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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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“Lavadores de túmulos” garantem sustento no Cemitério Nossa Senhora da Piedade

Foto: Olhar Direto

“Lavadores de túmulos” garantem sustento no Cemitério Nossa Senhora da Piedade
Entre o tumultuado barulho de risos, choros, cochichos e orações, o ruído de escovas e vassouras indo e vindo parece disputar com o som alto e desordenado que emana do Cemitério Nossa Senhora da Piedade, no centro de Cuiabá. Todo Dia de Finados, o local fica naturalmente lotado, mas independente do feriado, os “lavadores de túmulos” estão lá, assistindo a vida no alto das lápides com seus equipamentos de limpezas.


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Nesta sexta-feira (2), estima-se que o cemitério receba até 20 mil visitantes. Entre os outros três cemitérios da Capital, o da Piedade deverá ser o mais visitado na data. Enquanto isso, pessoas tiram o sustento da família limpando os jazigos.

Há pelo menos dez anos, Francisca Bueno bate ponto no cemitério e é uma das lavadoras mais reconhecidas. No começo, ela vendia flores e velas na entrada. “Eu vendia vela aqui na frente. Então um colega meu me perguntou: ‘por que você não limpa túmulo?’ Depois ele me mostrou como que era ai eu achei melhor. Então eu comecei e não parei mais”, lembra.

Sua neta Lívia Campos, de 16 anos, acompanha hoje a avó no serviço. Sentada em uma lápide, ela comenta que as mãos já estão doendo de tanto arrancar vela derretida. Uma senhora passa por ela e diz pra ela “trabalhar bastante, pra faturar uma grana”.
 

Este é o terceiro ano que ela lava túmulos no Dia de Finados. “Ela não sabia nada, agora já está com prática. Pega sozinha o serviço”, diz Francisca, após repassar o conhecimento para sua prole.

Fora do Feriado, Francisca tem clientes fiéis, que sempre encomendam o serviço. Geralmente, são três ou mais túmulos por mês e ela cobra de R$ 30 para cima, dependendo do grau de dificuldade – ontem ela limpou três por R$ 50. Quando não está na Piedade, Francisca vende bebidas em shows ou comemorações.

Para limpar os jazigos, ela explica que primeiro é preciso retirar as ceras endurecidas das velas. Às vezes, as chamas acabam “queimando” o material do túmulo, então é preciso passar um produto forte e limpar. Depois, é só jogar água com sabão e esfregar.

Sobre a sensação de mal auspicio do cemitério, Francisca comenta não sentir medo. Ela relembra de um dia que a filha de uma amiga pregou uma peça nela. “Ela se escondeu atrás de um túmulo e gritou meu nome. Eu estava sozinha. Estava perto de umas árvores e foi ‘cabuloso’ ali”, e ri.

Há poucos metros de Francisca, um casal jovem de lavadores está sentado descansando, com um balde no lado. É a primeira vez que Gabriel Silva Lopes Souza, de 17 anos, trabalha no cemitério no Dia de Finados. Ele foi convidado pela namorada, Brenda Santos, de 15, que desde os 9 já está na labuta.

O casal cobra R$ 40 para os grandes, os menores chegam a R$ 25. Mesmo chegando cedo, às 6h, eles só conseguiram lavar um, tamanha a concorrência.

“Eu aprendi com meu avô, ele lava também. Há tanto tempo, que eu nem sei...”, diz Brenda, que agora ensina o namorado. “Jogamos água, tem que esfregar bastante com Bombril, depois tem que esperar um pouco para passar um tipo de óleo”, explica a jovem.
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