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Terça-feira, 16 de abril de 2024

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PÓS-CAMPANHA

Mendes reafirma compromisso de cortar cargos e Secretarias: vamos montar um Estado mínimo e necessário

Foto: Rogerio Florentino/Olhar Direto

Mendes reafirma compromisso de cortar cargos e Secretarias: vamos montar um Estado mínimo e necessário
Foi em uma sala, em um edifício localizado em uma das mais importantes avenidas da Capital, que o agora eleito governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), recebeu a reportagem do Olhar Direto uma semana após as eleições. O escritório, que é compartilhado com o deputado Fábio Garcia (DEM), estava repleto de apoiadores, políticos do interior do Estado e assessores.


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“Estamos em um momento de confraternização”, justificou, sobre o volume de pessoas no local. Mauro completou com uma das frases que mais repetiu durante a campanha vitoriosa ao Paiaguás, reforçando o compromisso firmado de diminuir o tamanho da máquina pública. “Agora é trabalhar, trabalhar e trabalhar. Nós vamos montar um Estado mínimo e necessário”.

É neste escritório que Mauro e sua equipe têm iniciado a chamada “transição”. “Estamos correndo contra o tempo, ele ainda participa de mais duas reuniões antes de embarcar para São Paulo. É uma viagem à negócios, sobre suas empresas”, advertiu um de seus assessores à equipe do OD.

A pressa, segundo o próprio Mauro Mendes, é para definir antes de dezembro quais deverão ser suas primeiras ações ao assumir o Governo do Estado. A promessa é de que em um mês já exista um levantamento preliminar do número de cargos e Secretarias a serem cortados em sua gestão.

Mencionamos a quantidade de pessoas que aguardavam para se reunir com o “próximo dono da chave do Executivo” e, ao ser questionado sobre como irá abarcar todas as alianças firmadas durante a campanha, incluindo acordos políticos, ao mesmo tempo em que promove a diminuição do Estado, Mauro Mendes foi enfático: “não podemos ampliar o número de Secretarias só para contemplar pessoas boas que estejam ao nosso lado”.

Formação de secretariado, a relação desgastada com o atual governador Pedro Taques (PSDB), os embates da campanha, a possibilidade de taxar o agronegócio e o apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) foram alguns dos temas tratados na entrevista, cuja íntegra você confere abaixo.

OD – O governador Pedro Taques fez um pronunciamento logo após a eleição, no qual disse reconhecer sua vitória e a soberania popular. Agora, com a poeira da disputa baixando, como está a relação de vocês dois, que já foram próximos? Vocês têm conversando sobre a transição?

MM -A eleição acabou no dia 7 de outubro. A partir dali eu estou focado no presente e no futuro do Estado. O que aconteceu na eleição ficou no período eleitoral. Da nossa parte nós vamos olhar para os próximos quatro anos. Falei com o governador ao telefone, uma conversa tranquila. Já mantive na semana passada uma conversa com o Ciro, designado por ele para coordenar a transição, e já começamos os trabalhos para processar de acordo com o que estabelece a resolução do Tribunal de Contas o procedimento de transferência de comando. Eu sou coordenador do nosso lado e o Ciro do outro lado, portanto, eu vou estar no dia a dia me reportando ao Ciro, mas o governador se colocou à disposição para que em algum momento, se necessário, eu fale diretamente com ele. Se for necessário, nos próximos dias eu estarei falando diretamente com ele.

OD – Como está a montagem da sua equipe de transição? Já possui nomes escolhidos?

MM- Nós estamos nomeando todos os membros da comissão de transição. Na sequencia ela será composta por outros profissionais e nós vamos iniciar essa semana a busca ativa de informações, de dados, para que nós possamos fundamentar o planejamento e as decisões para 2019.

OD – O senhor protagonizou embates na reta final da campanha com o senador Wellington Fagundes e agora precisam atuar em parceria por Mato Grosso. Vocês já conversaram após o resultados nas urnas? Da sua parte há alguma mágoa ou abalo na relação que vocês possuem?

