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Terça-feira, 16 de abril de 2024

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POLÊMICA DAS PROPORCIONAIS

Sei que não sou o preferido de Taques, diz candidato a deputado federal Leonardo Albuquerque

Foto: Rogerio Florentino/Olhar Direto

Sei que não sou o preferido de Taques, diz candidato a deputado federal Leonardo Albuquerque
Médico psiquiatra, prestes a concluir seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Leonardo Albuquerque (SD) era tido como um dos principais candidatos a deputado federal pelo arco de aliança do governador Pedro Taques (PSDB), até que se viu inserido na suposta “sabotagem” envolvendo a formação das chapas proporcionais do grupo. No entanto, o “isolamento” apontado pelo presidente de seu partido, prefeito de Rondonópolis Zé Carlos do Pátio, já não era surpresa para o parlamentar. Dias antes da polêmica, em entrevista exclusiva ao Olhar Direto, Albuquerque não titubeou ao se colocar como preterido ao cargo.


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“Eu faço questão de dizer que não existe um combinado. Ele [Taques] tem que subir em todos os palanques, ele é governador, cabe à gente compreender isso e tocar a campanha de maneira limpa. Ninguém é inimigo do outro. É claro que o governador tem a sua preferência de candidatura e eu sei que não é a minha”, afirmou Albuquerque, três dias antes de a crise vir à tona.

No domingo (05), dia das convenções do grupo de Taques, Zé do Pátio se disse indignado com o fato de, dias antes, segundo ele, lideranças terem tentado isolar o projeto do Solidariedade a Câmara dos Deputados, encabeçado por Albuquerque. No final das contas, o “chapão” foi dividido e, mesmo contrariado, Pátio afirmou que a crise havia sido superada.  

Na composição das chapas, o Solidariedade ficou ao lado do PPS, PSDB e PSB. PSL e ‘Frentinha’ formam outro bloco e PRTB seguirá avulso. Desta forma, Leonardo irá dividir votos – caso todas as candidaturas da coligação sejam acatadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) – com pelo menos 17 candidatos a deputado federal, entre eles Marco Marrafon (PPS), que também criticou a maneira como queriam dividir as chapas.  

Passada a tempestade, sustentado ou não pelo governador, Albuquerque segue em campanha prometendo um olhar dedicado à saúde pública do Estado e pede que os eleitores analisem com calma as candidaturas que estão colocadas. “Política é um reflexo da sociedade, então a sociedade precisa se movimentar realmente se quer renovar, se quer mudar alguma coisa”.

Veja a íntegra da entrevista, realizada no dia 02/08:

OD - Vamos começar falando de campanha. O senhor já está rodando o Estado, o que acha que mudou até agora entra Assembleia e a Câmara?

Leonardo Albuquerque - Nós ampliamos o projeto. Começamos uma construção diferenciada tanto de difundir a ideia, de fazer as plataformas. Mas é Legislativo também. Eu confesso que até pouco tempo o projeto era outro e isso foi uma construção que foi acontecendo naturalmente.
 
OD- Era sobre isso a minha próxima pergunta. Naturalmente a gente vê os deputados tentado reeleição. O senhor está tentando dar um passo a mais, né? O que lhe motivou a buscar a Câmara?

Leonardo Albuquerque - A mesma situação que me motivou para tentar a deputado estadual. Eu estava refletindo muito sobre essa situação há um tempo. Eu estava igual a 82% da população, desacreditado da política, dos políticos na verdade. Abusado, enojado, reclamando, a mesma situação. E aí havia um vácuo de representatividade na minha região, estávamos sem nenhum federal. E aí o Solidariedade veio com esse projeto, foi uma possibilidade partidária. Tudo isso foi confluindo. E mais uma vez, a gente estava cansado da postura dos deputados federais, do Congresso no geral, da maneira como estão conduzindo temas importantíssimos para o Brasil, ou da falta de discussão desses temas. Só na conveniência partidária de emendas, enfim, sem olhar o foco de ter esse contraponto de discussão. Estava realmente indignado com a postura parlamentar federal, não só em Mato Grosso, mas no Brasil inteiro. A maioria. Nosso projeto é partidário, para fazer diferença no coletivo. O Solidariedade é um partido que tem bandeiras muito interessantes, que valem a pena conhecer. A gente começou esse projeto e graças a Deus está andando bem e as pessoas estão entendendo. E lá em 2014 começou assim também, foi crescendo, criando corpo e quando eu cheguei na Assembleia nós continuamos a não envergonhar a população. Fazendo um trabalho coerente e honesto.

OD - O senhor falou da questão da regionalização dos votos. E a gente vê muito isso com candidaturas proporcionais. Como o senhor vai se articular para ampliar essa abrangência eleitoral?

