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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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AGUARDAM JUSTIÇA

​Indígenas se defendem e afirmam que conflito só ocorreu para parar desmatamento

Foto: Reprodução

​Indígenas se defendem e afirmam que conflito só ocorreu para parar desmatamento
Os indígenas da comunidade Kanela, da aldeia núcleo da Aldeia Nova Pukanu, afirmaram que os conflitos com os fazendeiros no município de Luciara (a 1.188 km de Cuiabá) foram motivados por causa do descumprimento dos produtores rurais em desmatar a área que está em demanda judicial, mesmo após o pedido do procurador Wilson Rocha, da Procuradoria da República no Município de Anápolis, para que parasse o desmatamento. No último dia 21 os indígenas foram até a área e apreenderam os materiais usados no desmatamento.


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De acordo com os indígenas, em 2009 foi feito um levantamento que identificou que a área em Luciara era de propriedade da União mas estava improdutiva. Foi feito um requerimento por parte da Funai para que a terra fosse cedida para a comunidade Kanela. O pedido foi aceito, no entanto ainda está em demanda judicial, e não foi entregue oficialmente.

Os indígenas decidiram então aldear a área, que estava inabitada. No entanto, os fazendeiros vizinhos começaram a desmatar a região. Em uma visita ao local, em agosto de 2016, o procurador Wilson Rocha flagrou a ação de desmatamento dos fazendeiros. Após uma reunião, ele determinou que a área não deveria ser alterada até a conclusão do processo e que os fazendeiros retornassem às suas propriedades.

Porém, os fazendeiros decidiram não obedecer à determinação e continuaram com a ação. Após uma reunião, os indígenas decidiram ir até a área onde era feita o desmatamento, no último dia 21, e apreenderam uma motosserra, um trator com reboque, uma espingarda adulterada para o calibre 22 e tambores de gasolina e óleo, além de algumas peças de madeira, no intuito de cessar o desmatamento da área que está em processo para ser entregue a eles.

O secretário da aldeia, Pedro Kanela, afirmou que os indígenas têm o direito de apreender os materiais e que já no dia 21 foi feito um ofício informando as autoridades sobre o ato. No dia 25 foi feito outro boletim na Policia Civil, por parte dos indígenas, informando a apreensão.

“Tem uma lei que diz que todo o cidadão tem o direito de combater os crimes ambientais, e foi o que fizemos. Mas isto que passamos, vários indígenas passam, estão sendo reféns dentro das suas próprias terras. Mas quem estava aqui quando chegaram? Há quantos anos nós estávamos aqui. Até hoje vemos na mídia o índio sendo retratado como bicho, como um ser que não tem direito, a um espaço de sobrevivência, e nem sequer o direito de viver do seu jeito. Agora o branco sim, este pode fazer tudo, este pode desmatar, este pode dizer ‘isto é meu, esta propriedade é minha’, ele pode ir ao banco pegar dinheiro, pode entrar em todos os órgãos e ter acesso ao que quer, e o índio não”, afirmou o indígena.
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