MM - Da minha parte não tem nenhuma problema com nenhum dos atores que fizeram parte do cenário eleitoral. O que aconteceu na eleição terminou, para mim, no dia 07 de outubro com a proclamação do resultado.

OD – O governador Pedro Taques assumiu o compromisso de não renovar o ‘Fethab 2’, que se iniciou em 2015 e cuja previsão é que se acabe em 31 de dezembro. O secretário de Fazenda, Rogério Gallo, defende a manutenção, sob o argumento de que essa é uma questão estrutural e de responsabilidade fiscal. Qual o seu posicionamento diante disso? O senhor pretende articular pela manutenção deste fundo ou planeja recriá-lo caso seja de fato extinto neste ano?

MM - Eu disse, inclusive durante a campanha, que é necessário que esse recurso tenha continuidade. Hoje pelos números que eu conheço o que se arrecada no mês não paga a despesa do mês. Portanto, não há a menor possibilidade de abrir mão de receita, senão vai aumentar o rombo e o desequilíbrio das contas públicas. Isso é inimaginável. Vou trabalhar e defender que o ‘Fethab 2’ continue.

OD – O senador eleito Jayme Campos deu uma declaração defendendo que o Estado taxe o agronegócio. Por outro lado, o senhor tem colegas de chapa como Otaviano Pivetta e Carlos Fávaro, que são representantes do agro. Como conciliar todos esses interesses? Qual a participação que cada um deve ter nesse debate?

MM - São opiniões de pessoas gabaritadas, que conhecem o setor em Mato Grosso, que conhecem a realidade do Estado, e são opiniões importantes que estão sendo consideradas. Entretanto, eu preciso de mais elementos, de mais subsídios, para que eu tome algum tipo de decisão. O meu grande esforço num primeiro momento é para reduzir despesas, para promover o equilíbrio. Se isso não for suficiente nós teremos sim que lançar mão de alguns ajustes na receita.



OD – O senhor, quando foi prefeito de Cuiabá, enfrentou uma série de problemas com a Câmara no começo do mandato por ter um opositor na presidência do parlamento, o ex-vereador João Emanuel. Que lições o senhor tirou daquele período e como vai ser a sua postura diante da eleição da próxima Mesa Diretora? O senhor vai entrar nas articulações para evitar que aquele problema se repita?

MM - A articulação e o diálogo com a Assembleia são de extrema importância para garantir bons resultados para o Estado. Vamos dialogar sempre com a verdade, mostrando aquilo que nós pensamos, o porque das decisões e quais as conseqüência de tomá-las e de não tomá-las. Vamos compartilhar responsabilidades e o povo precisa saber quem está ao lado de Mato Grosso e quem está contra Mato Grosso. O nosso propósito é fazer aquilo que é melhor para o Estado. Então, um dialogo verdadeiro e honesto haverá de construir uma base sólida em prol não da nossa administração, mas em prol do interesse do nosso Estado.

Não serei o tipo de governador que vai interferir em toda e qualquer eleição que possa acontecer em Mato Grosso, mesmo que na Assembleia que tem uma relação direta com o Governo. Nós temos que respeitar o principio da independência dos Poderes. Vejo no Eduardo Botelho um bom nome, como certamente devem existir outros na Casa. Mas eu não pretendo não participar diretamente ou interferir nessa escolha.

OD - Dentro da lógica de cortes de gastos, o senhor já defendeu uma discussão com os Poderes para que se reduza os repasses no duodécimo. O novo presidente eleito do Tribunal de Justiça, desembargador Carlos Alberto Alves da Rocha, declarou na semana passada que não tem como o Judiciário aceitar uma redução. Como o senhor vê esse posicionamento? O senhor considera que há uma intransigência da parte dos outros Poderes em colaborar com este momento de crise?

