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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Após mais de 30 anos, mãe reencontra filho pelo Facebook

Após mais de 30 anos, mãe reencontra filho pelo Facebook
Mais de 30 anos depois, a doméstica Elenita Nery Barbosa, 62 anos, de Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá (MT), reencontrou, através do Facebook e investigações em cartório, o filho caçula. Ele foi levado pelo ex-marido durante uma separação conflituosa, quando a criança ainda tinha apenas dois meses. O pai do bebê alegou que ia criá-lo por um tempo até a mãe se refazer, mas descumpriu a promessa e o entregou a uma família adotiva.


“Eu estava em situação muito difícil, financeira, trabalhava na roça. Nessa época já tinha outros quatro filhos para criar e achei que meu ex-marido fosse ficar com meu menino. Eu pensava assim: quando eu melhorar um pouco de situação, busco meu filho. Mas, quando isso aconteceu, fiquei sabendo que ele tinha dado a criança, sem a minha autorização, e não falava para quem. Isso para mim é roubar o filho”, reclama Elenita. “Explicaram que ele tinha ficado com muita raiva de mim porque eu quis me separar e resolveu me punir, dando a criança. Isso não é coisa que se faça.”

Essa é uma história marcada por lágrimas – antes de tristeza, agora, de alegria. Nesses anos todos, em todas as noites, Elenita, que é cristã, afirma que pedia a Deus para proteger o filho e dar a ela a oportunidade do reencontro, caso ainda estivesse vivo. A história começou a se desenrolar quando uma sobrinha de Elenita ficou sabendo para quem o pai havia dado a criança. A moça fez investigações em cartórios e depois achou o rapaz pelo Facebook.

Hoje, o filho que Elenita chama de “um homem feito” tem trabalho e família. O mecânico Fábio Borborema tem 34 anos e mora em Itaim Paulista, em São Paulo. “Minha sobrinha ligou na casa dele e quem atendeu foi ele. Ela pediu autorização para passar o telefone para nós e ele disse que sim. Nos falamos várias vezes pelo telefone, foi quando ele nos convidou para ir à casa dele”, conta a mãe. “Para conseguir dormir, tive que tomar remédio de tanta ansiedade. Sempre carreguei comigo essa culpa, que nem sei se é minha, mas queria muito ver meu filho de novo, muito!”

O reencontro aconteceu no Aeroporto Internacional de Guarulhos. “Já desci do avião chorando. Ele demorou um pouco para chegar. Minha filha Patrícia, que foi comigo, ligou, e ele alegou que o trânsito estava pesado. Agora você imagina a minha angústia, eu já estava achando que ele não vinha. Mas quando ele apareceu na minha frente, nem sei o que ele disse, só sei que nos abraçamos. Dias depois, ele falou para a mulher dele que fez de tudo para não chorar, porque ele é como eu: emotivo.”

Nos dias seguintes, Elenita conheceu não só a nora e três netos, mas também a mulher que criou Fábio. “Ele não podia ter uma mãe melhor, criou com muito amor. Deus ouviu minhas preces, se ele não poderia estar comigo, que pelo menos fosse bem cuidado, e foi o que aconteceu. Agradeço por tudo ter ocorrido dessa forma.”

A irmã de Fábio, Patrícia Barbosa, 32 anos, assistente social, lembra bem da mãe lamentando por toda a vida da ausência do filho. Patrícia, que hoje também é “uma mulher feita”, viveu esses momentos de dificuldade, inclusive alimentar, ao lado da mãe e dos outros irmãos. "Minha mãe sempre falou nele e eu tinha muita vontade de conhecê-lo e, nossa, foi lindo o reencontro!”, destaca Patrícia. “Eu e ele nos encontramos, porque eu tenho mais irmãos, mas senti que ele é uma metade de mim que faltava. Nos demos super bem. Desde o primeiro momento, eu o reconheci como irmão.”

Família é de Vitória da Conquista (BA)
Essa história é longa e começa em Vitória da Conquista, na Bahia, onde Elenita morava, quando era casada. “Mas não deu certo, ele me tratava muito mal”, conta ela, se referindo ao ex-marido, que ainda hoje vive no interior da Bahia.

Ela conta também que, com a separação, resolveu ir embora, com os quatro filhos, para a casa do pai, que fica em Mundo Novo, uma cidade a cerca de três horas de viagem. “Quando entrei em contato, fiquei sabendo que ele (ex-marido) tinha dado a criança”, relembra.

Depois disso, Elenita, os dois filhos e as duas filhas foram tentar melhorar de vida em Salvador, mas passaram ainda mais dificuldade. “Chegamos a ficar quatro dias sem nada para comer. Isso foi logo que eu cheguei e, mesmo quando comecei a trabalhar de doméstica, em casa de família, faltava as coisas, porque o dinheiro era pouco. Só tínhamos comida 15 dias.”

Os filhos cresceram e começaram logo a trabalhar para ajudar em casa. Na década de 90, um dos 24 irmãos de Elenita a convidou para morar em Várzea Grande, onde ele já vivia há anos. “Já mudei com emprego certo. Os patrões inclusive pagaram a passagem”, conta.

“Mas nunca esqueci meu filho, sempre lembrando e chorando e rezando e pedindo a Deus para me dar a oportunidade de encontrá-lo”. No fim do mês de maio, veio a notícia da sobrinha.

Elenita continua sendo doméstica e não tinha dinheiro para viajar e reencontrar o filho, mas pediu emprestado. “Ainda vou pagar a passagem”, conta, rindo, sem se importar muito com isso. “Foi na promoção e vou dar um jeito, porque agora estou completa.”

Na casa do filho caçula, foram vários dias de descobertas. Fábio percebeu, por exemplo, de quem puxou o formato do pé, os olhos e o biótipo como um todo. Na despedida, nesta quinta-feira, no mesmo Aeroporto Internacional de Guarulhos, Fábio, que quando nasceu se chamava Marcelo Babosa, por fim, não conseguiu mais segurar o choro. “Ele me disse: eu te amo”, conta a mãe. No final do ano, quem vai para Várzea Grande é Fábio e a família.

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