O secretário de Segurança Pública (Sesp), delegado Gustavo Garcia, avaliou que o escândalo da ‘grampolândia pantaneira’ não coloca em xeque o trabalho desempenhado pela Polícia Militar. Segundo ele, a corporação é muito respeitada, tem oficiais honrados e toda a confiança sua e da população. Porém, o gestor da pasta preferiu não tecer comentários sobre o esquema confessado pelo cabo da PM Gerson Corrêa: “Isso é com a Justiça”.

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“A Polícia Militar é instituição permanente, muito respeitada no Mato Grosso. E digo mais, é uma das melhores do Brasil. Eu fui policial civil no Rio de Janeiro, e também federal. Conheci outras policias em outras federações. Poucas têm o mesmo nível de profissionalismo que a Polícia Militar tem no nosso Estado”, comentou o secretário em entrevista exclusiva ao Olhar Direto.
 
Gustavo ainda acrescentou que a Polícia Militar tem oficiais honrados e que se dedicam a proteger a população de Mato Grosso. Garante que a corporação tem prendido criminosos da mesma forma e vai continuar atuando desta forma. Destacou também a integração entre todas as forças de segurança.
 
“Esse episódio que esta sendo apurado pelos órgãos competentes, ele não influenciou em momento algum a parte operacional. Eu vejo isso dia a dia nas reuniões que participo, nas palestras que eu dou para a sociedade civil organizada. Todos dizem: eu confio na Polícia Militar, eu confio na Polícia Civil. Isso para mim é marcante, me orgulha muito ser o gestor de uma pasta onde eu percebo o comprometimento da segurança pública”, completou o secretário.
 
Porém, ao ser questionado sobre todas as declarações do cabo Gerson Corrêa, o secretário preferiu manter o silêncio: “Existe um processo judicial nesta questão. Eu não conheço o processo e não vou me manifestar”.
 
Bomba na madrugada
 
A madrugada do dia 28 de julho teve início com uma bomba, principalmente nos bastidores da política. Isso porque o cabo Gerson resolveu confirmar a participação no esquema e confirmar a existência dos grampos ilegais em Mato Grosso. "Vim aqui hoje pra trazer a verdade real", afirmou Gerson, último ouvido desta madrugada.
 
O cabo citou o ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques. Seria ele a pessoa responsável por bancar as interceptações que seriam feitas. Zaqueu teria ligado para Gerson informando que este se encontraria com alguém que dispostos a investir nas interceptações. Gerson foi com o coronel Evandro Lesco a um restaurante na estrada de Chapada, onde se encontrava Paulo Taques, primo do governador Pedro Taques (PSDB). Paulo teria mostrado disposição em arcar com as custas dos grampos que deveriam ser feitos. O grupo embolsou R$ 50 mil para comprar os primeiros equipamentos para as escutas.
 
O cabo Gerson acrescentou que o interesse da barriga de aluguel seria do governador Pedro Taques e do ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques: "O interesse das barrigas de aluguel é do Paulo Taques e do governador".
 
Gerson Corrêa Júnior atuava no Gaeco e possuia o ‘know how’ na operação do Sistema Guardião de Interceptação Telefônica. Foi levado em 2015 para o Núcleo da Inteligência da Polícia Militar, na Casa Militar, época dos grampos. Continuou na Casa Militar até maio de 2017, quando teve prisão preventiva decretada por ter operado o esquema de interceptações telefônicas ilegais.
 
Os acusados desta ação penal militar são: Zaqueu Barbosa, Evandro Lesco, Ronelson Barros, Januário Batista e Gerson Correa Junior. Os cinco respondem pelos crimes de Ação Militar Ilícita, Falsificação de Documento, Falsidade Ideológica e Prevaricação, todos previstos na Legislação Militar.