A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do caso Cachoeira vai prorrogar os trabalhos por tempo indetermonado para dar continuidade às investigações a membros da organização criminosa responsável por acumular um patrimônio de mais de R$ 76 bilhões.

A decisão foi tomada nesta terça-feira (16.10), por unanimidade, pelos membros da CPI Mista depois de forte pressão da opinião pública e da publicação de reportagem no jornal Folha de São Paulo de que estaria sendo costurado um acordo entre governbo e oposição para a suspensão dos trabalhos.

A prorrogação atende a pedido dos senadores Pedro Taques (PDT-MT), Randolfe Rodrigues (Psol-AP), que defendem mais 120 dias para conclusão dos trabalhos. Os senadores argumentaram que existem mais de 500 requerimentos para serem apreciados. Uma nova reunião foi marcada para o dia 30 de outubro para a definição dos novos prazos.

"Na semana passada, iniciamos um movimento para coletar assinaturas pedindo a prorrogação. Falta muita coisa para comprovarmos o alcance da organização de Carlinhos Cachoeira e suas relações com a empreiteira Delta. Agora, defendo mais 120 dias para avançarmos nos trabalhos", afirmou Pedro Taques. Para ele, a CPI não deve ser concluída em 2012.

Mas conforme apurou o Olhar Direto em conversa nos bastidores, o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG) já tem o relatório pronto e não teria mais interesse em incluir nenhuma novidade significativa. Na semana passada ele já havia revelado que já possuia elementos suficientes para produzir um relatório

Ainda segundo as mesmas fontes, o temor dos governistas é o de expor as ramificações da empresa Delta em obras federais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e também naquelas executadas em estados parceiros do governo federal, como Rio de Janeiro e Mato Grosso.

De acordo com o presidente da CPI, senador Vital do Rego (PMDB-PB), no dia seguinte à reunião (31.10) devem ser analisados os requerimentos pendentes. A coleta das assinaturas dos parlamentares pra prorrogar a CPI também deve iniciar neste dia.O prazo final da Comissão é o dia 4 de novembro. Sua prorrogação depende das assinaturas de um terço dos integrantes da Câmara e do Senado - 171 deputados e 27 senadores.

Segundo informações da assessoria de imprensa do senador Pedro Taques, o parlamentar é um dos autores dos pedidos, ainda não apreciados, de convocação de testemunhas, quebra de sigilo, compartilhamento de dados e de informação sobre endereços que identificam computadores de empresas supostamente ligadas ao grupo de Carlos Cachoeira.