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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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“A Serys está voltando sem ter o que temer”, diz ex-petista candidata a deputada estadual

Foto: Rogerio Florentino/Olhar Direto

“A Serys está voltando sem ter o que temer”, diz ex-petista candidata a deputada estadual
Deputada estadual por três mandatos consecutivos, primeira e única mulher eleita senadora por Mato Grosso, a professora Serys Slhessarenko (PRB) irá tentar pela segunda vez, aos 73 anos de idade, ingressar na Câmara dos Deputados. De “casa nova” após deixar o PT, partido que ela ajudou a fundar em Mato Grosso nos anos 80, a pré-candidata explica que voltou a disputar cargos eletivos a pedido do povo e sem nada a temer.


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“A Serys está voltando sem ter o que temer. Quem não conhece a minha postura pode querer fazer politicalha, me colocar na mesma cesta. Mas se me chamar de corrupta não vai ficar barato. Eu nunca fiz a velha política de compadrio, de favorecimento de determinados grupos, eu fiz política para tentar atender os interesses e as necessidades da maioria da população. E isso está mais do que claro”, respondeu, ao ser questionada se não teme que sua imagem seja atrelada aos escândalos envolvendo o PT ou à “velha política”.

Esta é a segunda vez que Serys tenta uma vaga na Câmara dos Deputados. Em 2010, mesmo obtendo a sexta maior votação do Estado para o cargo, ela acabou não sendo eleita, porque sua chapa não atingiu quociente eleitoral. Desde então está afastada de cargos públicos.

Com um currículo marcado pela autoria e co-participação em projetos de leis importantes, como o que regulamentou a delação premiada, o que instituiu a política de cotas nas Universidades e o que pôs fim ao Fundo de Assistência Parlamentar (FAP), Serys garante que, caso eleita, irá manter sua agenda voltada às pautas que são de interesse popular.

Veja a íntegra da entrevista que Serys concedeu com exclusividade ao Olhar Direto:
 
OD - A senhora esteve afastada da vida pública por um tempo, o que a fez voltar?

Serys - As pessoas ficaram tentando adivinhar, fazendo conjecturas, dizendo que eu não voltaria mais, que estava voltando, até que não devia voltar. Mas eu nunca saí da política realmente, posso ter saído da condição de ocupar algum cargo. E eu acho que ninguém tem que ficar pendurado em cargo, eu sou contra. O mandato é algo que você recebe da população, o desempenha e isso não deve significar que você vai ficar o resto da vida se pendurando por aí.

OD - Então, o que te fez voltar a concorrer a cargos eletivos?

Serys - Pressão realmente da população, querem que eu volte. Isso é um chamado quase ininterrupto por onde a gente anda, seja na rua, seja em reuniões, a direção nacional do partido também busca com muita ênfase o meu retorno. Com certeza deve ser pela minha historia, de muita luta pelos sem terra, pelos direitos das mulheres, pela questão da legislação, do combate à corrupção – que para mim sempre foi item primeiro, lugar de corrupto é na cadeia. Têm muitos por aí que tem vontade de colocar a gente no mesmo balaio. Tem gente do mal que tem a mania de dizer por aí que eu estive entre os sanguessuga e não estive. Eu não fui sequer denunciada.

Outra coisa é a aposentadoria parlamentar, que eu sou contra. Eu sou autora do projeto do término do FAP, foi um dos meus últimos projetos e justiça seja feita quem assinou comigo foi o deputado Wilson Santos.

OD - Uma das principais pautas dessas eleições é a questão da renovação política e a senhora possui uma longa trajetória nesse campo. Como avalia a política no início de sua carreira e nos dias atuais? Concorda que é necessária uma renovação?

Serys - A renovação, no meu ponto de vista, não significa a idade. Há pessoas com idade avançada e que tem ideias novas, ao mesmo tempo que existem pessoas jovens com ideias super retrogradas. O novo que a população deseja, no meu ponto de vista, é o novo da dignidade, do caráter, da atitude, da linha reta, contra a corrupção, contra o abuso da coisa pública. Isso para mim é o novo.

OD - A senhora teme que atrelem sua imagem a essa velha política, não pela tua idade obviamente, mas pelo fato de ocupar cargos públicos e estar inserida nesse meio já há algum tempo?

Serys - Não. A Serys está voltando sem ter o que temer. Quem não conhece a minha postura pode querer fazer politicalha, me colocar na mesma cesta. Mas se me chamar de corrupta não vai ficar barato. Eu nunca fiz a velha política de compadrio, de favorecimento de determinados grupos, eu fiz política para tentar atender os interesses e as necessidades da maioria da população. Isso está mais do que claro, basta ver as CPI’s que abri contra trabalho escravo, contra desvios na Sefaz, de combate ao narcotráfico, de compra de votos, enfim. Veja todos os projetos de lei que foram de minha autoria enquanto deputada, que vão desde a questão da redução do ICMS da energia, do Fundo de Aposentadoria dos Parlamentares, da delação premiada. Eu estou hoje no PRB, mas desde o momento em que me filiei ao partido eu nunca tive nenhuma restrição às minhas posturas e creio que seguirá assim. No Senado foram 124 projetos de lei, 200 e pocas relatorias embora, claro, aprovados são bem menos.

