Olhar Direto

Terça-feira, 23 de abril de 2024

Notícias | Cidades

R$1.5 mi

Bando que atua em 60% dos roubos de veículos conta com mais de 70 integrantes

Foto: Reprodução

Bando que atua em 60% dos roubos de veículos conta com mais de 70 integrantes
Os delegados coordenadores da operação "Ares Vermelho", deflagrada nesta quinta-feira (17), afirmaram que mais de 70 pessoas tiveram envolvimento direto e indireto na prática dos crimes realizados pela organização criminosa que além de vender veículos roubados também fazia trocas por drogas em Mato Grosso. Eles obtiveram lucro de R$ 1,5 milhão em três meses.


Leia mais:
Líderes de organização criminosa que operava de dentro de presídio devem ser transferidos

 
O balanço da operação foi apresentado pelos delegados coordenadores da operação, Hugo Bruzulato Teixeira,  Marcelo Martins Torhacs, ambos da DERFFVA, e Luiz Henrique de Oliveira, da Inteligência, acompanhados do secretário de Estado de Segurança Pública, Rogers Elizandro Jarbas, o delegado geral da PJC, Fernando Vasco Spinelli Pigozzi, o diretor de Inteligência, Gerson Vinicius Pereira e o diretor Metropolitano, Anderson Clayton da Cruz e Veiga, em uma coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (17), na sede da Polícia Civil em Cuiabá.

O grupo criminoso foi responsável por 60% das ocorrências dos últimos três meses nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande.
 
“É uma ação que ocorreu não apenas em Mato Grosso, mas também em outros três estados. Isso demonstra que os nossos profissionais estão preparados para combater as organizações criminosas. Essas ações qualificadas da Polícia Civil serão intensificadas cada vez mais. Tenho convicção que a integração das forças e as ações qualificadas levarão mais sensação de segurança às pessoas, diminuindo não só o furto e o roubo de veículos, o estelionato e o tráfico de drogas, mas também os homicídios e os latrocínios”, disse o secretário de Segurança Rogers Jarbas. 

Os quatro líderes do grupo, que estão detidos na Penitenciária Central do Estado (PCE), associados a outros criminosos identificados, praticaram diversos crimes subsequentes relacionados a veículos, clonagens, falsificação de documentos, estelionatos e lavagem de dinheiro.
 
“A investigação demonstra que se trata de organização criminosa integrada por vários indivíduos, até o momento identificados mais de 70 pessoas envolvidas e com relação direta e indireta na prática de crimes, com funções bem definidas, imprescindíveis à organização criminosa, sendo que várias foram identificadas, mas ainda restam identificar muitas delas”, disse o delegado adjunto da Derrfva, Marcelo  Martins Torhacs.   
 
Na apuração de três meses, logo os policiais desvendaram que no topo da organização está a alta gerência e abaixo suas subdivisões em agentes operacionais  ou soldados do crime, gestores de recursos humanos (aliciadores de criminosos e simpatizantes), negociadores internacionais (trocando veículos por entorpecentes oriundos da Bolívia e Paraguai).
 
“Formavam uma verdadeira empresa do mundo do crime. Havia hierarquia, cobrança de tarefas e produtividades, sempre visando a obtenção de lucros. No curto período da investigação identificamos lucro de R$ 1,5 milhão na comercialização e troca de veículos por drogas e  também identificamos que essa quadrilha era responsável por 60% dos roubos ocorridos na região metropolitana”, explicou o delegado titular da Especializada, Vitor Hugo Bruzulato Teixeira.

Diante da sofisticação do grupo criminoso, com atuação em diversas frentes do crime organizado,  a Polícia Civil, além das ferramentas convencionais de inteligência,  utilizou pela primeira vez uma inovação tecnológica, a infiltração digital,  para o acompanhamento controlado das ações criminosas em grupos nas redes sociais, com o objetivo da produção de provas autorizadas pela Justiça.
 
O trabalho também revelou a abrangência nacional da organização criminosa que promove alianças com facções dos Estados de Rondônia, Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Amazonas. objetivando progressos dos criminosos e destruição das instituições de direito.
 
De acordo com a investigação, os criminosos Luciano Mariano da Silva (Marreta), Robson José Pereira de Aráujo (Carcaça), Edmar Ormeneze (Mazinho), em nível de liderança da célula- criminosa especializada na subtração de veículos e suas trocas por drogas objetivavam capitalizar a facção de Mato Grosso.
 
