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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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A 28 cm de cota histórica, cheia do Rio Solimões afeta milhares no AM

Foto: (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)

Tabatinga, no interior do Amazonas, tem 75% de áreas alagadas

Tabatinga, no interior do Amazonas, tem 75% de áreas alagadas

A menos de 30 centímetros de alcançar o nível da maior cheia do Rio Solimões, Tabatinga está com 75% das zonas urbana e rural atingidas pela subida das águas. A estimativa da Defesa Civil Municipal é que cerca de 9 mil pessoas estejam atingidas pela cheia deste ano. Ruas alagadas dificultam a circulação de pessoas e veículos pelas ruas. Em toda a cidade, 20 escolas estão com aulas suspensas. Tabatinga é um dos 18 municípios em situação de emergência por conta da enchente no interior do Amazonas. Moradores de áreas alagadas relatam transtornos em uma das maiores cheias dos últimos anos.


O município de Tabatinga fica localizado na tríplice fronteira (Brasil, Colômbia e Peru) a 1.105 km de Manaus. A cidade é situada na calha do Alto Solimões, região mais afetada pela cheia no Amazonas, que agora convive com a iminência de registrar mais uma enchente histórica. (Veja abaixo o mapa com as cidades atingidas pela cheia)

O nível do Rio Solimões alcançou a marca de 13,54 metros neste domingo (26). Faltam apenas 28 centímetros para a cota histórica de 13,82 m, registrada na cheia de 1999, ser atingida e 22 cm para chegar ao segundo maior nível registrado em Tabatinga (cheia de 2012). Segundo a Defesa Civil Municipal, o rio tem subido cerca de 4 centímetros diariamente.

Da porta da residência onde mora com mais 13 pessoas, a dona de casa Adelaide Gonçalves, de 52 anos, acompanha o avanço das águas. Ela é moradora do Bairro Guadalupe, uma das seis localidades ribeirinhas que estão submersas. A população utiliza passarelas de madeira improvisadas para circular pelas ruas.

"São muitas dificuldades que enfrentamos. Nossa vida é determinada pelo rio. Dentro da minha casa já estamos com mais de um metro de maromba [assoalho de madeira suspenso]. As cobras entram nas nossas casas. Se o rio subir mais vou perder móveis como aconteceu na cheia de 2012", relatou ao G1.

Mesmo há 20 anos convivendo com regime de cheias e os danos gerados pela inundação, Adelaide mantém o anseio de deixar para trás a vida às margens do Solimões. "Há quatro anos espero a residência que a prefeitura prometeu. É um sonho sair dessa enchente. Não suportamos passar todos os anos por essa situação", desabafou a dona de casa.

Outros cinco bairros de Tabatinga estão alagados: Dom Pedro, Portobras, Brilhante, Umariaçu I e II. De acordo com titular da Defesa Civil Estadual, coronel Roberto Rocha, o nível do Rio Solimões tem aumentado cada a cada dia na região.

"Temos uma preocupação com essa evolução gradual e gradativa. Acreditamos que pode chegar ou ultrapassar a marca da cheia de 2012. Por isso estamos reforçando a linha de trabalho da distribuição de medicamentos e a retirada das famílias de áreas alagadas para levá-las aos abrigos seguros", explicou Roberto Rocha.

Escolas sem aulas
Segundo o secretário de Defesa Civil do município, J. Costa, 25% da área urbana e 50% da zona rural estão alagados. O avanço das águas atingiu 29 comunidades, afetando quase 9 mil moradores.

"Estamos com 28 escolas da rede pública de ensino com atividades paralisadas e com 1.631 alunos sem aulas há mais de 30 dias. Entre desabrigados e desalojados são 88 famílias", informou o secretário.

Uma das reclamações dos moradores de área de risco é a demora para entrega de unidades habitacionais. O representa da prefeitura justificou que houve um atraso da conclusão das obras de 300 casas que deveriam ter sido entregues em dezembro de 2014. O projeto tem recursos do programa Minha Casa, Minha Vida. "Os beneficiários prioritários dessas casas populares são as famílias de áreas de risco. A previsão é que até junho as obras sejam concluídas", afirmou Costa.

Balanço da Cheia
No Amazonas, 18 cidades estão em situação de emergência. Na calha do Rio Juruá os municípios afetados são: Itamarati, Guajará, Ipixuna, Envira e Juruá. Na calha do Rio Purus, Canutama, Tapauá, Carauari, Pauini e Lábrea sofrem danos causados pela cheia. Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Tabatinga, Amaturá, Santo Antônio do Içá, São Paulo de Olivença e Tonantins situados no Alto Solimões também estão em situação de emergência por causa do avanço das águas.

O município de Boca do Acre é o mais afetado pela cheia com 20.905 pessoas de 4.181 famílias atingidas. A cidade, que fica no Sul do estado e banhado pelo Rio Purus, está em estado de calamidade pública. Humaitá (Rio Madeira) e outros quatro municípios do Médio Solimões  - Fonte Boa, Uarini, Alvarães e Tefé - estão situação de alerta.

Ao todo, 110.610 pessoas de 22.116 famílias foram afetadas pela cheia dos rios neste ano. Os dados são da Defesa Civil Estadual, que tem coordena a ajuda humanitária e assistências às vítimas. Já distribuídos 363 toneladas de alimentos não perecíveis, além de medicamentos, materiais para purificação da água (filtros e hipoclorito de sódio) e kit's dormitório (colchões, redes e mosquiteiros). Instituições públicas e empresas doaram parte dos mantimentos. O governo do estado repassou R$ 1.200,000 as prefeituras de quatro municípios.
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