegais que era operacionalizado em Mato Grosso e que já resultou na prisão de seis militares. O anúncio foi feito na noite de sexta-feira, 14, depois que o pedido foi protocolizado perante à Justiça Estadual. Ele havia sido nomeado delegad especial para cuidar do caso por determinação do desembargador do Tribunal de Justiça, Orlando Perri.
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Flávio, em postagem em rede social, garantiu que sua decisão deve-se a sérios problemas de saúde. Ele chegou a encaminhar por meio de grupos de aplicativos celulares cópia de exames e do atestado que lhe garante afastamento para tratamento.
"Estou sendo obrigado a expor minha vida particular para que não especulem sobre meu afastamento das investigações dos grampos. Estou deixando as investigações por absoluta falta de condições físicas. Estou com uma doença auto-imune, incurável e crônica, que, para o seu controle, necessita de um ambiente tranquilo, sem picos de estresse", declarou. A mensagem foi rapidamente espalhada.
Ele ainda garantiu que sua decisão deve-se a uma solicitação médica. Ele está em tratamento contra a doença de Crohn, que afeta predominantemente a parte inferior do intestino delgado (íleo) e intestino grosso (cólon), mas pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal.
O policial ainda garantiu que sentiu a necessidade de expor a sua vida privada no intento de evitar especulações sobre os motivos para o afastamento das investigações.
Grampos
Reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, revelou na noite do dia 14 de maio, que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crime nenhum no Estado. A matéria destaca como vítimas a deputada estadual Janaína Riva (PMDB), o advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes, conhecido como Muvuca. Eles são apenas alguns dos “monitorados”, dentre medicos, empresários, funcionários públicos etc.
Os grampos foram conseguidos na modalidade “barriga de aluguel”, quando investigadores solicitam à Justiça acesso aos telefonemas de determinadas pessoas envolvidas em crimes e no meio dos nomes inserem contatos de não investigados. Neste caso específico, as vítimas foram inseridas em uma apuração sobre tráfico de drogas.