Os criminosos cooptavam jovens para prática reiterada de crimes patrimoniais majorados de roubos de veículos, que eram descaraterizados com a substituição, geralmente, de placas, e falsificação de documentos, para venda no mercado interno. Também ficou evidenciada a prática de estelionatos e lavagem de dinheiro pelo reeducando Edmar Ormeneze (Mazinho), com a participação de familiares e outras pessoas aliciadas, utilizando contas bancárias para o cometimento dos crimes.

Como agiam
 
Os crimes eram liderados por quatro principais membros da organização criminosa, que estão presos em unidades prisionais de Mato Grosso. Eles encomendavam veículos para comparsas do lado de fora, que agiam como verdadeiros “soldados do crime”, executando os roubos conforme a necessidade (modelo e cor) da organização. Assim, usando carros clonados promoviam rondas pela cidade, em grupos de três a quatro pessoas, objetivando encontrar vítimas com veículos, de acordo com as características repassadas pelos líderes. Caso encontrassem a pessoa desatenta, embarcando ou desembarcando de seu veículo, rapidamente entravam em contato com seus “superiores” e mencionavam o que tinham à disposição. Se o comando criminoso se interessasse pelo veículo, promoviam o roubo.
 
Duas características faziam do roubo uma ótima opção e a mais realizada. A primeira,  pela facilidade de tomar as chaves originais (possibilitando a ação de um criminoso sem conhecimentos específicos de mecânica/elétrica – ligação direta e outros necessários para o furto) e documentos do veículo e bens das vítimas. A segunda, o perfil das vítimas, que por estarem distraídas ou em momento de descontração, possibilitava a aproximação dos criminosos e uma abordagem armada sem maiores problemas.
 
“Realmente existe uma organização criminosa bastante articulada e os líderes estão dentro do Sistema Prisional. Eles orientam, aliciam e determinam a ação de jovens para prática de roubos e tráfico de drogas. Foi possível identificar esses líderes e segregar esses jovens que estavam praticando cerca de 60% dos roubos de veículos na capital mato-grossense”, finalizou o delegado Marcelo Martins Torhacs.
 
Golpes praticados
 
No golpe de compra e venda de veículos, os membros do grupo criminoso com maior habilidade de conversação são incumbidos de conversar diretamente, via fone ou whatsapp, com as vítimas, escolhidas dentre os anunciantes de veículos na internet (OLX, Webmotors, usado fácil e congêneres) e, normalmente, buscam por modelos de veículos de comercialização rápida e fácil.
 
Num primeiro momento, o criminoso se passa por interessado na compra do veículo e sem muita conversa promove o fechamento do negócio. Ao mesmo tempo, negocia o mesmo veículo com algum garagista (vendedor de automóveis) por um preço abaixo do mercado, tornando sua proposta muito atrativa. Desta forma, promove uma venda rápida do veículo da vítima ao garagista.
 
Encerradas as negociações com as duas vítimas do golpe (proprietário do veículo e garagista), o criminoso simula depósito (normalmente envelope vazio) na conta do proprietário do veículo e solicita que este promova o reconhecimento da firma no recibo de compra e venda para o nome do garagista e entregue o veículo na revenda de automóveis. Em contrapartida, o garagista, acreditando que se trata de um negócio verdadeiro, faz depósito em uma conta bancária indicada pelo criminoso e recebe o veículo.
 
Tão logo os valores sejam percebidos na conta bancária indicada pelo criminoso, saques em dinheiro são realizados pelos comparsas (“boca do caixa”, autoatendimento, desconto de cheque, etc.) e os valores são divididos entre os comparsas. Habitualmente, o titular da conta bancária fica com valores entre 20% e 40% do depositado pela vítima, pois sabem que suas contas sofrerão bloqueio judicial.
 
No golpe do Estorno, além de fazer a vítima perder o veículo no golpe anteriormente explicado, eventualmente, os criminosos simulam mais de um depósito: um no valor combinado para o pagamento do veículo e outro em valor diferente. Para este segundo depósito, cria-se uma estória, na qual o criminoso diz ter realizado o depósito equivocadamente e solicita à vitima que promova o estorno, levando-a mais uma vez a perder seu patrimônio.

De acordo com os delegados, Vitor Hugo e Marcelo Martins, durante a investigação foi comum perceber a participação de inúmeras pessoas, a maioria sem passagem criminal, que ofereciam seus imóveis para locação, os quais seriam destinados a servir de esconderijo de veículos subtraídos ou, até mesmo, entorpecentes. Da mesma forma, o empréstimo de contas bancárias para movimentação de valores oriundos da criminalidade (golpes, “caixinha”, etc.), também era recorrente.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 

Comentários no Facebook

xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet