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Sábado, 20 de abril de 2024

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Advogado pedirá nova investigação da morte da mãe de Bernardo

O advogado da avó de Bernardo Boldrini, Marlon Taborda, vai pedir a reabertura das investigações sobre o suicídio da mãe da criança, Odilaine, em 2010. O menino de 11 anos foi encontrado morto em uma cova em Frederico Westphalen, Região Noroeste do Rio Grande do Sul, em abril deste ano. Quatro pessoas estão presas suspeitas do crime.


Taborda foi motivado a fazer o pedido após a divulgação de um vídeo que mostra uma briga entre a criança, o pai, Leandro Boldrini, e a madrasta, Graciele Ugulini. As imagens foram recuperadas pelo Instituto Geral de Perícias (IGP) do celular de Leandro, como mostra reportagem do Bom Dia Rio Grande, programa da RBS TV.

"Me chamou a atenção que há uma confissão da morte da mãe do Bernardo. Em dado momento é dito para o menino 'Tu vai ter mesmo fim que a tua mãe'. Ora, Bernardo foi vítima de homicídio, logo a mãe dele também foi vítima de homicídio. E esta frase, ela se torna reveladora ao passo que é uma confissão que a Odilaine foi morta por alguém. Nos faz crer que realmente não ocorreu suicídio e que Odilaine foi vítima de homicídio", apontou Taborda.
Odilaine morreu em 2010 após se suicidar, conforme conclusão da polícia. Nas imagens, a madrasta fala para o menino que a mãe dele é uma "vagabunda". Leandro também critica a ex-mulher.

"Ah, Bernardo, eu fico com pena de ti… Com pena de ti, cara. Tua mãe te botou no mato. Deus o livre. Te abandonou", afirma Leandro. O menino responde aos dois revoltado. "Tomara que tu morra. Tomara que tu morra! E essa coisa [Graciele] que morra junto!", grita Bernardo.

O advogado de Leandro, Jader Marques, disse que o vídeo é de 2013 e mostra a realidade do conflito familiar difícil, mas nada que altere a situação da falta de provas da participação do médico no homicídio do menino e suicídio da mãe de Bernardo. O escritório do advogado da madrasta, Vanderlei Pompeo de Mattos, informou que não pretende se manifestar sobre o tema.

