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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

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O ANTI-TAQUES

Fagundes aponta “falta de diálogo” como marca de Pedro Taques e promete postura oposta

Foto: Rogério Florentino Pereira/ OD

Fagundes aponta “falta de diálogo” como marca de Pedro Taques e promete postura oposta
Firme, forte e focado em se tornar governador de Mato Grosso, é assim que o senador Wellington Fagundes (PR) tem se apresentado desde que seu grupo, composto até o momento por seis partidos, definiu seu nome para encabeçar a disputa pelo Palácio Paiaguás. Motivado pela oposição, Fagundes apontou a “falta de diálogo” como ponto nevrálgico da gestão Pedro Taques (PSDB) e afirmou que, caso eleito, é justamente essa a mudança que irá propor: fazer política em grupo.


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“Eu não quero decidir sozinho quando for governador. Minhas decisões vão ser sempre fruto de muito diálogo. Eu penso que para construir uma aliança forte, confiável, que tenha realmente credibilidade o primeiro aspecto é a palavra. Isso está no meu histórico, ou seja, o que eu disse eu sempre cumpri. O que está acertado na nossa aliança é o seguinte: tudo eu posso ouvir e levar para eles e aí, lá, pela maioria, nós vamos decidir. A decisão nunca será minha, individual”, garantiu o pré-candidato, em entrevista exclusiva ao Olhar Direto.

O arco de aliança de Fagundes teve início com quatro partidos: PR, PTB, MDB e PR, que embora só tenha assumido oficialmente estar na oposição na semana passada, segundo o próprio senador, faz parte da “base” que lançou seu nome como candidato.

Nas últimas semanas, após intensas articulações, o republicano atraiu o apoio do PSD, do ex-vice-governador Carlos Fávaro, e do PC do B, que terá a ex-reitora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Maria Lúcia Cavalli, como candidata ao Senado. Se conseguir atrair também a ‘Frentinha’, grupo do senador José Medeiros (Podemos), Fagundes totalizará 11 partidos o apoiando.

Veja a íntegra da entrevista que Wellington Fagundes concedeu, na qual falou sobre suas propostas, das movimentações em prol de sua candidatura e do que espera para a campanha que se aproxima:

Olhar direto: O senhor tem conversado com uma série de grupos, esteve reunido com a Frentinha, por exemplo, já fechou questão com o PSD, etc. Quais têm sido as exigências desses partidos para fechar apoio ao senhor e, em contrapartida, o que o senhor espera de um grupo que eventualmente o apóie?

É importante dizer que nós tínhamos um núcleo que começou com o PR, MDB, PP e PTB. Esses quatro partidos já vêm, há muito tempo, se reunindo para formar essa aliança, que depois arredondou com a consolidação do meu nome para candidato a governador.

Inicialmente nós tínhamos dois candidatos, tinha também o Antonio Joaquim. Depois nós tivemos a vinda do PSD e agora, no domingo, o PC do B definiu que também vai estar conversando conosco. Dentro disso o que nós temos até o momento é a candidatura a governador e agora vamos discutir a formação da chapa, daqui até as convenções. Já temos pré-candidatos nominamos ao Senado, que é o Carlos Favaro, a Margareth Buzzetti e a ex-reitora Maria Lucia Cavali.

Nessa conversa que tivemos [com a Frentinha], eles têm vários candidatos ao Senado, mas eles não tem candidatos a governador. Então, eles apresentaram a possibilidade de estar conosco. É claro que quando você aumenta muito o numero de candidatos na majoritária a discussão fica muito mais complexa. Mas eles queriam me ouvir e eu disse que penso.

Nós não temos nenhum veto a partidos ou segmentos e todos os possíveis candidatos à presidência que estiverem aqui, se possível, eu quero cumprimentá-los, independente de estarem na nossa coligação ou não. Porque eu vejo que como governador eleito eu preciso ter um relacionamento bom com todos os partidos ou pelo menos com a maioria, tanto aqui quanto em Brasília, dadas as necessidade de Mato Grosso.

Mato Grosso é um Estado que quem aplicar aqui, seja o Governo Federal, seja a iniciativa privada, o resultado é muito rápido para o país e para quem estiver investido. Mas para isso é necessário ter um bom relacionamento.

Como eu disse, nós temos um núcleo, uma aliança e eu não decido sozinho. Como eu não quero decidir sozinho quando for governador. Minhas decisões vão ser sempre fruto de muito diálogo. Eu penso que para construir uma aliança forte, confiável, que tenha realmente credibilidade o primeiro aspecto é a palavra. Isso está no meu histórico, ou seja, o que eu disse eu sempre cumpri. O que está acertado na nossa aliança é o seguinte: tudo eu posso ouvir e levar para eles e ai, lá, pela maioria, nós vamos decidir. A decisão nunca será minha, individual.

