A verve provocativa inserida num contexto de sagacidade para atacar sem se expor foi novamente colocada à vista pelo presidente regional do PMDB, deputado federal Carlos Bezerra, ao criticar duramente os governantes que não investiram em saneamento básico, na região metropolitana de Cuiabá. Ele lembrou que a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) existente foi construída pela Companhia de Saneamento do Estado (Sanemat), durante o seu governo, no final da década de 1980.
“Fala-se muito em defesa do rio Cuiabá. Mas a maior defesa do rio Cuiabá é o saneamento! E é não jogar dejetos
in natura no leito do rio Cuiabá, como é jogado diariamente”, criticou ele, numa alfinetada nos dois principais pré-candidatos ao governo de Mato Grosso, em 2018: o governador José Pedro Taques (PSDB) e no ex-prefeito Mauro Mendes (DEM), que deixou o comando do Palácio Alencastro em dezembro de 2016.
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Taques e Mendes são os principais concorrentes do senador Wellington Fagundes (PR), pré-candidato ao governo de Mato Grosso apoiado pelo MDB. “Se todos os governadores fizessem um pouco; se todos os prefeitos também fizessem, não teria que lançar Programa de Saneamento, hoje [pela gestão Emanuel Pinheiro]. O poder público deve olhar para qualidade de vida da população: saneamento, saúde e educação”, ensinou Bezerra.
Na crítica aos governantes que passaram e supostamente não investiram em coleta e tratamento de esgoto, após seu mandato, como não declinou nomes, além de Taques e Mendes, Carlos Bezerra acertou Jayme Campos, Dante de Oliveira (
in memorian), Blairo Maggi e Silval Barbosa.
Carlos Bezerra crê que o Programa de Saneamento Básico da gestão Emanuel Pinheiro talvez se torne um dos grandes legados de Cuiabá. “Cuiabá tem rede de esgoto em 25 bairros e uma única ETE, que fiz quando era governador. De lá para cá, quase 40 anos e ninguém fez nada nesse sentido”, cutucou ele.
Quando assumiu o mandato, em março de 1987, segundo Bezerra, Cuiabá não tinha água tratada. “Tinha a Saneamento, que era um cabide de emprego e a cidade não tinha água tratada. Sempre tive saneamento, educação e saúde como prioridade em minha vida pública”, disparou ele, numa alfinetada no ex-governador Júlio Campos (DEM).
Sabendo da gravidade da situação, foi até Brasília e pediu que a diretoria da Caixa Econômica (CEF) apontasse um técnico para presidir a estatal. “Pedi a eles: me indiquem um engenheiro sanitário para presidir Companhia de Saneamento de Mato Grosso. Aliás, Companhia de Saneamento que não saneia nada. Me indicaram um cearense: Luiz Márcio Bezerra. E eu o trouxe”, citou o presidente do MDB.
“Na primeira visita, Luiz Márcio me levou um vidro cheio de lama e colocou em cima da mesa. E perguntou-me: o senhor sabe o que é isso? Eu respondi: sei, sim; é lama. Ele emendou: é o que o cuiabano bebe. E é só um terço dos cuiabanos que têm direito a essa lama. Dois terços não têm direito nem mesmo à lama”, recordou Bezerra, aumentando o tom crítico.
“É lama pura. Do jeito que entra, sai. Refizemos a Estação de Tratamento de Água [ETA] da São Sebastião. Construíram o Distrito Industrial e Parque Cuiabá sem água. Pensei... Como é que constroem um bairro sem água? Depois da reforma [da ETA São Sebastião], nós construímos a ETA Tijucal, que fornece água a Cuiabá até hoje”, complementou Bezerra.
