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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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soco no rosto

Estudante da UFMT denuncia agressão e homofobia de PM em detenção na Parada Gay

Estudante da UFMT denuncia agressão e homofobia de PM em detenção na Parada Gay
A estudante de Serviço Social da Universidade Federal de Mato Grosso Natalia Damacena Santos Alves, de 22, alega ter sofrido agressões físicas e verbais de uma policial militar na última sexta-feira (22), após uma confusão que começou na Parada da Diversidade Sexual de Cuiabá e acabou na delegacia. De acordo com Natalia, a PM a xingou, bateu no seu rosto, deu choques, utilizou gás de pimenta, apontou arma e disparou no chão. Toda a violência, sustenta, tem um único motivo: a homofobia.


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Natalia Damacena conta que estava no show da cantora Ludmilla na Orla do Porto, local onde o ato se encerrou, quando viu uma mulher (que ela não conhecia) sendo imobilizada por três policiais. Por achar desproporcional o uso de força, foi perguntar o nome dos militares envolvidos na ação, pois os mesmo não tinham identificação, e acabou recebendo ordem de prisão. Levou gás de pimenta no rosto e choque nas pernas dentro da viatura. Ela conta que foi levada ao Cisc Planalto e voltou a perguntar o nome da policial mais agressiva, momento em que foi derrubada da cadeira e levou soco no rosto (veja fotos com os hematomas).
 
“A policial [Karen Fortes] disse que queria que a gente morresse”, relembra. “Chegando no Cisc Planalto, perguntei para a policial qual era o nome dela. Ela me derrubou da cadeira e começou a desferir socos na minha cara. Foi ela que agrediu a gente. Fomos vítimas de homofobia, duas lésbicas negras, em um evento que era nosso”, se revolta.
 
Além das agressões físicas, ela ainda revela ter sofrido humilhações, porque a policial além de tê-la xingado, gravou vídeos proferindo as ofensas. Ela foi detida pela suspeita de ter atacado a soldado Karen. “Em momento nenhum [eu] uma menina de 22 anos bateria em uma policial de escopeta”, contra-argumenta.
 
“Demorou horas e não vimos o delegado em nenhum momento, fomos ouvidas pela escrivã por volta das 3 horas da manhã e ficamos presas a noite inteira até o dia seguinte, que seria a audiência de custódia. Claramente as agressões da policial foram motivadas por ódio e lesbofobia, fui presa apenas por pedir que os policiais se identificassem”, relembra.
 
A versão da polícia e sobre o motivo da detenção
 
Segundo o boletim de ocorrência 2017.318022, feito com base no depoimento da soldado Karen Fortes, Natalia Damacena e Jocelina Franca Ventura da Rocha, 29 anos [a mulher que inicialmente estava sendo imobilizada por três policiais] foram presas por terem atacado com socos na cabeça e chutes a policial militar que fazia a segurança do evento, além de terem proferido ofensas verbais. Elas ainda teriam se recusado a serem detidas, chutando o veículo da corporação e convocaram populares presentes a jogar pedras contra a PM.

De acordo com a versão do 1° Batalhão da Polícia Militar, uma guarnição foi acionada por seguranças particulares, que apontaram para um princípio de tumulto na multidão, durante o show. Ao chegarem no local, aconselharam os populares a se retirarem daquele espaço, a fim de evitar brigas. Teria sido nesse instante que a soldado Karen Fortes teria recebido um soco na cabeça supostamente de Jocelina, que ainda teria incitado a população a reagir contra a PM, xingando a soldada de ”filha da p*” e “desgraçada”.
 
Conta a soldado que foi nesse momento que Natalia Damacena teria entrado na história, desferindo um chute no braço direito da soldado. A PM alega que se viu cercada por populares excitados para o início de um tumulto e utilizou gás de pimenta e arma elétrica não letal para dispersar a multidão, conseguindo deter Natália e Jocilene. Narra ainda que ao serem colocadas no camburão da viatura, as suspeitas deram chutes contra a porta do compartimento traseiro.

Durante revista, no CISC Planalto, a PM afirma que encontrou uma arma branca em posse de Natália, que apresentou marcas de mordida na perna. O BO ainda afirma que a interrogada passou a proferir ofensas morais a corporação. Apresentou-se como funcionária da Defensoria Pública de Mato Grosso e que, sendo filha de advogada, iria fazer com que os militares envolvidos em sua prisão 'pagassem caro por tudo'.

Em entrevista ao Olhar Direto, Natalia afirmou que é filha de uma costureira, que cursa estuda advocacia. Ela sustenta que apensar afirmou para a policial que conhecia os seus direitos.
 
Confira abaixo a íntegra do depoimento que  Natalia enviou ao Olhar Direto:
 
“No dia 22/09 eu estava na orla do Porto no show da Parada da Diversidade, quando houve uma confusão. Chegando no local vi a Jocilene (da qual eu não conhecia até então) ser imobilizada por 3 policiais, dois e uma mulher (Karen), vendo a situação e por considerar estar sendo cometido um excesso por parte da PM, pedi a identificação dos policiais (lembrando que todos os policiais estavam sem identificação) e foi nesse momento que a policial me deu voz de prisão de modo que eu reagi perguntando o motivo de estar sendo levada.
 
Dentro do camburão, os policiais deram choques em nossas pernas e jogaram spray de pimenta. A policial Karen apontou uma arma pra cara da minha namorada e depois atirou no chão, sem necessidade de tal ato.   
 
Dentro do camburão, passei mal, mas a policial negou socorro e ainda nos ameçou, dizendo : "eu odeio todos vocês e quero que morram". Em todo momento ficamos com medo de morrer, pois a policial nos ameaçava. Chegando da delegacia, perguntei o nome da policial e disse que era meu direito, ela me derrubou da cadeira, usando força excessiva e me deferiu socos na cara, me xingando de filha da puta e constrangendo-nos em todo momento. 
 
Demorou horas e não vimos o delegado em nenhum momento, fomos ouvidas pela escrivã por volta das 3 horas da manhã e ficamos presas a noite inteira até o dia seguinte que seria a audiência de custódia. Claramente as agressões da policial foram motivadas por ódio e lesbofobia, fui presa apenas por pedir que os policiais se identificassem”.
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