Eu sempre tenho dito que não sou um homem de briga, eu sou um homem de luta. Se nós temos um objetivo, nós vamos trabalhar incessantemente. Agora, a luta tem que ser no diálogo. Na guerra, inclusive, o diálogo é fundamental para encerrar um conflito. Aliás, guerras começam por falta de diálogo. Eu não quero guerrear, fazer um governo de guerra, eu quero fazer um governo em que a gente busque transpor as dificuldades com conversa.

Nosso país é muito plural, Mato Grosso está em constante desenvolvimento. Boa parte da população que mora em Mato Grosso é gente que veio de fora. Eu, por exemplo, sou nascido em Mato Grosso, mas meus pais vieram do Nordeste.

Olhar Direto: O senhor tem adotado uma postura muito mais tranqüila que seus possíveis adversários e defendido que não irá levar a candidatura para o campo das agressões. Mas, sabemos que em campanha tudo é possível e os ânimos se exaltam. Quando a campanha começar, de fato, podemos esperar por um Wellington mais incisivo?

Incisivo é diferente de agressivo. Eu tenho procurado ser moderado, procurado não me aproveitar. Eu nunca fiz política pisando na cabeça dos outros, não fiz da política um trampolim para prejudicar nenhum adversário. Agora, já fiz embates duros. Mas não na base do pessoal, não faço política assim.

Eu não olho para o retrovisor, o passado é para se aproveitar a experiência. No mais, temos que olhar para o horizonte.

Olhar Direto: O senhor é o representante natural da oposição a esse governo, mas não teme perder espaço nesse campo ao manter essa postura menos incisiva perante crises do governo. O senhor, por exemplo, nunca se manifestou com contundência frente ao escândalo dos grampos, atrasos de repasse e operação rêmora.

Eu entendo que o que é da Justiça, é a Justiça que tem que resolver. Como a minha candidatura é para governador, eu tenho que pensar em administrar o Estado. Então, eu acho que no Brasil nós temos muitos órgãos de controle – OGU, CGU, Tribunal de Contas, CGE -, o Governo tem que induzir aquilo que acha que está errado a ser fiscalizado, peça para fiscalizar. Mas o Estado tem que ser promotor do desenvolvimento, encontrar soluções, fazer com que aconteça. Por exemplo, hoje o maior problema de Mato Grosso são as obras inacabadas. Obra inacabada é um prejuízo muito grande para a sociedade, ela não serve para anda, ela faz com que o Estado tenha que gastar mais.

A sociedade quer resultados. O cidadão que está lá na casa dele quer saber o que o governante pode fazer para melhorar a vida dele, da família dele. Ele não quer saber de briga. Claro que às vezes a gente se empolga, no sangue, nos palanques, com discursos inflamados. Mas a demagogia está fora de moda.

Olhar Direto: Certa vez o senhor sugeriu que o governador Pedro Taques não teria feito o VLT propositalmente. Caso fosse governador, qual teria sido sua postura com relação ao modal?

Eu buscaria cumprir todas as obras, primeiramente. O VLT, por exemplo, se tivesse solucionado há três anos atrás, por exemplo, porque ele [Taques] prometeu concluir. Se eu tiver a oportunidade de ser governador eu quero, logo de cara porque isso para Cuiabá é muito importante, chamar a sociedade para discutir. Porque hoje, na situação que está, nós temos que saber o preço em que já está essa obra. Porque o tempo já passou demais, os equipamentos já estão ultrapassados, então o Estado vai ter que levantar os custos disso.

Se o Estado tivesse lá atrás vendido aqueles equipamentos, podia ter concluído a obra e comprado equipamentos novos agora, talvez até mais barato. Eu acho que isso foi falta de gestão. Ele poderia ter chamado a sociedade, levado os custos e debatido se compensava ou não continuar, se ainda era viável implantar.

O grande erro do VLT foi principalmente o Estado decidir sem a participação das prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande. Os dois tinham que participar efetivamente do projeto e da obra, por no município a maior autoridade é o prefeito. Qualquer obra dentro do município quem tem a palavra final é o prefeito.

Olhar Direto: Recentemente o governador Pedro Taques desafiou seus críticos a apontarem onde de fato ele errou. O senhor pode fazer esse apontamento? E, do outro lado da moeda, o senhor consegue enxergar quais avanços da atual gestão?

A primeira resposta é o que a população tem dito, essa é a melhor análise. O cidadão hoje está muito insatisfeito com a governança do Estado, em todas as áreas. O cidadão é que diz. Se a população está insatisfeita, eu como opositor estou aqui trazendo o sentimento do que a gente ouve das pessoas.

Eu sou um parlamentar municipalista, eu ando o Estado inteiro, eu converso com os prefeitos, com os vereadores, com as entidades filantrópicas que ele [Taques] prometeu recursos e não cumpriu. Para ser candidato eu me baseei naquilo que eu sinto na rua, no dia a dia, conversando com as pessoas. Mas o principal, na minha opinião, foi realmente a falta de diálogo. Os números do Estado a gente não conhece. Até o Tribunal de Contas teve que entrar na Justiça para pedir dados.

