O novo secretário de Segurança Pública (Sesp), Gustavo Garcia, evitou tecer comentários sobre o esquema de grampos ilegais em Mato Grosso e afirmou, durante a Caravana da Transformação, que acontece em Tangará da Serra (244 km de Cuiabá), que dará continuidade ao trabalho do ex-secretário Rogers Jarbas, que está preso no Centro de Custódia da Capital (CCC) acusado de interferir no andamento das investigações das interceptações ilegais.

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“Não visitei [o Rogers Jarbas] e não vou tecer comentários a respeito disto. Sobre a questão dos grampos não podemos comentar. Até porque, o processo está em sigilo. Não posso falar nada sobre isto”, limitou-se a dizer o secretário, quando questionado a respeito dos grampos ilegais. Questionado sobre a notícia de que ele teria sido chamado para depor, o gestor da pasta se esquivou: “Não posso falar do que não existe”.
 
Gustavo também afiançou que dará continuidade ao trabalho feito anteriormente por Rogers Jarbas. Citou ainda a redução em 12% nos homicídios ocorridos no Estado e garantiu que os resultados são o melhor medidor de que a metodologia implantada desde que o ex-secretário assumiu estão dando certo.
 
“O que está sendo feito e dá bom resultado, não pode mudar. Estamos com redução de homicídios e apreendendo mais drogas e armas de fogo, temos que seguir o mesmo caminho e melhorar para que o trabalho que estava sendo bem feito, continue apresentando bons resultados”
 
O secretário ainda negou que exista qualquer tipo de crise: “Não há nenhuma crise. O sistema de Segurança Pública é muito forte. Problemas sempre vão acontecer, mas as instituições têm história e são democráticas. Repito, as forças de Segurança Pública são históricas. Cada servidor que as representa, tem amor a profissão, honra no dia a dia a confiança que a sociedade coloca neles”, finalizou.
 
Depoimento
 
No dia 12 de outubro, o delegado Flavio Stringueta confirmou que o novo secretário seria ouvido como suspeito: “Constou no depoimento da delegada Alana que o ex-secretário Rogers Jarbas colheu o depoimento, mas ele não estava presente na maior parte disto. Foi o Gustavo o verdadeiro inquisidor. O Rogers voltou apenas no final para corrigir alguma coisa ou acrescentar”, disse ao Olhar Direto.
 
A Operação Esdras
 
Poucos dias após manifestações do Poder Executivo contra atuação de Perri, a operação Esdras, desencadeada em  27 de setembro, com base no depoimento prestado pelo tenente coronel da Policia Militar José Henrique Costa Soares, revelou um verdadeiro esquema criminoso para frear as investigações sobre interceptações ilegais e afastar o desembargador.
 
Conforme os autos, em depoimentos prestados por Soares “descortinou-se um sórdido e inescrupuloso plano” no intuito de interferir nas investigações policiais e macular a reputação do desembargador Orlando Perri em todos os inquéritos instaurados.
 
Segundo o processo, Costa Soares foi convocado para atuar como escrivão no inquérito do caso grampos. Logo da convocação, a suposta organização criminosa teria buscado sua cooptação.
 
Seria tarefa do tenente coronel a juntada de informações sobre Perri para provocar a suspeição do magistrado.
 
Grampos
 
Reportagem do programa "Fantástico", da Rede Globo, revelou na noite de 14 de maio que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crime.
 
A matéria destacou como vítimas a deputada estadual Janaína Riva (PMDB), o advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes, conhecido como Muvuca. Eles são apenas alguns dos “monitorados”.
 
O esquema de “arapongagem” já havia vazado na imprensa local após o início da apuração de Fantástico.