Desde o ano de 2012, mais de 100 ações e projetos de educação no trânsito foram realizados pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob). O público varia desde crianças em escolas até adultos em empresas. A intenção é aumentar a conscientização de motoristas, passageiros e pedestres, sobre o comportamento no trânsito.

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A agente de trânsito Luciana de Aguiar Melo, que trabalha no setor de supervisão de educação da Semob, afirma que é importante o trabalho começar desde cedo, ainda nas escolas.

“Nós acreditamos que a educação parte da escola, desde criança, e o trânsito tem que estar envolvido no dia a dia da criança, do adolescente. Nós temos o programa chamado agente mirim de trânsito. Nós explicamos toda a dinâmica do trânsito, parte teórica, e fazemos a parte prática pra eles aprenderem brincando”, disse Luciana.

Além das palestras em escolas, os amarelinhos, como são popularmente conhecidos os agentes de trânsito, também fazem a capacitação dos funcionários, para que o trabalho seja contínuo, mesmo quando os agentes não estiverem na escola. Também é feito um trabalho de educação para os adultos, com ações para motociclistas, como o Moto educação, e com palestras em empresas, entre outras ações.

“Nós fazemos palestras em empresas também, de direção defensiva, legislação de transito, quais a atribuições dos agentes, falamos sobre as causas dos acidentes, fazemos focado em motociclistas. A gente oferta, mas fazemos também quando a própria empresa solicita”, disse a agente.

Outra ação de conscientização feita pelos amarelinhos são as blitz educativas, sem a intenção de punir, onde os agentes fazem panfletagem e conversam com os condutores esclarecendo suas dúvidas.

“Fazemos a blitz educativa geralmente em datas comemorativas. Nós panfletamos, orientamos os condutores e pedestres, pedindo atenção na hora que estiver no trânsito, respondemos as dúvidas também. Tem as de final de semana, de bebida e direção, nas da lei seca é feita a parte educativa também. Então, as infrações não estão ocorrendo por falta de orientação para o condutor e pedestre, porque nós estamos trabalhando arduamente com isso, e é um trabalho continuo”, afirmou Luciana.

As ações punitivas também servem para educar o condutor. No entanto, presidente do Sindicato dos Agentes de Trânsito e Transporte de Cuiabá (Sinattrac), João Bosco Campos, nega a existência de “indústria da multa” e afirma que as autuações são aplicadas apenas quando há infração.

“Não ganhamos nenhum adicional por multa aplicada. Ganhamos por horas extras e por outros tipos de ações. Ainda mais hoje, que há uma necessidade muito grande de se fazer hora extra por causa do nosso efetivo, que é pequeno. Mas não é um trabalho fácil, além dos desacatos que ouvimos, a própria qualidade do nosso clima já é um empecilho, porque o agente de trânsito as vezes tem que ficar duas horas operando um semáforo. É um esgotamento, e tem que ficar trocando os agentes, e quando demora muito ele fica sobrecarregado”.

Ele conta que em alguns casos, apenas com a punição o infrator se conscientiza.
“Já aconteceu de eu aplicar multa em alguém que estava cometendo uma infração, não era muito cara, e a pessoa, mesmo com a multa, continuava a cometer a mesma infração, e eu continuava a aplicar multa. Aí um dia a multa foi mais cara, e nunca mais a pessoa voltou a cometer aquele ato. Então, quando não dói no bolso, a pessoa não vê problema em continuar a cometer a infração, só para se doer”.

João Bosco afirmou que “só há autuação quando há infração”. Nos casos em que o motorista perde sua carteira, a Semob também promove os cursos de reciclagem. Eles passam por uma semana de capacitação para poderem habilitar suas carteiras novamente.

As ações já vêm mostrando resultados. Um levantamento feito pela Semob apontou uma redução de mais de 50% no número de multas aplicadas nos meses de janeiro a julho de 2016, em comparação ao mesmo período de 2017.