MM - Primeiro eu vou dar o exemplo. Vou mostrar que vou buscar de todas as formas, possíveis e inimagináveis, a redução do orçamento do Executivo. Vou cortar cargos, secretarias e tudo que for possível cortar sem comprometer a qualidade do serviço que nós devemos prestar. E vou pedir aos Poderes, porque todos precisamos dar algum tipo de contribuição para ajudar Mato Grosso nesse momento. Eu preciso da ajuda deles, preciso que eles sejam parceiros do Estado nesse momento de dificuldade.

OD – A principal proposta de sua campanha foi o corte de gastos, que passará segundo o senhor pela extinção e fusão de secretarias. Já há algum desenho de como deve ficar a máquina pública no início de sua gestão? O senhor pode citar, por exemplo, qual secretaria pensa em extinguir?

MM - Eu não gosto de chutar, muito menos de especular. Nós vamos fazer um estudo com profundidade, com responsabilidade. Agora, eu posso garantir que vão acontecer cortes, porque eu disse isso durante a campanha e fui eleito para cumprir este compromisso. Não é porque eu queira, é porque é necessário. Existe uma crise e nós precisamos, na crise, fazer toda e qualquer economia.

OD – Quando se fala em corte de pastas, uma das cogitadas sempre é a de Cultura e o anúncio costuma mobilizar a classe artística e produtores culturais que pressionam pela não extinção. Essa é uma pasta que o senhor pensa em mexer? Como será o diálogo com o segmento?

MM - Nós vamos estudar todas as secretarias, vamos estudar todas as funções que elas têm, todos os órgãos, as indiretas, para que nós saibamos quais tem serviços absolutamente relevantes e que são prestados diretamente através de uma estrutura de secretaria. Para o cidadão o que importa é o serviço sendo prestado, se é via secretaria, fundação, autarquia, não adianta nada ter uma secretaria e ela não funcionar como tem acontecido em Mato Grosso. Nós precisamos é que as coisas funcionem e que o serviço seja entregue. O resto é forma e a forma nós vamos definir através da mais econômica, da mais barata, para sair dessa crise.

Todas as secretarias passarão por essa análise, não preciso nominar. Cultura é tão importante quanto Saúde, Educação, mas se for levar isso em consideração nós vamos aumentar o numero de secretarias e não reduzir. Todo mundo gostaria de ter uma secretaria, os deficientes gostariam de ter uma secretaria para cuidar deles, a de agricultura familiar, quer dizer, todas têm importância. Mas ser importante não significar ter secretaria, significa ter serviços sendo prestados e entregues.

OD – Ainda estamos na primeira semana após as eleições e a recepção do escritório do senhor está bem cheia de políticos, aliados, de pessoas no geral que o ajudaram a lhe eleger. O senhor já está sendo cobrado de alguma forma? De que maneira pretende contemplar todas essas pessoas?

MM - Nós ainda estamos num espírito de confraternização, de reciprocidade, do que falar objetivamente sobre qualquer demanda. Primeiro que eu não sou governador ainda, segundo que a estrutura dos cargos só será definida depois de um estudo mais profundo. Nós vamos fechar um modelo de gestão e de Estado que vai permitir enxergar quais as possibilidades e a quantidade de pessoas e de cargos que nós teremos para ser colocados para o preenchimento em 2019.



OD – A primeira-dama sempre é um nome cotado para assumir alguma pasta ligada à assistência social. No caso de Virgínia Mendes, já há um legado do trabalho prestado no projeto Siminina, em Cuiabá. Existe a possibilidade de ela compor a sua gestão?

MM - Ela é a única pessoa que até agora recebeu formalmente um convite para ser secretária de Assistência Social. Mas por enquanto não me deu ainda a resposta.



OD – Existe muita expectativa em torno da escolha do seu secretariado. Algum nome, de fato, já foi definido?

MM - Mera especulação, nenhum deles saiu da minha boca.

