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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Pantaneiros

Afinal quem são os homens que fazem do Pantanal seus quintais?

O pantaneiro não existe em qualquer dicionário. Não é profissão registrada e constitucionalmente foi reconhecido há apenas dois anos (decreto presidencial nº 6.040) como integrantes das populações tradicionais do Brasil. Habitantes da maior planície alagada do mundo, fazem do Pantanal quintal e da simbiose com a natureza, meio de sobrevivência.


Calcula-se que esses homens e mulheres povoam o Pantanal há aproximadamente 200 anos, dedicando-se essencialmente à criação de gado. Muitos nunca foram à escola, mas mesmo sem estudar biologia e geografia sabem das chuvas do ano e do que faz nascer e morrer plantas e bichos da região.

À cidade, vão quase nunca, porém fartura na mesa não falta e copo vazio também não fica. A cozinha pantaneira é baseada em três elementos fundamentais: arroz, feijão, carne (de boi, peixe e caça).Para suportar a lida, uma dose de pinga no fim do dia é ritual quase sagrado.

Francisvaldo Cecílio Mendes, o Chaco, é pantaneiro, formado em turismo, tem casa em Cuiabá mas não abre mão de viver no Pantanal. Guia de turismo, ele diz que não consegue explicar o amor pelo local e deixa escapar que na cidade sente que todo dia tem cara de domingo. “Quando estou em Cuiabá, trato sempre de ir ao zoológico da UFMT. Gosto de ficar perto dos animais, sinto falta”, conta.

De família pantaneira, Chaco diz que gosta de contar para turista tudo que sabe sobre o habitat. Bastam alguns metros de caminhada ou cavalgada para o guia indicar pássaros, flores e pequenos crustáceos imperceptíveis para olhos apressados. De longe, ele avista cervos, tamanduás, tuiuiús e macacos, convidando quem o acompanha para uma ida “bem ali” para ver ou fotografar de perto.

Próximo à Transpantaneira é possível conhecer alguns desses homens que guardam o meio ambiente. Com cor de quem convive com o sol sem pudor, Gonçalo apareceu andando a pé por uma encruzilhada próxima à rodovia. Mostrava a fé em Deus, na camiseta vermelha de Espírito Santo. Economizando vocabulário, disse que ia buscar o cavalo “pra trazer os bois pro seco”.

Há também quem não tem raiz no Pantanal mas escolheu o bioma para chamar de casa. É o caso do engenheiro de origem húngara André Thuronyi, apaixonado e defensor do local ele dedica ao desenvolvimento do ecoturismo na região. “Não podemos ser considerado proprietários de nada. Do que seríamos donos? Das aves que voam no céu? Da terra que pisamos? Somos os guardiões temporários do Pantanal”, diz.

Às mulheres, conforme manda a tradição, é destinado o trabalho doméstico. Esposas, mães e donas de casa são elas que cozinham, limpam, lavam roupa e abençoam a ida e vinda dos peões. Dona Dezinha é pantaneira e cozinheira de uma pousada. Com um pé na cidade e outro no campo, Dezinha fala que gosta da rotina mas admite que a solidão entristece. "Ah, quando tem pouca gente por perto é triste, né?", declara.

Embora vivam isolados, na maioria das vezes por imposição das águas em épocas de cheia, os pantaneiros se visitam entre as fazendas. Cumprimentam-se com alegria e trocam impressões sobre chuva, rio, novilhas e pontes. Expressam-se sem poupar o uso de interjeições peculiares, quase criando um dialeto próprio.

O melhor amigo do pantaneiro não é o cão e sim o cavalo pantaneiro. "O cavalo é resistente, adptado à nossa região. Nos ajuda no trabalho, transporte. O cachorro não tem vez, para nós, o melhor amigo do homem é o cavalo pantaneiro", revela Chaco.

É o cavalo também elemento importante nos momentos de diversão. Os equinos dividem com os cavaleiros o protagonismo na competição de laço comprido. As regras são simples. O objetivo é laçar os bois. Ganha mais pontos quem prender o animal pelo chifre. Laçar pernas ou pescoço vale ponto a menos.

Os hábitos do pantaneiro e a paisagem em que estão inseridos podem ser vivenciados por meio do pacote Dia Pantaneiro, oferecido pela pousada Araras Eco Lodge. Além de passeios a cavalo e almoço típico, peões da região apresentam a tradicional prova de laço comprido.


Sabrina Gahyva viajou ao Pantanal a convite da pousada Araras Eco Lodge
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