Leonardo Albuquerque - Mato Grosso é gigante, nós sabemos disso. Mas a própria questão partidária, o partido ajudou a difundir meu nome pelo Estado. Nós temos um prefeito na terceira maior cidade do Estado, terceiro maior colégio eleitoral, que é Rondonópolis. O meu trabalho na Assembleia Legislativa também fez com que outras pessoas no conheça, a imprensa tem um papel importante nisso porque dá visibilidade ao trabalho do parlamentar. E eu acho também que a minha conduta dentro do Legislativo, em determinados momentos até me posicionando contra o Governo, como na questão da RGA, em que eu votei a favor do servidor, mesmo estando na vice-liderança.

OD - A tua mudança de partido se deu exatamente por quê? Para permanecer na base?

Leonardo Albuquerque - Não exatamente. Como eu disse, por conta desses vácuos regionais, algumas pessoas começaram a me questionar por que eu não tentava sair a federal. Quando eu comecei a cogitar de fato esse projeto, foi antes da briga do PSD com o Governo. Eu sentei na mesa com o nosso presidente estadual [Carlos Fávaro] e perguntei se caso eu construísse um projeto nesse sentido, se eu teria espaço no partido. Ele me disse que não teria, porque na época o projeto era com o Dorner ou com o Neurilan. Então nesse momento eu fui procurar espaço. Eu tive muitos convites, mas o Zé do Pátio foi um grande professor para mim, desde o inicio do mandato. Quando ele estava na Assembleia, eu me aconselhava muito com ele e com o Wilson Santos, até pelo fato de os dois serem antagônicos. O Zé me acolheu de uma forma muito forte e esse carinho que ele sempre teve comigo foi determinante na minha escolha. Ele me ofereceu um apoio integral, a promessa de lutar por essa vaga. Eu não quero e não vou fazer mais do mesmo. O meu combate é contra tudo isso que está aí.

OD - Ainda sobre essa questão de conquistar espaço, agora trazendo para dentro da possível coligação de vocês. O senhor obviamente não é o único candidato a federal no palanque do Pedro Taques. Como é que vai ficar essa divisão regional na hora de pedir votos?

Leonardo Albuquerque - Em 2014 era mais fácil, porque a essa altura do campeonato já estava combinado, já estava muito claro quem pediria voto para quem. Mas agora, para federal, isso não foi conversado. Claro, aqui em Cuiabá já tem candidaturas natas. Eu faço questão até de dizer que não existe um combinado. Ele [Taques] tem que subir em todos os palanques, ele é governador, cabe à gente compreender isso e tocar a campanha de maneira limpa. Ninguém é inimigo do outro. É claro que o governador tem a sua preferência de candidatura e eu sei que não é a minha. Mas isso tem que ser compreendido. Eu acho que ele vai tratar a todos, dentro do possível, de maneira igual.

OD - É natural que a tua atuação parlamentar, caso eleito, tenha um enfoque na saúde. Aqui em Mato Grosso essa área tem sido o calcanhar de Áquiles da gestão estadual. A bancada empenhou emendas que acabaram não trazendo o resultado esperado, apesar de toda a polemica em torno dessa verba. De que forma o senhor pretende trabalhar para que aquilo que é executado lá em Brasília tenha resultados na ponta?

Leonardo Albuquerque - Não tem como fugir dessa bandeira, né?! Embora eu não vá atuar exclusivamente em beneficio da saúde. Mas em relação a este tema, nós sabemos que Mato Grosso tem problemas de gestão e financeira. Tem o problema de corrupção também que é muito grave e que a gente apontou na CPI e que está aparecendo agora. A CPI da Saúde foi feita e os resultados foram encaminhados à Justiça. Infelizmente a CPI foi concluída em 2015 e só agora estão trabalhando encima do que nós apontamos lá atrás. O problema de gestão foi combatido, o Luiz Soares vem tentando fazer essa mudança. Mas o financeiro sempre acompanhou. Existe um déficit e um restos a pagar muito grande. Quando o dinheiro da bancada veio não deu para entender muito bem, porque combinou uma coisa e na prática aconteceu outra. A conta não fechou. Então tem que parar com isso. Se combinou um negócio, não pode agir depois em função da conveniência do momento.

OD - Mas todos esses apontamentos que o senhor está fazendo ocorreram depois que o Luiz Soares assumiu a Secretaria. O senhor quer dizer que está faltando gestão também da parte dele?