OD - A lei da delação premiada que a senhora acabou de citar causa muita polemica até hoje. Ela vem sendo executada da maneira que a senhora imaginou?

Serys - A lei da delação premiada foi pensada e muito bem estudada. Tem gente que diz que foi uma cópia dos Estados Unidos, mas quero inclusive aproveitar para dizer que nunca nem vi essa lei americana. Claro, muitos juristas de várias instâncias nos ajudaram muito, nos deram uma força na época. Não significa que seja uma lei absolutamente perfeita, mas ela foi pensada para tipificar as organizações criminosas, porque antes era tudo separado – um roubou, não sei quem carregou, outro que viabilizou, enfim. A lei da delação premiada, e é preciso que isso esteja muito claro, ela não é prova por si só, ela aponta para as provas. Se o ex-governador [Silval Barbosa] fez uma delação e provou que uma série de coisas ilegais foram feitas ele tem o direito de usufruir dos benefícios da lei. E tem que ter, porque senão existisse essa lei quem que ia descobrir alguma coisa? Eu diria que a lei ela não é perfeita, porque nada é perfeito, mas ela é um instrumento extremamente importante para passar o Brasil a limpo. Se existem excessos, eles não são cometidos pela lei, porque ela é muito clara, está explicita. Os excessos podem ser cometidos por quem aplica a lei, mas aí já é outra discussão.

OD - A sua saída do PT causou muita surpresa, na época falaram até em expulsão. O que aconteceu de fato?

Serys - Eu era senadora e apareci como a oitava parlamentar que mais tinha apresentado trabalho consistente, necessário, enfim. Dentre os 10 primeiros eu era a única mulher e, dentre os 10, somente dois eram do PT: eu e o Paim [senador Paulo Paim, PT-RS]. Quer dizer, no meu ponto de vista, são dados extremamente relevantes, eu trabalhava bastante. Quando você me pergunta por que eu saí do PT, foi algo extremamente polemico, não sei se esse é o termo correto, porque eu era bem avaliada. E de repente o partido tenta me expulsar, chegou a ser pedida a minha expulsão. Eu juro para você que nem me lembro a razão, acho que era porque eu não tinha feito campanha para alguém. Eu tenho juízo, não fiz campanha contra, mas também não fiz a favor e pediram a minha expulsão. Passou um tempo disso e começaram a ventilar novamente um pedido de expulsão, então eu decidi que não ia ficar me humilhando.

OD - Muitos analistas dizem que o PT perdeu sua ideologia ao longo dos anos. Você concorda com esse ponto de vista?

Serys - Pode ser que sim, de algumas pessoas, em alguns níveis. O partido é feito de seres humanos. Mas tem àqueles que ainda acreditam e caminham no rumo dessa ideologia.

OD - Por que a senhora optou pelo PRB?

Serys - Eu tive convites de muitos partidos. Mas na época eu estava reavaliando minha permanência na política, já tinha levado alguns tombos e eu atribuo isso a alguns fatores, um deles é ser mulher, o outro é não ter recursos. Então eu tive boas conversações com o Crivela [Marcelo, prefeito do Rio de Janeiro] e ele sempre me convidava e eu entendo que o PRB é um partido que mais se aproxima de tudo aquilo que eu acredito.

OD - Uma das pré-candidaturas que tem repercutido bastante em Mato Grosso, por uma série de questões, é a da juíza aposentada Selma Arruda. A senhora tem vasta experiência, que conselhos daria a ela, que está iniciando agora?

Serys  - A juíza Selma é uma pessoa que tem um trabalho prestado e ninguém pode discutir isso. Eu acho que a candidatura dela vai depender de como ela irá se posicionar diante de determinadas questões, que não será obrigatoriamente dentro dos princípios que o presidenciável Jair Bolsonaro defende. Quando eu o ouvi dizer que fez quatro filhos homens e escorregou e fez uma mulher, eu vou pensar o que disso? Aquela história de que usava verba indenizatória para “comer gente”, como que um presidente da República diz uma coisa dessas? Então, tem muita coisa complicada. Não adianta dizer que mulheres têm os mesmos direitos dos homens, porque não tem.

OD - A senhora destacou o grande número de proposituras apresentadas enquanto exerceu mandatos legislativos, ligados a uma série de temas. Deve apresentar uma agenda nova a partir de agora, caso eleita?

Serys - Agenda nova é o que mais tem, tem muita coisa que precisa ser revisada. Assim como algumas coisas precisam ser ampliadas. A agricultura familiar, por exemplo, precisa ter força política. A produção de orgânicos, por exemplo, é algo que o mundo inteiro vem pedindo. E o que nós temos feito para fomentar esse processo? Precisa de uma assessoria governamental.
 
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