Eu acho que esse programa [Caravana da Transformação] que ele fez aí, de mutirão da saúde – eu não sei se isso é programa de Governo  -, mas eu não sei qual o resultado disso. Então, eu vou avaliar os custos. Mas é muito pouco. Ele tem colocado isso como um projeto de Estado, praticamente.

Olhar Direto: Recentemente o senhor elogiou a postura do secretário de Fazenda, Rogerio Gallo, por conta da atuação dele em prol da aprovação de seu relatório propondo mudanças no FEX. O Governo tem publicado releases e notas tomando para si os créditos da aprovação desse relatório. Embora reconheça e parabenize a atuação do secretário Gallo, não chateia o senhor de alguma forma que o Governo, por sua vez, não reconheça também os seus esforços? Afinal, o relatório era do senhor.

Eu não me preocupo com isso. Eu sou senador, fui relator, isso está no histórico, está nos anais. O Rogerio Gallo esteve presente, contribuiu com ideias, para mim ele foi uma boa surpresa. Eu acho que isso é o mínimo necessário que deveria ter sido feito pelo Governo durante todo o mandato, não só dessa gestão, porque a regulamentação da Lei Khandir vem sendo discutida de 1996.

Eu gostaria que o governador Pedro fosse até Brasília para a gente, juntos, chamar os demais governadores. Porque Mato Grosso é o mais interessado, é quem mais recebe. Assim como eu lutei para liberar os recursos e ele não teve esse reconhecimento. Só no Governo dele foram mais de R$ 2 bilhões, a bancada toda os deputados Nilson Leitão, o Fabinho, cada um teve o seu papel.

Olhar Direto: O senhor vem de uma longa carreira no Legislativo, tendo sido eleito por seis vezes deputado federal e agora senador. Agora, o senhor tenta uma vaga no Executivo Estadual. Muitas pessoas dizem que político tem perfil. O senhor acha que tem perfil para ambos os Poderes? O que o capacita para ser governador?

Eu comecei com seis anos de idade trabalhando com o meu pai. Se você for em Rondonópolis conversar com meus amigos de infância, eu desde criança trabalhei. Com 22 anos eu me formei e montei o meu negócio. E aí comecei, aos 33 anos, minha carreira na política. E eu sempre gostei de política.

Eu me lembro que eu era pequeno, você não era nem nascida, eu via o Pedro Pedrossian nos palanques, eu achava aquilo a coisa mais linda do mundo. Quando eu fui me casar, meu irmão comunicou a minha esposa: são duas coisas que ele gosta, de criança e de política. Eu faço isso com muito prazer.

Olhar Direto: O ex-secretário Eder Moraes apresentou um projeto que propõe mudanças no Fethab, classificado pelo governador Pedro Taques como “uma piada”. Taques disse que sequer leria o projeto, que tinha coisas mais importantes para fazer. O senhor, caso seja eleito governador, pretende analisar o documento? Aceitaria ao menos discutir a proposta vinda do Eder? O fato de o projeto ter sido apresentado por alguém condenado por corrupção lhe incomoda?

Todas as ideias que forem apresentadas eu vou procurar discutir. Vou discutir com a sociedade, com as equipes e com o funcionalismo.

Olhar Direto: No ano passado o senhor foi a favor da manutenção do mandato do senador Aécio Neves, contrariando uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Aqui em Mato Grosso atualmente se discute a competência da Assembleia em votar a soltura do deputado Mauro Savi. Como o senhor avalia essa situação? Se arrepende do seu posicionamento lá no Senado?

Não [não se arrepende do posicionamento], ele está sendo investigado. Aqui no caso da Assembleia é uma questão da relação dos deputados com o Tribunal de Justiça, aí compete à Assembleia dialogar para ver qual o melhor caminho. Houve decisão do Tribunal dizendo que não pode ocorrer a soltura, mas com o diálogo eu acho que pode se encontrar uma solução.

Olhar Direto: O chamado escândalo das sanguessugas estourou em 2006. Agora, 12 anos depois, prestes a se tornar candidato ao governo de Mato Grosso, o senhor se torna réu. Nos debates, o senhor será cobrado por isso, como justificar para o eleitor e pedir voto de confiança tendo seu nome relacionado a um esquema que desviava recursos da saúde.

A decisão que já teve da Justiça Federal, eu fui o primeiro caso julgado exatamente porque não tinha nenhum elemento probatório e foi arquivado, inclusive transitado em julgado na área cível. Então, eu acredito que seguirá o mesmo caminho na área criminal.

Olhar Direto: O governador Pedro Taques se elegeu como antagonista do então governo Silval e, ao longo do mandato, estabeleceu inúmeros comparativos com o antecessor. Ele ainda adota essa estratégia. O senhor acredita que a imagem do Silval ainda pode ter peso relevante nesta eleição? E o fato de o senhor estar coligado com o MDB lhe traz prejuízo neste sentido?

O partido não erra, quem erra são as pessoas. Se alguém errar, ele vai responder pelos seus atos. Eu não posso responder pelos erros dos outros. É isso.
 
 
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