Leonardo Albuquerque - O Luiz, em particular, me falou que essa mudança de empenho foi que causou essa confusão toda. Não foi um pedido só do governador, alguns deputados também quiseram incluir outras coisas. Tem que ter um foco. Tudo isso foi mais uma confusão política do que financeira. Nós precisamos rever uma série de situações em Mato Grosso, como por exemplo, de contratos com hospitais estratégicos, que hoje em sua maioria estão sob intervenção. A Secretaria estadual de Saúde não tem autonomia financeira, ela depende muito da Fazenda, e fica com o pires na mão dependendo de repasse. O que nós defendemos é que se crie o Fundo estadual da Saúde, para que os recursos garantidos sejam transferidos direto para a Secretaria. É claro que o secretário responde, mas ele não precisa ficar nessa dependência extrema. E outra coisa que o Ministério da Saúde começou a movimentar e é muito importante: a atenção primária precisa ser fortalecida e ser a verdadeira porta de entrada para o SUS, porque ali resolve pelo menos 70% dos problemas.

OD - Pelo fato de estar na base, de ter seu partido coligado com o governador Pedro Taques, muito provavelmente o senhor será cobrado por essas “falhas” da Saúde quando for pedir voto. Como convencer o eleitor de que vale a pena insistir no Governo que aí está, nas pessoas que aí estão?

Leonardo Albuquerque - Realmente, a Saúde foi um setor desse Estado que não conseguiu virar a chave. Assim como em todo o Brasil, a Saúde é péssima. Mas eu não gosto desse tipo de argumento, de que porque no Brasil todo é assim e nós temos que nos conformar. Mas a Saúde teve muitas dificuldades porque ela vem sendo sucateada há muito tempo. Só em contrato das OSS’s há uma previsibilidade de R$ 200 milhões a mais. Chegou ao cúmulo em 2012 de comprar dois hospitais e o São Thomé, por exemplo, foi comprado para nunca abrir suas portas. São movimentações no mínimo estranhas, errôneas. Desaparelharam a Secretaria de Saúde, acabaram com os escritórios regionais, foi feito tudo para o desvio. Isso acabou com a Saúde do Estado. E cada ano que você perde, você leva pelo menos dois anos e meio para recuperar. Mas a população não enxerga isso, porque são questões muito técnicas. Eu não sou o governador, eu não sou secretário de Saúde. Eu orientei, eu cobrei e eu levei minha experiência técnica, enquanto médico, para o Governo do Estado. Mas eu não era nem secretário nem governador. A minha parte eu fiz e a CPI está aí para provar. Eu tenho o limite do meu mandato e eu sei que a população vai querer me cobrar, mas a decisão não era minha, eu não sou governador. O que eu podia fazer enquanto legislador eu fui pra cima.

OD - O senhor está dizendo que não é o governador, que a sua parte foi feita, mas o senhor permanece aliado ao Governo, inclusive exercendo papel de liderança na Assembleia Legislativa.

Leonardo Albuquerque - Todos nós somos passíveis de erros e acertos. O governador Pedro Taques errou, mas acertou muito. Ele tem números que são fantásticos e isso será demonstrado. É como um pai que quer dar tudo para um filho, mas não é possível porque o seu salário, a sua condição não lhe permite. É importante destacar que houve um combate muito duro a corrupção e esse foi um dos fatores que me trouxe até aqui. Eu não defendo o Pedro Taques, eu defendo uma linha de Governo que eu acredito ser coerente. Claro, em alguns momentos como o da RGA eu fui contra o governador. Isso que é difícil para algumas pessoas entenderem. Existe uma linha de pensamento e a liberdade do meu mandato, foram ações que me fizeram manter o apoio a esse Governo. Alguns resultados, o impacto de algumas ações podem não ser vistos agora, não é imediatamente como a gente quer, mas vão ter um impacto positivo lá na frente, vão perpassar o mandato.

OD - Aproveitando que o senhor tocou nesse assunto da corrupção, você está deixando uma Casa que este ano foi devastada por casos de corrupção. Alguns estudiosos dizem que essa deve ser a renovação mais baixa da Câmara, que é para onde o senhor pretende ir. Como é que o senhor se posiciona em meio a tantos escândalos e dentro da possibilidade de integrar uma Câmara que deverá ser composta, basicamente, por deputados reeleitos?

Leonardo Albuquerque - Era justamente essa reflexão que eu vinha fazendo antes de decidir ser candidato. Contra imagens não há argumentos, não é mesmo? Nós temos situações no Brasil de políticos filmados, gravados praticando corrupção. E mesmo assim alguns aparecem pontuando nas pesquisas e até em posições de primeiro lugar. Muitos estão no poder. Isso requer uma análise do eleitor também, porque a política é um reflexo da sociedade, então a sociedade precisa se movimentar realmente se quer renovar, se quer mudar alguma coisa.
 
 
 
 
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