Vídeo
O vídeo começa com a sombra de Leandro no chão do quarto da casa onde a família morava, em Três Passos, na Região Noroeste do Rio Grande do Sul (veja o vídeo). O pai de Bernardo liga a câmera e passa para Graciele enquanto o menino grita por socorro de um outro cômodo. É possível ver o rosto do médico neste momento das imagens. A madrasta pega o celular e o ajeita na cama do casal.
É possível ouvir Bernardo em outro cômodo gritando por socorro por mais de três minutos. Em seguida, o menino se aproxima para pedir o telefone emprestado para "denunciar" o pai. Leandro chama a atenção, pedindo que Bernardo cuide a irmã, que está no mesmo cômodo. Depois começa a discussão entre o menino e a madrasta, em que ocorrem as ameaças.
Veja a transcrição
Bernardo: Socorro! Socorro! Socorro! Socorro! Socorro! Socorro!
Leandro: Vamos se acalmar. Vai para o teu quarto.
Bernardo: Socorro! Meu pai vai me agredir. Socorro! Socorro!! Socorro! Socorro! Socorro! Socorro! Socorro! Não! (...)
Leandro: Respeita a tua irmã, a Maria aqui…
Bernardo: Socorro, socorro! Eu vou contar... Vocês me agrediram!! Socorro, socorro, socorro. Meu pai me agrediu.
Graciele: Fecha a porta… (diz para Leandro)
Bernardo: Socorro! Socorro! Socorro! (...)
Eu quero denunciar, empresta o telefone, eu quero denunciar vocês! Empresta, quero denunciar!
Leandro: Aqui quem manda sou eu.
Bernardo: Eu quero denunciar, empresta!
Leandro: Ou tu entra, ou tu sai. E se entrar fala baixo.
Bernardo: Empresta o telefone agora! Empresta! Empresta o telefone. Empresta! Empresta o telefone agora! Tu falou que eu poderia denunciar, então empresta! Empresta!
Leandro: Tchê, a Maria...
Bernardo: Empresta! Empresta o telefone.
Graciele: Sim, tu quer o telefone emprestado para denunciar? (risos)
Bernardo: Sim! Empresta!
Graciele: Quer denunciar, te vira! Não empresto. Te vira!
Bernardo: Empresta!
Leandro: Cuidado a Maria aqui, rapaz! Escuta aqui ó, que bagunça é essa?
Bernardo: Socorro!!
Leandro: E fecha a porta, né?
Bernardo: As pessoas estão olhando…
Leandro: Viu?
Bernardo: As pessoas estão olhando…
Graciele: Vai lá, vai lá pedir socorro.
Bernardo: Vão vocês!
Graciele: Tu que tá pedindo! Tu que está gritando!
Leandro: Quem que começou a bagunça?
Bernardo: Vocês me agrediram, tu me agrediu.
Graciele: E vou agredir mais. A próxima vez que tu abrir a boca para falar de mim, eu vou agredir mais.
Leandro: Xingando ela. Ninguém merece ser xingado, né, rapaz.
Graciele: Eu vou agredir mais, eu não fiz nada em ti.
Bernardo: Fez sim. Tu me bateu.
Graciele: Tu não sabe do que eu sou capaz de fazer.
Bernardo: Tu me bateu.
Graciele: Tu não sabe.
Bernardo: Tu me bateu.
Graciele: Eu não tenho nada a perder, Bernardo. Tu não sabe do que eu sou capaz. Eu prefiro apodrecer na cadeia a viver nesta casa contigo incomodando. Tu não sabe do que eu sou capaz.
Bernardo: (inaudível) Queria que tu morresse
Graciele: Tu não sabe do que eu sou capaz. Vamos ver quem tem mais força. Aí nós vamos ver quem tem mais força.
Bernardo: Quando tu morrer.
Graciele: É, vamos quem tem mais força. Vamos ver quem vai para baixo da terra primeiro
Bernardo: Tu. Tu vai..
Graciele: Então tá, se tu tá dizendo.
Bernardo: Tu, tu vai…
Graciele: Vamos ver quem vai primeiro.
Bernardo: Coitada da Maria, vocês vão agredir ela aqui também! Vão sim!
Graciele: Ela está comigo.
Bernardo: Vão agredir ela depois…
Graciele: Ah, então tá.
Leandro: Ah, Bernardo, eu fico com pena de ti… Com pena de ti, cara. Tua mãe te botou no mato. Deus o livre. Te abandonou…
Bernardo: E tu traiu ela!
Leandro: Como é que ele tem isso na cabeça?
Graciele: É… Ela que andava com tudo que é homem aí, ó! Ela que era vagabunda, Bernardo!
Bernardo: Não era! Minha mãe não é vagabunda!
Graciele: Então vai perguntar para as pessoas da cidade o que tua mãe fazia! Pergunta!
Bernardo: Minha mãe não era vagabunda…
Graciele: Então pergunta para as pessoas o que tua mãe fazia com teu pai.

