Grande parte da história de Mato Grosso jaz no cemitério Nossa Senhora da Piedade. Autoridades, personalidades marcantes e também pessoas desconhecidas que ajudaram na construção de Cuiabá e Mato Grosso descansam em paz naquele local. Mas nem toda a história nem o ambiente místico que toda necrópole carrega são capazes de inibir a ação de vândalos, que constantemente invadem o local durante a noite para violar túmulos e até praticar sexo.

Tudo acontece na calada da noite. Os invasores entram para ‘se divertir’ e no dia seguinte os trabalhadores do sepulcrário encontram túmulos quebrados, caixões violados e até camisinhas usadas. Lino Epifânio, administrador há anos do cemitério, conta que os invasores se vestem de preto, “não sei que seita ou que religião seguem”.

Lino atribui tamanha falta de respeito com os mortos às consequências da vida moderna. “Antigamente as pessoas eram bobas, tinham medo de ir ao cemitério. Só de passar na frente já se benziam. Hoje não, a TV já ensina tudo, o que presta e o que não presta. Ninguém respeita mais nada”.

Aloizio Arruda é pedreiro do cemitério. Sua função é reparar eventuais estragos e ajudar na manutenção do local. Porém, os constantes ataques de vandalismo têm ocupado grande parte do seu tempo. Ele mostrou alguns túmulos violados, um inclusive ao lado do mausoléu do ex-governador Dante Martins de Oliveira.

Além da fúnebre diversão, ainda tem gente que aproveita para furtar objetos e até mesmo placas das lápides. Mas, para Lino Epifânio, os que roubam não são os mesmos que vêm apenas para transar e quebrar tudo. “Esses que roubam não são os que fazem baderna, eles roubam para comprar droga”, diz.