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Terça-feira, 23 de abril de 2024

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Membro de facção que movimentou R$ 52 mi com 'taxas do crime' reclama de 'falta de transparência'; veja

Foto: Rogério Florentino Pereira/ OD

Membro de facção que movimentou R$ 52 mi com 'taxas do crime' reclama de 'falta de transparência';  veja
Uma conversa interceptada pela Polícia Judiciária Civil (PJC) entre os integrantes da facção criminosa instalada em Mato Grosso, que movimentou mais de R$ 50 milhões com ‘taxas do crime’, que eram cobradas de ‘donos de boca de fumo’, membros da organização e comerciantes, mostrou uma insatisfação sobre o destino do dinheiro arrecadado, já que não estavam obtendo vantagem em recolher o dinheiro para o grupo: “Essa transparência antigamente era passada”.


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As autoridades interceptaram uma conversa entre Ronaldo Rogério Nonato da Silva e Elias Rodrigues Jacinto, conhecido como ‘Elias Primata’. O primeiro teria reclamado sobre o destino do dinheiro arrecadado, alegando que as “biqueiras” (ponto de drogas) não estavam obtendo vantagem em recolher o dinheiro para a facção.
 
Confira abaixo a transcrição da interceptação feita pela polícia:
 
RONALDO: Aí eu desanimei, eu vou falar um negócio pro cê véio, eu so estou esperando o “Veião” chegar mesmo lá entendeu? Ta entendendo? A gente só faz a parte da gente mesmo aqui, arrecada ali pra dar uma força mesmo ali, mas... eu mesmo desaninmei cara, falar pro cê, ta entendendo? Ah não vê uma melhoria de nada pô, ta entendeu? Que nem os caras chegam ne mim aqui, os caras chegam junto ali, o mano a gente está com duas...vinte e duas biqueiras ali, é cem por cento (cento 100%) de arrecadação na segunda etapa, ali todo mundo chega junto, ta entendendo?
 
ELIAS PRIMATA: Aham
 
RONALDO: e não vê uma melhora pros caras pô, disque vinha uma mercadoria, vinha um trenzinho mais barato, até agora não chega nada mano, entendeu?
 
ELIAS PRIMATA: só na segunda tem vinte e duas (22)?
 
RONALDO: vinte e duas (22) biqueiras, é dois mil e duzentos todo mês (R$ 2.200,00) todo mês que eu arrecado lá, ta entendendo? La ta redondo o bagulho lá certinho, os caras chegam junto e não tem uma melhora e não tem nada pô, entendeu?
(...)

 
ELIAS PRIMATA: Por que uma coisa eu falo pro cê mano, eu era colado com ele, lado a lado, eu tenho certeza que quando ele estava aí, nós não arrecadava tudo isso que tinha hoje, a arrecadação não era a mesma de hoje, certo?
 
RONALDO: Aham
 
ELIAS PRIMATA: a voz que veio falar pra mim, foi que não pode falar, que não é todos os irmão que tem confiança;
 
RONALDO: é tipo assim, a gente queria uma transparência, né cara? Que a gente chega junto com a família, a gente...
 
ELIAS PRIMATA: essa transparência antigamente era passada.
 
RONALDO: hãm?
 
ELIAS PRIMATA: essa transparência antigamente era passada, quando o Miro, o Veião tava aí, eles mandavam direto para todo mundo aí saber...
 
RONALDO: a pranilha pô, do que gastou e arrecadou entendeu mano, tem que ter essa visão aí pra nós pô, eu pago todo mês minha camisa, todo mês certinho, chegou junto com a mensalidade da segunda etapa das biqueiras, e não tem uma transparência pra mim? É foda.
 
ELIAS PRIMATA: Na reunião que teve, eu fui falar isso aí, pra passar quanto arrecadou na semana, quantos que ainda tinha, quanto que é arrecadado, essas coisas.
 
RONALDO: Aham
 
ELIAS PRIMATA: os caras falou que: não pode passar...que a voz que veio falou que não pode passar isso ou aquilo, que ele ia saber, que ia chegar nele, neles da final, porque não confia em todos os irmãos.
 
Conforme o levantamento feito pela polícia, para o traficante comercializar droga, era necessário o pagamento da mensalidade no valor de R$ 100,00, caso contrário, ficaria impedido de vendê-la.
 
Ainda segundo as investigações, existem fortes indícios de que o CV-MT também promovia o tráfico de drogas dentro e fora dos presídios do Estado de Mato Grosso, sendo evidenciado através do envolvimento de Elias Primata, suspeito de exercer o comando das finanças dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE).

A operação cumpriu 94 ordens de prisões, além do bloqueio de contas bancárias e da indisponibilidade de bens dos envolvidos. A atividade policial resultou ainda na apreensão de pelo menos 60 veículos, avaliados em R$ 1,7 mi de reais. 

O sistema de 'pirâmide' usado pelos criminosos atuava em três vertentes: a cobrança de mensalidades de traficantes para abertura de novos pontos de distribuição de entorpecentes, uma mensalidade para ser 'membro' do grupo e ainda extorsão de comerciantes.
 
No decorrer da investigação a polícia apurou que esse complexo esquema envolvia a lavagem de dinheiro, com utilização de empresas de fachadas, contas bancárias de terceiros, parentes de presos, entre outros.

Segundo a decisão da 7º Vara Criminal de Cuiabá, Marcos Faleiros da Silva, que o Olhar Direto teve acesso, foi evidenciado que o montante arrecadado seria proveniente do tráfico de drogas, roubo de carros, estelionatos, mensalidades, extorsão, e outras atividades ilícitas. As informações foram descobertas através da interceptação telefônica, quebra de sigilo bancário e outras investigações, inclusive decorrente de outras operações da Polícia Civil. 

O delegado da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Diogo Santana, chamou atenção para o fato de que várias pessoas forneceram conta bancária para que fosse movimentado dinheiro ilícito, e, agora, terão que informar a mando e interesse de quem fizeram isso. “Qualquer pessoa que empresta sua conta bancária para movimentar valores ilícitos pode incidir no crime de lavagem de dinheiro”, afirmou.
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