Leandro: Eu sei que tua mãe é o máximo para ti, mas simplesmente ela te abandonou.
Bernardo: Não, ela não me abandonou. Foi culpa tua, sim!
Graciele: Ela que pensou em matar teu pai.
Bernardo: Porque ele estava incomodando ela.
Leandro: Ela foi lá na vila com o cara, comprou uma 38 para ir ao consultório com duas balas. O que ia acontecer comigo?
Bernardo: Tinha que ter matado mesmo!
Leandro: E o que ia sobrar de ti?
Bernardo: Tinha que ter te matado!
Leandro: Mas o que eu tenho que ver, cara?
Bernardo: Tem de morrer!
Leandro: Tenho de pegar com minha vida por causa de gente à toa?
Bernardo: Sim!
Leandro: De gente que não presta?
Bernardo: Tomara que tu morra! E essa coisa [Graciele] que morra junto!
Graciele: Tu vai ir antes. Doente que tu está desse jeito…
Leandro: Quanta gente…
Graciele: Igual a tua mãe. Teu fim vai ser igual o da tua mãe.
Bernardo: Não!
Graciele: Então tá…
Leandro: Eu salvo uns quatro ou cinco todo dia, tiro as pessoas de dentro do caixão.
Bernardo: Não tira!
Leandro: Elas aparecem uma semana depois caminhando lá no consultório.
Bernardo: Não!
Leandro: Eu acho que tenho uma função nesse mundo…
Bernardo: De morrer, tem que morrer!
Leandro: Deixa que eu morro a hora que Deus quiser…
Graciele: É, a hora que Deus quiser.
Leandro: Não é pela tua boca.
Bernardo: Tu vai morrer.
Leandro: Me respeita!
Bernardo: Vou rezar para tu morrer.
Graciele: Então vai, te ajoelha.
Leandro: Tu vai ficar 20 anos rezando. Quanto mais tu rezar, pior vai ser. Mais eu vou durar.
Bernardo: Tomara que tu morra. (fala inaudível)
Leandro: O que tu falou?
Bernardo: Não te interessa!
Leandro: É, é… 'Froinha', que não é capaz de falar. Se fosse macho falava melhor!
Bernardo: Ó a polícia!!
Graciele: Vai lá então… Vamo, desce lá!
Bernardo: Não…
Graciele: Desce lá.
Bernardo: Tu me agrediu!
Graciele: Vai lá, Bernardo…
Bernardo: Tenho marca aqui… Tu me agrediu. Eu tenho marca aqui.
Graciele: Vai lá, Bernardo! Ô, cagão! Ô, cagão, desce lá, cagão! Cagou nas calças? Cagou nas calças?
Bernardo: Vamos…
Graciele: Como, vamos? Cagão, vai atrás do teu pai, vai lá, macho! Vai lá, cagão.
Bernardo: Meu pai me agrediu…
Graciele: Vai dizer, então! Vai! Cagão.
Bernardo: Tu me bateu, tu me bateu, tu me bateu. Tu me agrediu!
Leandro: Faço tudo para dar certo e a polícia chega na minha casa no sábado à noite.
Graciele: É, ahã.
Bernardo: Tu me bateu também…
Graciele: É um cagão mesmo! Agora vai atrás do papai. Cagão.
Bernardo: Tu me bateu, conta que tu me bateu...
(longo trecho em silêncio)
Leandro: E esse remédio aqui?
Bernardo: Tu vai me matar…
Leandro: Quantos quilos tu tem?
Bernardo: Não sei. (inaudível)
Graciele: Dá sessenta gotas…
Bernardo: Eu vou me matar… Eu vou... Eu vou me matar.
Graciele: Dá uma faca, Leandro!

(minutos depois)
Leandro: Você sabe o que está fazendo, você sabe…
Bernardo: Meu pai mandou eu te pedir desculpas.
Leandro: Você sabe o que está fazendo…
Bernardo: Eu quero me matar…
Graciele: Trouxa, retardado… Esse guri é louco, um retardado...

Entenda

Conforme alegou a família, Bernardo teria sido visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No dia 6 de abril, o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.

No início da tarde do dia 4, a madrasta foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. Graciele trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino.

O pai registrou o desaparecimento do menino no dia 6, e a polícia começou a investigar o caso. No dia 14 de abril, o corpo do garoto foi localizado. Segundo as investigações da Polícia Civil, Bernardo foi morto com uma superdosagem de um sedativo e depois enterrado em uma cova rasa, na área rural de Frederico Westphalen.
O inquérito apontou que Leandro Boldrini atuou no crime de homicídio e ocultação de cadáver como mentor, juntamente com Graciele. Ainda conforme a polícia, ele também auxiliou na compra do remédio em comprimidos, fornecendo a receita Leandro e Graciele arquitetaram o plano, assim como a história para que tal crime ficasse impune, e contaram com a colaboração de Edelvania e Evandro.

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