OD – Como seu aliado e ex-secretário na Prefeitura de Cuiabá, o nome de Fábio Garcia surge naturalmente como possível membro de seu staff. Além dele, o senador Cidinho Santos, que foi seu coordenador de campanha e cujo mandato se encerra agora, tem sido ventilado como possível chefe da Casa Civil. Há de fato a intenção de colocá-los em alguma secretaria?

MM - Tem muitos bons nomes ao nosso redor, de pessoas competentes, compromissadas e com serviços prestados. São tantos que daria para montar dois Governos em Mato Grosso. Mas, lamentavelmente, não podemos ampliar o numero de Secretarias só para contemplar pessoas boas que estejam ao nosso lado. Nós vamos montar um Estado mínimo e necessário. Todos esses nomes serão colocados à disposição. Vamos fazer muitas conversas para montar o melhor time possível.

OD – A gestão Pedro Taques se iniciou com a montagem de um secretariado majoritariamente técnico e que com o tempo foi incorporando políticos. Nesse início de gestão, qual o perfil de secretário que o senhor irá buscar para seu governo?

MM - Conhecimento técnico, características e noções do que é o mundo público e político, que tenha muita vontade de trabalhar, que tenha algum tipo de serviço prestado para que eu possa analisar a competência e os resultados desse trabalho. E muita, mas muita vontade de trabalhar.

OD – O senhor já declarou voto e apoio ao candidato Jair Bolsonaro. Por que o escolheu? E neste segundo turno, o senhor pretende atuar de alguma forma para colaborar na campanha presidencial?

MM - Eu votei no Jair Bolsonaro porque penso como milhões de brasileiros estão pensando: queremos mudança, queremos algo novo, queremos algo que pelo menos represente esperança de que podemos enfrentar velhos problemas de forma diferente, senão nós vamos chegar nos mesmos resultados que não têm sido satisfatórios. Na medida do possível eu tenho pedido voto e apresentado minha opinião, mas confesso que meu foco é cuidar de Mato Grosso ao invés das eleições.

OD – Há um simbolismo no primeiro ato de governo em uma gestão. O senhor já definiu qual será seu primeiro ato como governador de Mato Grosso?

MM - Essas velhas formas de fazer política estão sendo cada vez mais reprovadas pela população. As eleições de 2018 que o digam. Não precisamos entender que o trabalho sério, o trabalho com foco no médio e longo prazo, é um trabalho que produz resultados verdadeiros e consistentes. Então, eu não vou tomar medidas pirotécnicas de grande efeito e de pouco resultado.

OD – E até lá, qual o cronograma do senhor, uma vez que prometeu iniciar suas atividades no 1º dia após o resultado das votações que o elegeram?

MM - O secretariado a definição deve acontecer na primeira quinzena de dezembro. Até lá é estudo, planejamento, analise de perfil, de currículo e as definições saem em dezembro.

OD – Esta foi a segunda eleição em que o senhor disputou o Governo do Estado. De lá para cá muita coisa mudou, tanto no que tange à legislação eleitoral, quanto com relação às suas parcerias políticas. Qual a sua experiência com a campanha deste ano?

MM - Eu acredito que a campanha teve alguns empurrões, algumas cotoveladas. Mas o saldo, ao menos para, mim foi positivo. Ganhamos e quem ganha não se preocupada com problemas da campanha, se preocupa com aquilo que são os desafios e compromissos assumidos. É nisto que estou focado.

OD – Qual o legado que o senhor quer deixar para Mato Grosso ao término de seu mandato?

MM - Uma saúde funcionando de forma muito melhor do que nós vamos receber. Um Estado que tenha um ambiente econômico melhor, que estimule a atração de investimentos, que respeite os empreendedores. Um Estado que cumpra seu papel na infra-estrutura, na logística. Um Estado que seja melhor do que o que vamos receber em janeiro de 2019.
 
 
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