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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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febre do ouro

Economia de Pontes e Lacerda cresce mais de 700% em alguns setores e prefeito defende garimpo

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

Economia de Pontes e Lacerda cresce mais de 700% em alguns setores e prefeito defende garimpo
A economia de Pontes e Lacerda (448 km a oeste de Cuiabá) está aquecida nos últimos 15 dias, desde a descoberta de ouro na Serra do Caldeirão, a cerca de 20 km da cidade. Alguns setores da economia do município de 42 mil habitantes registraram aumento de mais de 700% nas vendas – é o caso do comércio de veículos. Uma concessionária de carros pulou de quatro veículos vendidos por mês para 35 desde a abertura do garimpo. A venda de alimentos e água também está em alta.


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“Interessante é o ganha-ganha. Há muito comércio de espetinho, água gelada, bolo e pão no garimpo. A economia do município está movimentada. Só para você ter uma ideia, uma loja de carros vendia 3 ou 4 por mês e este mês já vendeu 35 carros. Também aumentou muito a venda de motos. Os comerciantes falam que tem gente com conta antiga que resolveu pagar. Os hotéis estão todos lotados. Restaurantes estão cheios. Ferramenta não tem mais, estão trazendo de fora”, relatou o prefeito do município, Donizete Barbosa (PSDB), à reportagem do Olhar Direto.

Ele admitiu, por outro lado, que outros setores da economia menos interessantes para o poder público também estão em alta – é o caso da prostituição. Entre os problemas relatados por Donizete está também o aumento do número de acidentes. “Começou a prostituição lá dentro do garimpo. Já tem barraquinhas com a luzinha vermelha. Isso é muito ruim para a situação que existe lá hoje. Mas o grande problema é o trânsito. No ir e vir da estrada, muitas pessoas imprudentes, correndo. Já teve vários acidentes”, observou.

A descoberta de veios com ouro com 99% de pureza atraiu diversos moradores do município à Serra do Caldeirão. Apesar de a população no garimpo ser flutuante, a estimativa é que mais de 2 mil pessoas estejam perfurando o morro. Dessas, não mais que 500 vieram de fora da cidade, segundo estimativa do prefeito. Com a economia aquecida e diversos moradores trabalhando na extração de ouro, Donizete defende que o garimpo seja mantido em formato de cooperativa, para beneficiar a população da cidade.  

“Defendo o garimpo com unhas e dentes. Desde que seja legalizado e sem ilícitos, com um projeto de exploração que tenha respaldo ambiental, segurança e controle. Do jeito que está lá hoje é perigoso desbarrancar e ter um acidente. E sou contrário a deixar nas mãos de uma mineradora. Sabemos que existe um pedido de licença de uma empresa para usar o subsolo do local. Mas a licença está em fase de análise ainda, desde 1991”, disse.

Todo o ouro retirado até hoje da Serra do Caldeirão é ilegal, já que nenhum dos “garimpeiros” tem licença do Governo Federal para explorar o minério. Além disso, trata-se de uma área de preservação permanente (APP) que fica entre dois assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O Ministério Público Federal (MPF) entrou com ação na Justiça Federal em Cáceres pedindo a desintrusão da área de garimpo, e o suporte da Polícia Militar, Exército e Polícia Federal para pôr fim a toda atividade de extração de ouro no local.

“O ouro é ilegal. Se alguém for pego pela Polícia Federal com esse ouro, em qualquer lugar, ele é requisitado. O subsolo é propriedade da União, e sem licenciamento todo esse ouro é ilegal. O MPF já requisitou integração de posse devido à usurpação do minério, que é da União. Agora aguardamos a decisão da Justiça Federal”, disse o prefeito Donizete.

A situação é ainda mais complicada porque tramita no Departamento Nacional de Produção Mineral um pedido de licença feito pela empresa Mineração Tarauacá Indústria e Comércio S.A. na área, englobando 571 hectares.O Gabinete de Comunicação (Gcom) informou, ainda, que obteve junto ao departamento informações que a Mineradora Santa Elina requereu em 1991 autorização para realizar pesquisa em uma área de cerca de 6 mil hectares, mas ainda não obteve a autorização.

Ajuda estadual

Para ajudar na organização do garimpo e dos serviços públicos, e evitar o caos, o prefeito pediu ajuda ao governador Pedro Taques (PSDB). Em reunião na manhã desta quarta-feira (14), no Palácio Paiaguás, Donizete expôs sua preocupação com os moradores do município que estão garimpando ouro. O governador enviou equipes da Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) a Pontes e Lacerda, e aguarda um diagnóstico da situação do local.

Após, ele vai traçar um plano de ação para coibir a extração de ouro de forma irregular no local e auxiliar o município na oferta de serviços públicos. O prefeito solicitou, ainda, que o governador intermedeie uma “mesa redonda” com representantes dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) nas três esferas (municipal, estadual e federal), para discutir uma solução para o garimpo.

“Vamos precisar de ajuda do governo, por isso a ida deles a Pontes e Lacerda para ver a situação do município é importante. Não existe o caos hoje. A cidade está tranquila. Não tem problema de saúde, estamos dando conta. Mas não sabemos a dimensão que esse garimpo pode tomar, devido à chegada de muitos forasteiros. Creio que hoje tem umas 500 pessoas de fora”, explicou Donizete.

“Eu gostei da fala do governador: ele é favorável à criação de uma cooperativa. Agora eu preciso que o Governo do Estado entre na questão, e todos juntos, vamos sentar na mesa para resolver de fato essa situação”, completou.
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